A tourada remonta ao século doze.
Este espectáculo tem sobretudo implantação em Espanha,
Portugal e em algumas antigas colonias espanholas da América do Sul.
A tourada como a conhecemos atualmente formou-se no seculo
dezoito.
Em Portugal as touradas foram proibidas em 1836 [reinado de
D. Maria II], posteriormente
foram novamente
autorizadas, a proibição de matar os touros na praça publica prevaleceu ,
embora nem sempre respeitada, situação corrigida em 1928 com nova legislação e
fiscalização mais severa.
A partir de 1974 os touros voltam a serem mortos em público,
devido ao laxismo das autoridades, agravando-se a situação em 2002 com a
alteração legislativa em que permite esta prática no concelho de Barrancos,
provocando o contágio a outros locais.
As touradas, lutas entre outros animais, utilização de
animais em circos, tem conquistado progressivamente mais detratores devido á
crueldade infligida aos mesmos.
No Brasil estão proibidas as touradas e lutas entre outros
animais desde 1934, assim como em varias regiões espanholas, em Portugal varias
autarquias opõem-se á realização destes espetaculos bárbaros que não se inserem
dentro das tradições humanistas da larga maioria da população e contraria os
princípios fundamentais da civilização que todos devemos respeitar, fazer
respeitar e ensinar aos mais novos.
Os apoiantes das touradas, baseiam-se fundamentalmente na
tradição que mais não é que um hábito ou costume, mais ou menos duradouro no
tempo, se nos basearmos neste fator ainda hoje perdoariam imensos costumes que
se praticavam á centenas e até milhares de anos, muitos deles igualmente
atrozes. Felizmente foram desaparecendo devido á evolução tecnológica,
cientifica, social e cultural.
Então porque persistem espetaculos em que as sevicias, o
ódio e a morte são os ingredientes principais?
Essencialmente por duas razões:
Financeiramente é rentável para o estado que cobra impostos
com estes eventos e para os intervenientes dos mesmos.
A outra razão, bem mais complexa, tem a ver com o eterno
dilema do bem e do mal, se para uns faz parte da génese humana, para outros os
sentimentos carinhosos ou malévolos desenvolvem-se durante a formação do
caráter das crianças na infância, prolongando-se na adolescência e
refletindo-se na idade adulta.
Embora não haja motivo específico para a origem de uma
doença mental, muito provavelmente é formada por fatores sociais, culturais,
biológicos e psicológicos.
Uma coisa é certa, as pessoas ligadas a este tipo de
espectáculo possuem normalmente um destes distúrbios de personalidade:
Transtorno de personalidade múltipla, que é caraterizada por
duas ou mais personalidades distintas no mesmo individuo.
Transtorno de personalidade anti social caraterizada por
violência familiar e profissional.
Trastorno de personalidade “Bordeline”.
Transtorno de personalidade narcisista e megalómana.
Transtorno de personalidade “paranóide”.
Estes são os desequilíbrios mentais mais comuns, embora
existam outros menos frequentes.
A necessidade frequente de vingança, de sofrimento alheio,
de destruição e morte é uma constante nos participantes destas manifestações
mórbidas que possuem caraterísticas psíquicas similares aos terroristas, pirómanos,
pedófilos, violadores, etc.
Na maioria dos casos, estas pessoas em vez de procurarem
ajuda psiquiátrica, refugiam-se no álcool e outras drogas, agravando o seu
estado, constituindo uma ameaça latente para a sociedade.
Ironia cruel da vida, do destino, ou do que lhe quiserem
chamar, enquanto inúmeros seres vivos buscam incessantemente por atenção, afeto
e amor, outros vivem obcecadamente odiando, destruindo e matando.
Arrependimento não é uma palavra vã, quem o sente esta em
remissão do mal que cometeu, ao senti-lo encontra finalmente a paz e o bem
estar mental e físico que sempre ambicionou, caso contrario será sempre até ao
fim da vida insatisfeito, revoltado, malévolo, execrável, assassino.
Lembro-me do escritor Eduardo Hughes Galeano e uma das suas
eloquentes citações:
Nós somos o que fazemos, sobretudo o que fazemos para
modificar o que somos.
Com amizade.
Araujo.
Uma profunda reflexão sobre costumes e tradições. Nem todas as tradições são justificadas. Se assim fosse, ainda hoje havia a redução à escravatura dos vencidos nas batalhas. Gozar com o sofrimento dos animais não parece um bom caminho a percorrer na vida dos humanos. Contudo, espero que o tempo cure estas enfermidades, porque o homem vai aperfeiçoando os seus costumes e, não é por acaso, que restam poucos países, onde a tourada permanece.
ResponderEliminarEu também sou contra todo o tipo de touradas. Ponto final.
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