OS QUATRO
CAVALEIROS DO APOCALIPSE
Será que a
alegoria dos Quatro Cavaleiros – a Peste, a Guerra, a Fome e a Morte consegue
enquadrar a multiplicidade dos problemas que se colocam à Humanidade no tempo
actual ?
A PESTE – O
primeiro Cavaleiro que levava um arco para prosseguir e manter novas vitórias,
muitas destruições. Encaradas durante séculos como castigo divino, as epidemias
assolaram o mundo em vagas sucessivas. Pese embora os laços de solidariedade
pontualmente desenvolvidos em socorro dos doentes, estes sofreram e continuam a
sofrer um fardo.
A lepra,
flagelo milenar, a peste negra, que grassou na Europa dop séc. XIV, ou a cólera
do séc. XIX têm o seu equivalente actual na sida. Para além desta nova peste e
apesar dos incontestáveis avanços nos cuidados de saúde, persiste ainda uma
forte mortalidade infantil, sobretudo entre a miltidão de excluídos dos países
mais pobres.Outra das “pestes” actuais é a droga, cujo tráfico mobiliza
múltiplos interesses e contribui para o incremento dos mais diversos conflitos
locais.
A GUERRA –
Longe das invasões pontuais da Europa pelos povos do Norte, a guerra moderna
envolve toda a sociedade e mobiliza todos os recursos. A guerra, que se tornou
hoje no monstro da guerra total e potenciada pela impessoalidade crescente das
guerras actuais, quando governar se tornou um exercício com o dedo no
gatilho.São os genocídios, os refugiados, os anexados, os absorvidos, os
deslocados, os epifenómenos das fragmentações, da activação dos conflitos
regionais, das tentações das purezas étnicas, das novas formas de hegemonia.
A FOME – A
balança pende certamente para um só lado, exprimindo a desigualdade no acesso
aos recursos, a espiral da pobreza que inclui todas as desigualdades e descriminações.
Fenómeno mundial e de todas as épocas, embora com variações acentuadas, a fome
e o debilitamento não são apenas condições esporádicas confinadas a certas
conjunturas espaciais e temporais.
Apesar da
produção cerealífera nos últimos anos permitir alimentar os cinco biliões de
habitantes da Terra, a distribuição dos recursos permanece desigual e só se
agudiza através de novas estratégias que incrementam as relações de
dependência, com o fiel da balança a pender para um só lado.
A MORTE – Sempre
aterradora, dependente do sentido de impotência do Homem perante o seu próprio
fim. A morte, como perda do valor fudamental da vida humana em si mesma,
questionado pelos desafios que a biotecnologia coloca, pela exclusão social,
pelo ostracismo, pela dessocialização. Mas certamente mais fúnebre ainda se
perspectivada como o fim da própria espécie, ameaçada pelo desastre ecológico
global.
NOTA –
Respigado de um artigo da socióloga Maria José Stock e transcrito por
Amândio G.
Martins
Sem comentários:
Enviar um comentário
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.