Todos os dias temos infelizes exemplos da falta
de classe, de categoria, e até de simples decoro, da maior parte dos agentes
políticos em funções, não só aqui como no estrangeiro. Mas, sinceramente, era
de esperar que Durão Barroso (DB), ao fim de dois mandatos na CE de Bruxelas,
tivesse um pouco mais de respeito pelas suas próprias funções e não emitisse
juízos pessoais sobre portugueses, e designadamente quando estes estiveram, há
muitos anos, sob a sua direcção ou supervisão. Comecemos por Victor Constâncio,
que muitos consideram que não terá feito tudo o que lhe competiria para evitar
o descalabro do BPN. Este socialista já foi chamado mais que uma vez a
comissões parlamentares, já tentou explicar tudo o que lhe foi pedido e nem o
BdP nem qualquer tribunal ainda o acusou. Não é pois admissível, que cinco anos
depois do estouro do BPN, sem novas provas de falta de diligência, DB tenha
atirado para um jornalista uma insinuação que é um autêntico assassínio de
carácter. Digo-o à vontade, porque nem como ex-assistente na minha Escola o
apreciei. Quanto aos ex-Ministros de DB, Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix,
a forma como DB insinuou que eles estariam a defender interesses pessoais
quando assinaram o "manifesto dos 74", é absolutamente indigna de um
homem público. É público e notório, nas carreiras profissionais daqueles dois
Economistas, que nunca puseram os seus interesses pessoais à frente das suas
convicções morais e políticas. Todos temos direito a uma hora infeliz, mas que
eu saiba, DB ainda não assumiu esta grave desconsideração e deslealdade para
com os seus antigos colaboradores no governo que chefiou.
Tinha até hoje DB na conta de um homem
inteligente, mas até isso ele deixou a desejar. Como é que um Presidente da
Comissão Europeia, em pleno exercício das suas funções, pode "tirar o
chapéu" e falar na praça pública como um vulgar dirigente partidário? Não
creio infelizmente que seja um sinal de inteligência. Pensava eu que José
Sócrates era o pior exemplo nas relações pessoais com colaboradores e agentes
políticos, mas infelizmente enganei-me.
OBS. PUBLICADA (NA ÍNTEGRA) NA EDIÇÃO DO JORNAL "PÚBLICO" DE 4//4/14
OBS. PUBLICADA (NA ÍNTEGRA) NA EDIÇÃO DO JORNAL "PÚBLICO" DE 4//4/14
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