Uma expressão muito usada, que de certo modo propõem por
água na fervura, e dar uma certa acalmia, numa qualquer questão maior ou menor,
é- “ a mim já nada me surpreende”. No
entanto no JN, há por lá uma mão escondida, que não sendo a de Deus, mete golo maradonesco quando puxa da pena e
ajeita no Espaço do Leitor, as “cartas/opinião” que lhe são enviadas com a
intenção de terem aprovação e publicação no jornal de âmbito abrangente de
norte a sul do país. Sem as desfazer nem roubar-lhes a alma toda, que o autor bem intencionado lhe quis dar, fazê-la
correr e a saber ao próximo, a tal pena
sem rosto intromete-se, e obedecendo ao critério da síntese e da
estética(!), provavelmente, elimina ou encurta aquilo que extravasa a
originalidade primeira, e formata-as e molda-as ao seu gosto, aligeirando-as.
Não se poderá falar de tesoura, ou de lápis azul, o que essa pena sem rosto anda a fazer por dentro
da redacção e naquele Espaço de Opinião popular. Mais cedo, ou mais tarde para “desespero
nosso”, elas lá vão sendo estampadas no jornal, e nós embevecidos como crianças
que acabam de receber uma prenda em dia especial, sentimos, e reflectimos se a
operação a que o “texto” enviado foi sujeito, perdeu ou ganhou nesse jogo que
terá que obedecer ao regulamento que desobriga a qualquer explicação por parte
de quem manda no jornal. E se umas vezes tal intervenção é por nós aplaudida,
outra há em que sentimos invasão de propriedade e violação. Porém, e para grande alegria minha, sempre concluímos
que afinal ainda há coisas que nos
surpreendem, pois de forma geral nunca a nossa opinião foi severamente
desvirtuada, e quantas vezes ela até ganhou melhor cara e mereceu longínquos e
anónimos elogios, que devem ser partilhados entre nós e a estranha “pena sem rosto”, que se oferece sem aviso prévio, para lhes dar
um corpinho mais encaixável no Espaço que lhe está reservado. E isto não é um piropo ao JN, já que a partir da
legislação que entrou em vigor, estou proibido de o fazer!
Eu tenho entendido essas "tesouradas"como forma de criar espaço para mais um; mas às vezes, realmente, a coisa fica um pouco coxa...
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