Há dias, um jornalista do JN entrou em contacto comigo disponibilizando-se para divulgar o I Encontro Nacional dos Leitores. Escrevi-lhe este modesto texto para contextualizar o evento. Partilho-o convosco, até porque não quero que, entretanto, se esqueçam dele!!
Os leitores de jornais vão encontrar-se no próximo dia 22 de Março, no Inatel de Coimbra, pelas 11 horas.
O encontro foi pensado, em primeiro lugar, para os chamados «leitores-escritores de cartas», mas está aberto a todos os outros cidadãos que gostam e têm por hábito ler jornais.
Pretende-se que seja uma reunião descontraída de pessoas que têm algo em comum: a necessidade e o gôsto de ler notícias, de escrever sobre elas, de participar, partilhar, comunicar, pensar o pais e a vida... Que é o mesmo que dizer um encontro de cidadãos livres que querem melhorar as «coisas» e a si mesmas...
Desejamos ainda que este encontro tenha como pilares a alegria, a fraternidade, a tolerância, a partilha e a democracia!
Um dos motivos por que fiz o convite à comunidade dos leitores-escritores de cartas (directamente - por email-, ou através do PÚBLICO/ DN e outros ) é a constatação de que, na sociedade em que vivemos, comunicamos cada vez mais virtualmente e a passos largos de comunicar cada vez menos olhos nos olhos, ouvindo a voz do outro, num contacto mais humano.
Quando escrevemos para os jornais estamos a dar a ouvir a nossa «voz» ('Faça-se Ouvir', apela a Notícias Magazine) mas não é a mesma coisa. Quando ouvimos, efectivamente, a voz - o seu timbre, o gaguejar de alguns, a sua suavidade ou a sua aspereza- , que se liga à pessoa e à respectiva escrita, como que já fazemos encontro... tornámo-nos mais próximos... toleramos mais, aceitamos melhor a sua opinião - tantas vezes contrária à nossa. O encontro com os outros, presencialmente, fisicamente, é uma experiência sempre enriquecedora, encantadora.
Cumprimentaremos de abraço ou aperto de mão aqueles que nos habituamos a ler no Espaço Público /Cartas do Leitor, etc., e que não passam (ainda) de cidadãos que se expõem ao revelarem o seu pensamento (e já é muito), o seu nome , a localidade e , em alguns casos, o endereço electrónico.
A verdade do leitor-escritor não está toda no que escreve. Há muito a desvendar, muitas histórias, muitas experiências, nesta grande comunidade de leitores-escritores que parece estar a aumentar, sinal dos tempos (?).
Naturalmente que a nossa apetência ou tendência para a escrita conduz a que neste encontro se farão ler e ouvir breves comunicações, previamente preparadas pelos participantes, que aflorarão temas como o contributo destes cidadãos para a discussão dos problemas da vida nacional e internacional; os motivos que os levam a escrever; causas e valores que defendem; etc.
Teremos ainda um momento em que o Dr. Fábio Ribeiro (Universidade do Minho), que analisou as Cartas do leitor do JN na sua tese de doutoramento, nos revelará o olhar dos investigadores (área da Comunicação e Sociedade) sobre nós, os leitores-escritores de cartas.
Leitor: aqui fica o convite. Não precisamos de muita coisa: basta que venha.
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