Os bons, os maus e os
parvos
A crise mais evidente que se manifesta no nosso país é uma crise de bom
senso. O bom senso evaporou-se e não condimenta a política nacional.
Numa observação, um pouco
aligeirada, podemos encontrar três categorias comportamentais na vida social
dos portugueses. Nos políticos, os bons e os maus.
Os bons, são quase todos os do
“nosso partido”, embora admitamos que não há regra sem excepção e, por isso,
porque são do nosso partido, lhes perdoamos as falhas, mesmo que essas sejam
montanhosas.
Os maus, são os dos outros
partidos que estejam em condições de concorrerem aos cargos que nós desfrutamos
ou almejamos e que são responsáveis pelos nossos inêxitos.
Nos civis, isto é, na parte da
sociedade que não ocupa cargos políticos, temos os parvos, que segundo a
definição da Ana do fiel amigo, são a geração “nem, nem”, que, agora, nem
trabalha nem estuda e que, na opinião da intérprete, estudaram para serem
escravos.
Se atentarmos numa extensão mais
alargada, temos um número complementar de outros parvos que trabalham ou
trabalharam para manter toda esta representação, que, por vezes, chega a
parecer surrealista.
O governo, com um
primeiro-ministro daltónico, vê tudo cor-de-rosa e não reconhece as nuvens que
estão há muito no horizonte, nem a má situação real do país.
Uma diversificada
oposição, sem rumo nem estratégia, que brinca com a governação de um país, como
as crianças brincavam às casinhas, e que espera sentada o milagre da queda do
governo.
A Assembleia da República, para
além de outros serviços que presta à Nação, é também um espaço de queixinhas,
onde o primeiro-ministro e o governo, quinzenalmente, vão vangloriar-se das
grandes medidas tomadas para a felicidade do povo, contrariadas pelas bancadas
da oposição, que raramente reconhecem mérito em tais afirmações.
E assim vão decorrendo os dias na
gloriosa pátria de Camões.
Uns, os que sofrem as consequências da incompetência instalada, são
pessimistas.
Outros, os que gozam dos
benefícios do poder, são optimistas.
Os realistas, apenas comprometidos com a sua consciência e o dever de
cidadania, não são ainda em número suficiente, mas, para bem do futuro de
Portugal, em breve serão uma maioria lúcida que, entrando pelas avenidas do bom
senso, conduzirão o país a um estado em que nos sintamos cidadãos de corpo
inteiro.
Joaquim Carreira
Tapadinhas - Montijo
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