in Público, 18/02/2012
A natalidade e os robôs
Durante séculos e séculos, a
Humanidade precisava de braços para trabalhar a terra que a sustentava.
Hoje, o que precisa é só de algumas cabeças e muitas máquinas e robôs,
não de braços! Hoje, os modernos meios tecnológicos permitem que apenas
milhares façam o que milhões "precisam". A ânsia de se ter acesso aos
bens materiais à disposição leva ao aumento da actividade laboral para
os conseguir, o que implica maior exigência de conhecimentos
tecnológicos e disponibilidade de mobilidade. Aqui, a antiga
estabilidade na fixação dos povos às terras foi alterada, passando da
transumância pastoril para a transumância técnica! Já não faz sentido
ter residência fixa, mas sim uma tenda social e percorrer os parques de
campismo sociais perto do trabalho. Hoje, a garantia de trabalho não
existe, e se antigamente os contratos eram feitos para um longo
horizonte temporal, agora trabalha-se quase ao mês e não tarda que só à
hora. (...) Se antes a terra exigia braços para a trabalhar, hoje há o
paradoxo de quererem que haja barrigas para consumir mas não para
produzir futuros consumidores! Com a aquisição de mais conhecimentos e
maior consciência social, é natural que os casais pensem bem antes de
deitarem um filho ao mundo para ser triturado pela máquina da
competitividade. O Estado está a perder o seu papel de pai protector
para com suas filhas, não as protegendo no seu papel de maternidade.
(...) É pura utopia esperar que os casais tenham a responsabilidade de
ter filhos quando o Estado cada vez mais tem menos políticas sociais de
apoio às famílias e ao incentivo da procriação, a bem da nação, a não
ser que o futuro da Humanidade seja só de robôs e que não sejam
necessários filhos, pais e avós!
Silvino Figueiredo, GondomarAs
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