Assim, num país chamado de Delícias Mil havia dois casais
tradicionais.
O primeiro casal era composto
pelo senhor Escavacado Loulé da Silva
e sua esposa D. Mariínha de Belém.Ele tinha sido um quadro (não miró) superior de um banco central (muito central para amigalhaços) e com várias tenças provenientes de outras profissões afins.
Ela fora uma prof de um qualquer externato situado algures na capital do referido Reino.
Os dois foram padrinhos de casamento de um casal muito falado na época.
Ele chamava-se Passos Luso Toca do Coelho e a sua afro
consorte era conhecida por D. Nação
Lusíada.
Ele, mocetão agridoce, cheio de espavento e sobranceria
dava-se ao devaneio de esbanjar muitos milhões de pecúlios (nome da moeda oficial do seu país),
mormente com limusinas anfíbias para passeatas com o seu amigo de peito de seu
nome El Paulito Doors e mais os seus almirantinhos
de águas mansas.
Imaginem: só numa revisão de
uma dessas submarinais máquinas de luxo o país das Delícias Mil terá dispendido ou vai gastar qualquer coisa como cinco milhões de pecúlios.
A sua excelsa esposa, a D. Nação Lusíada, sem profissão
determinada, começou a ter frequentes visitas de homens de fora, providos de bons cabedais.
E ela, empaliando o seu
maridinho, sereiamente lhe
sussurrava, que tais cavalheiros vinham ao doce lar apenas para fazerem uma avaliação aos pertences que tinham em
comum, a fim de contraírem um empréstimo.Ao todo, parece-me que sonhei que foram dez ou pouco mais de dez avaliações.
Os filhos,
fartos de serem seriamente dizimados nas
suas merecidas mesadas, puseram-se ao fresco, saindo de casa, como o paizinho já tinha ameaçado.
E, nisto, o despertador
tocou, e o sonho tido acabou, ou com a tal insónia, ele continuou?
José Amaral
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