A recente entrada em cena de José Sócrates numa função eufemìsticamente chamada "comentador político", faz-me reflectir no papel destes "estertainers". Refiro-me apenas aos da TV e com ligações aos partidos. Acho-os não só inúteis como até perversos para a democracia porque em vez de chamarem a nossa atenção para o aprofundamento da democracia representativa e para os problemas sociais interessantes, e de nos envolverem na sua discussão, adormecem-nos com a politiquice; isto não é Política.
A evolução da democracia representativa não culminou em nehuma das suas variantes actuais, nem mesmo no modelo sueco, que é o mais avançado. Desde a democracia directa da Grécia Antiga (imperfeita) até às democracias representativas dos nossos dias (também imperfeitas), há uma vastidão de temas para discutirmos e melhorarmos porque são as suas pedras angulares: - a Constituição, os Partidos Políticos e a Lei Eleitoral, de que dou como exemplos a abertura da Constituição a alteracões propostas pelos cidadãos, a eliminação do financiamento dos Partidos pelo Estado, a criação de círculos eleitorais uninominais. Junto-lhes os seguintes temas sociais globais: - a iníqua distribuição da riqueza, o conceito e os limites da propriedade privada e o modelo de organização económica, para que a "igualdade de oportunidades" no acesso à Justiça, Educação, Saúde não sejam meras figuras de retórica como ainda são.
Destes temas, os "entertainers" fogem como o diabo foge da cruz porque não têm preparação intelectual para os aprofundarem e porque o "status quo" lhes garante votos e votos dão dinheiro, que é o mesmo que as TVs procuram com as guerras de audiências. Uns e outros nos servem essa nova forma de ópio do ovo que é a politiquice.
Já me cansa ouvir às segundas feiras no barbeiro, no café, ou em qualquer tertúlia, os meus compatriotas serem apenas o eco das opiniões emitidas na véspera, na TV, à hora do jantar, pelo prof. Marcelo, e não terem opiniões próprias.
Basta de nos atrofiarem as mentes!
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