Com a globalização, que tem sido mais económica e financeira
do que política e ideológica, os conceitos de direita e de esquerda que tão bem
se defenderam entre os anos 50 e 70 do século XX, hoje, estão definhados.
E usa-se o termo mais para denegrir o outro, quando se sabe
que ele/ela pensa de forma diferente de nós, mas não se vai ao cerne da
questão, dado que isso dá muito trabalho e muitos nem sabem do que se trata.
Colam umas fi guras ou uns figurões à direita e à esquerda e está feito.
Talvez, modernamente, tenhamos de nos deixar de slogans e ir
ao passado não tão longínquo repescar o conteúdo de termos, reformulá-los aos
dias de hoje e debatê-los com lealdade, transparência e menos agressividade.
A direita sempre defendeu mais o indivíduo, a nação, a
soberania, menos Estado, menos impostos, menos distribuição de rendimentos,
mais ricos, mais privado e menos público, menor regulação. Por contraponto a
esquerda não comunista, dado que essa é estranhamente diferente, defendeu, e
bem, o social, o colectivo, o global e solidário, mais Estado, mais impostos e
mais distribuição de rendimentos, mais público no fundamental, mais liberdades
e mais regulação.
Tanto direita como esquerda, sempre foram e são a favor da
propriedade privada, quer de imóveis, quer de meios de produção, de lucro e
rendimento. Claro que a direita sai excessivamente do Estado, entregando tudo
aos privados, e a esquerda tenta, e bem, conservar e gerir não para o lucro
tudo o que seja de utilidade pública, e tudo o que possa gerar monopólios
privados, mas proclama em simultâneo a propriedade privada.
A direita é por norma contra o aborto, o testamento vital, a
morte assistida, ao contrário da esquerda, que é a favor.
Hoje, estamos todos um pouco disfuncionais também nestas
áreas, nestas definições, e na aplicação do que elas ao tempo de hoje podem ser
e conter.
E deveríamos gastar todos muito mais do nosso tempo com isto
do que com banalidades, o
disse-que-disse-mas-afinal-não-disse, com a maledicência,
com reality
shows, com coisas muito superficiais, muito passageiras, e que não
nos ajudam a ter futuro.
Será possível? (...)
Augusto Küttner de Magalhães
(Público, 21.12.2015)
Porto
Essa da direita defender a soberania, deve ser para nos rebolar-nos a rir, não é verdade Sr. Augusto? Portanto, direita/esquerda são "banalidades". A melhor forma de desvalorizar-mos uma coisa, é retirar-lhe importância, banalizá-la...
ResponderEliminarNáo comento.
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