Menos teatro é menos cultura

No notável programa de rádio da TSF, “Sinais”, Fernando Alves chamou à atenção para o Filandorra – Teatro do Nordeste, excluído do subsídio de apoio, da Direção-Geral das Artes, organismo tutelado pela secretaria de Estado da Cultura. Aquela Cooperativa de Formação e Animação Teatral esteve mais de 20 anos a formar público para o teatro e a dar palco a vários autores: Raul Brandão, Miguel Torga, Garrett, Lorca, Tchekov entre outros. A exclusão do Filandorra vai encerrar cultura nas mentes humanas nos muitos Concelhos por onde este grupo teatral levou as artes cénicas. Esta gente do (des)Governo diz «combater» a desertificação e interioridade, quando na prática passa certidões de óbito aos agentes culturais criadores de mensagens, arte e vida a esse mesmo interior. “ A tardia atribuição de subsídios, faz-nos temer pelo futuro!”, diz-me um encenador. A ausência de subsídio que muitas Companhias de Teatro sentiram, ditará a sua morte. Portugal nem 1% do PIB confere à cultura... Tudo isto é inqualificável! Quanto mais culto, mais livre e feliz. A cultura tem retorno económico positivo e é também onde se verificam expectativas de criação de emprego.

A RTP 1, estação televisiva (dita) de Serviço Público, deve transmitir em horário nobre, peças de teatro de autor. “ O Estado está a deixar de apoiar e a matar o teatro não comercial, de serviço público”, disse o ator e encenador Álvaro Correia, com razão. O secretário de Estado da Cultura, disse ao “Negócios”:« O Estado tem o dever de estar presente em áreas do desenvolvimento cultural.» Nesta entrevista de 6 páginas, seis, não falou uma única vez de teatro! Foi por acaso... ou porque o teatro é indisciplinador de almas.

Vítor Colaço Santos