Zeinal Bava, ex-CEO da PT e ex-CEO da Ói, vai com
certeza ser um "case study" de gestores e economistas. Poucos subiram
nas últimas décadas tão alto e tiveram uma queda tão brutal e súbita. Pelas
notícias disponíveis nos media, parece ter caído em desgraça. Pode dizer-se que
os motivos da sua queda estão justificados. Terá comprometido gravemente a
estabilidade financeira da PT com um investimento de risco num
"activo" do Grupo BES, accionista da PT. E agora a própria Ói
retirou-lhe a confiança. Importa porém, como penso que se faz num acidente de
aviação, verificar agora o porquê de este investimento ter ocorrido, quando um
simples estudante de gestão ou economia, sabe que nunca se podem pôr os ovos
todos no mesmo cesto. Estamos claramente perante um problema de governação, que
neste caso foi muito má. Mas com certeza que não foi Bava sózinho que tomou a
decisão. Os seus colegas da Administração devem (ou deveriam) ter participado
numa decisão de tão grande responsabilidade. Os próprios orgãos de fiscalização
da empresa deveriam ter sido notificados da decisão e da sua fundamentação.
Sim, porque quando uma decisão como esta é controversa e pouco ética (refiro-me
ao facto de uma empresa do grupo accionista estar interessado), nada melhor do
que fazer participar o maior número possível de entidades. Ora pelo que julgo
saber, a decisão terá sido tomada com o menor número de intervenientes
possível, para sendo legítima de um ponto de vista estritamente jurídico,
pudesse ao mesmo tempo ser discreta. Porque o segredo é a "alma do
negócio"? Certamente que não, o segredo foi adoptado porque a decisão
pareceu destinada a ajudar um accionista com problemas, e não a ajudar a PT.
Ora aqui é que bateu o ponto. É possível enganar algumas pessoas durante algum
tempo, mas não é nunca possível enganar toda a gente todo o tempo. E Bava mais
Granadeiro tentaram o impossível, e a sua queda sendo brutal era inevitável,
mais cedo ou mais tarde.
O problema nacional é que a praga de Bavas, meninos prodígios, que sendo goeses também ajuda, está disseminada pelas freguesias, pelos concelhos e pelos distritos.No final, os Bavas ficam ricos, porque auferiram chorudos proventos e o pagode está cada vez mais pobre. Estas é a realidade que não nos conforta.
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