"Em matéria de governação, a realidade acaba sempre por
derrotar a ideologia". "A governação ideológica pode durar algum
tempo, faz os seus estragos na economia, deixa facturas por pagar, mas acaba
sempre por ser derrotada pela realidade."
Esta opinião é do Presidente da República (PR), expressa no
dia 22/12/2015, no Conselho da Diáspora.
Há lá algo mais ideológico do que isto?
Sim, porque a (suposta) negação da ideologia política (no
sentido de, pela Política, a economia ser, como deve ser, um instrumento do
desenvolvimento humano e social, da concretização dos direitos sociais, das
condições de vida de trabalho das pessoas e das famílias e, portanto, da
evolução da sociedade), acaba por ser a afirmação da ideologia dos
"mercados", do tal “pragmatismo” assente na omnisciência,
omnipresença e omnipotência da sua “mão invisível” (no sentido de,
concretamente, também pela "política", as pessoas, a sociedade, serem
o que não devem ser – como, por exemplo, com o apoio deste PR, o foram nestes
últimos quatro anos -, instrumento dos interesses dos “mercados”).
Sim, há lá algo mais ideológico que o “pragmatismo” de
alguém para quem, durante 20 anos, teve como (quase) única “palavra-chave” a
“competitividade”, esquecendo-se “pragmaticamente”, de “ideologias” concretas e
concretizadoras do desenvolvimento humano e social (saúde, educação, justiça,
solidariedade e igualdade social, direitos sociais)?
Sim, há lá algo mais ideológico que uma governação (e, mais
grave, uma presidência da República) assumida, “pragmaticamente”, com uma
descarada parcialidade partidária, logo, … ideológica?
Mas, felizmente, a realidade é que este ideólogo da
“desideologização” se vai embora dentro de três meses, “pragmaticamente”
derrotado pela Constituição da República Portuguesa.
Daí que o sr. Cavaco Silva, fazendo jus ao que consta sobre
os seus predicados (“nunca se engana e raramente tem dúvidas”), sim senhor(a),
tem a sua razão: "a governação (e a presidência) ideológica acaba sempre
por ser derrotada pela realidade".
Para além dos riscos da “governação ideológica”, talvez
devesse ter mais em conta os riscos para os quais alerta um conhecido provérbio
beirão: “Nunca cuspas para o ar, porque o cuspo te pode cair na cara”.
João Fraga de Oliveira, Santa Cruz da Trapa
Mas é impressionante que aquele que o "povo" se prepara para colocar no lugar que esta figura execrável vai deixar não é muito diferente... É, sem dúvida, muito mais inteligente e culto, mas é um homem de Direita, o que, a meu ver, deveria ser suficiente para o pormos a milhas do cargo de presidente da República. Tenho bem presente que, como comentador, sempre que se via constrangido a criticar os "seus", o fazia com um visível esgar de desconforto... E, como líder partidário, apresenta como grandes feitos ter impedido a regionalização e o fim da negociata das abortadeiras clandestinas. E se este último problema já foi resolvido, a regionalização continua no "bolso" dos centralistas.
ResponderEliminarBem observado amigo Górgias!é raríssimo encontrar-se agora quem diga bem de Cavaco. Parece que toda a gente o abomina. E é, precisamente como diz, o seu candidato que este mesmo povo vai eleger.Dizia aqui há dias uma amiga que o povo já não vai em histórias da carochinha. Pois não! Vê-se! Diz-se na minha terra que todo o burro come palha. É preciso é saber dar-lha.Ou seja, a "palha" Marcelo é mais atraente, mais apetecível, que a "palha" Cavaco, mas não deixa de ser palha.
ResponderEliminarMuito oportuno Caro Joáo. E ainda bem que o ocupante de Belém vai ser substituído nesre primeiro trimestre de 2016. Este ainda PR NÁO FEZ O LUGAR....bem pelo contrário....
ResponderEliminarUm abraço do
Augusto