PERIGO
NOS HOSPITAIS PÚBLICOS!
A
recente tragédia ocorrida no Hospital S. José, em que o jovem David Duarte
de 29 anos perdeu a vida, porque numa situação de urgência teve de esperar que
o fim de semana acabasse para ser operado, é de bradar aos Céus. Não pelos
mesmos motivos que a opinião pública e publicada tem referido "ad
nauseam". Não é perguntando ao ex-ministro Paulo Macedo sobre os cortes
orçamentais que teve de fazer. Não é transformando esta tragédia em arma de
arremesso político, como infelizmente é norma em Portugal. É fazer tudo para
que no futuro, nunca mais aconteça isto, mesmo com os inevitáveis cortes
orçamentais. Em primeiríssimo lugar, é uma tremenda falta de ética e
solidariedade humana, saber-se de ciência certa que um doente vai morrer numa
Urgência hospitalar, porque não quisemos (ou pudemos) incomodar um médico e
chamá-lo para salvar uma vida humana, mesmo que isso tenha custos financeiros.
Recuso-me a acreditar que em orçamentos hospitalares de muitos milhões de
euros, uns quantos milhares para salvar vidas humanas não possam ser gastos.
Nem que se tivesse de cortar em cantinas, refeitórios, papel higiénico,
tudo teria de ser feito para acomodar situações de vida ou de morte nas
urgências. E essa competência é das administrações hospitalares, nunca do
ministro. E finalmente, mas não menos importante, é preciso acabarmos com as
"capelinhas" e desenvolvermos uma verdadeira complementaridade entre
os hospitais públicos e privados. Claro que é indispensável que o Estado,
titular do SNS seja uma pessoa de bem, e pague na hora os seus
compromissos. Quando num caso destes, o hospital público não tem médico
especialista na urgência e um outro privado o possui, na organização da
assistência médica, o doente, numa situação de urgência grave, deveria logo ter
sido transferido para a unidade privada e o SNS que pagasse a conta. No século
XXI, com as comunicações tão fáceis e a Internet em todo o lado, não se afigura
difícil este planeamento na assistência. E o seu custo não seria com certeza
superior ao do praticado no hospital público. Que estas perdas de vida não
tenham sido em vão, e os responsáveis hospitalares e os políticos que os
dirigem, saibam fazer o seu trabalho de uma vez por todas, que é salvar vidas,
sendo solidários e eficientes e não frios burocratas.
OBS. Este artigo foi publicado no semanário EXPRESSO, na sua edição de 31/12/15.
Foi também publicado, na íntegra, no jornal PÚBLICO na sua edição de 2/1/16.
As pessoas sensatas e atentas vão verificando as diversas anomalias que decorrem no palco onde se representa a vida diária do nosso país. Algumas manifestam o seu acordo ou desacordo com as ocorrências, mas, pelo o que a experiência nos diz, ninguém a nível superior administrativo lhes liga qualquer importância, pois para os políticos e decisores o que para eles é "peixe miúdo" não merece muita atenção. Os médicos vão continuar a seguir a linha da Ordem, os administradores da Saúde seguirão cegamente o que os dirigentes lhes encomendam e quem precisa continua de mão estendida. É o Portugal que temos e para o qual contribuímos, uns por acção, outros por omissão. Contudo, esperemos que consigamos sair desta letargia e construir um mundo melhor.
ResponderEliminarAmigo Joaquim (se posso já tratá-lo assim), concordo em absoluto (como quase sempre, aliás). São as "capelinhas", próprias de um Portugal pequeno e não o Portugal "d'além mar", que já fomos antes. Neste dia especial, desejo-lhe a si e aos restantes companheiros desta jornada na "Girafa", um muito BOM ANO de 2016, com felicidade, Saúde e Paz.
EliminarSempre optimista e moderado o amigo Tapadinhas. No entanto, como um disparo certeiro: " É o Portugal que temos e para o qual contribuímos, uns por acção, outros por omissão".
ResponderEliminarSem dúvida!
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