domingo, 12 de outubro de 2014

Assassinos

A tourada remonta ao século doze.
Este espectáculo tem sobretudo implantação em Espanha, Portugal e em algumas antigas colonias espanholas da América do Sul.
A tourada como a conhecemos atualmente formou-se no seculo dezoito.
Em Portugal as touradas foram proibidas em 1836 [reinado de D. Maria II], posteriormente
foram  novamente autorizadas, a proibição de matar os touros na praça publica prevaleceu , embora nem sempre respeitada, situação corrigida em 1928 com nova legislação e fiscalização mais severa.
A partir de 1974 os touros voltam a serem mortos em público, devido ao laxismo das autoridades, agravando-se a situação em 2002 com a alteração legislativa em que permite esta prática no concelho de Barrancos, provocando o contágio a outros locais.
As touradas, lutas entre outros animais, utilização de animais em circos, tem conquistado progressivamente mais detratores devido á crueldade infligida aos mesmos.
No Brasil estão proibidas as touradas e lutas entre outros animais desde 1934, assim como em varias regiões espanholas, em Portugal varias autarquias opõem-se á realização destes espetaculos bárbaros que não se inserem dentro das tradições humanistas da larga maioria da população e contraria os princípios fundamentais da civilização que todos devemos respeitar, fazer respeitar e ensinar aos mais novos.
Os apoiantes das touradas, baseiam-se fundamentalmente na tradição que mais não é que um hábito ou costume, mais ou menos duradouro no tempo, se nos basearmos neste fator ainda hoje perdoariam imensos costumes que se praticavam á centenas e até milhares de anos, muitos deles igualmente atrozes. Felizmente foram desaparecendo devido á evolução tecnológica, cientifica, social e cultural.
Então porque persistem espetaculos em que as sevicias, o ódio e a morte são os ingredientes principais?
Essencialmente por duas razões:
Financeiramente é rentável para o estado que cobra impostos com estes eventos e para os intervenientes dos mesmos.
A outra razão, bem mais complexa, tem a ver com o eterno dilema do bem e do mal, se para uns faz parte da génese humana, para outros os sentimentos carinhosos ou malévolos desenvolvem-se durante a formação do caráter das crianças na infância, prolongando-se na adolescência e refletindo-se na idade adulta.
Embora não haja motivo específico para a origem de uma doença mental, muito provavelmente é formada por fatores sociais, culturais, biológicos e psicológicos.
Uma coisa é certa, as pessoas ligadas a este tipo de espectáculo possuem normalmente um destes distúrbios de personalidade:
Transtorno de personalidade múltipla, que é caraterizada por duas ou mais personalidades distintas no mesmo individuo.
Transtorno de personalidade anti social caraterizada por violência familiar e profissional.
Trastorno de personalidade “Bordeline”.
Transtorno de personalidade narcisista e megalómana.
Transtorno de personalidade “paranóide”.
Estes são os desequilíbrios mentais mais comuns, embora existam outros menos frequentes.
A necessidade frequente de vingança, de sofrimento alheio, de destruição e morte é uma constante nos participantes destas manifestações mórbidas que possuem caraterísticas psíquicas similares aos terroristas, pirómanos, pedófilos, violadores, etc.
Na maioria dos casos, estas pessoas em vez de procurarem ajuda psiquiátrica, refugiam-se no álcool e outras drogas, agravando o seu estado, constituindo uma ameaça latente para a sociedade.
Ironia cruel da vida, do destino, ou do que lhe quiserem chamar, enquanto inúmeros seres vivos buscam incessantemente por atenção, afeto e amor, outros vivem obcecadamente odiando, destruindo e matando.
Arrependimento não é uma palavra vã, quem o sente esta em remissão do mal que cometeu, ao senti-lo encontra finalmente a paz e o bem estar mental e físico que sempre ambicionou, caso contrario será sempre até ao fim da vida insatisfeito, revoltado, malévolo, execrável, assassino.
Lembro-me do escritor Eduardo Hughes Galeano e uma das suas eloquentes citações:
Nós somos o que fazemos, sobretudo o que fazemos para modificar o que somos.

Com amizade.
Araujo.

2 comentários:

  1. Uma profunda reflexão sobre costumes e tradições. Nem todas as tradições são justificadas. Se assim fosse, ainda hoje havia a redução à escravatura dos vencidos nas batalhas. Gozar com o sofrimento dos animais não parece um bom caminho a percorrer na vida dos humanos. Contudo, espero que o tempo cure estas enfermidades, porque o homem vai aperfeiçoando os seus costumes e, não é por acaso, que restam poucos países, onde a tourada permanece.

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  2. Eu também sou contra todo o tipo de touradas. Ponto final.

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