Finalmente a recuperação dos centros das cidades, mas...
(Público 09.10.2014)
Depois de
se ter andado nas três últimas décadas a construir de qualquer forma e feitio,
por todo o lado, deixando ao abandono, os centros das nossas cidades, vindo a crise
— e só por isso, caso contrário seria mais de mesmo — há que voltar às origens
e tentar reconstruir o que ficou totalmente abandonado.
Depois de
se ter passado a ideia de que viver fora dos centros era a maravilha, dado
haver mais luz, mais verde, mais tudo, agora refaz-se a ideia dizendo que o bom
é o centro, está-se perto de tudo, vive-se dentro da cidade, quase não se usam
transportes.
Como é
evidente, a ideia é belíssima, pecando por tardia, e perdeu-se demasiado tempo,
demasiadas energias, demasiado dinheiro e demasiadas mentalidades, por se não
ter feito o que deveria ter sido a tempo, que era recuperar, modernizar o
centro das cidades, sem destruir as fachadas antigas, sem descaracterizar —
muito já totalmente destruído, estragado, perdido.
E agora deu
a febre da recuperação, unicamente por não haver dinheiro, só por isso, para
continuar a construir pelos arredores. Mas, mais vale tarde que nunca!
Sendo
evidentemente uma boa ideia, temos que ter alguma regulação, alguma
regulamentação e muito, muito bom senso, para não estragar tudo o que ainda
pode ser recuperado. Para não ser o nosso chico-espertismo, ou de alguns, a
funcionar de qualquer forma!
E,
sobretudo, não entrar em esquemas especulativos, de tal forma que os preços do
que quer que seja no centro das cidades passem a valores exorbitantes, que,
depois de um pico de especulação, vêm por aí abaixo.
E lá
ficaremos todos em maus lençóis, mais uma vez.
Ainda bem
que finalmente se recuperam, mesmo que tardiamente, os centros das cidades. Ainda
bem que a crise obrigou a mudar de atitudes. Ainda mal que muita habitação nova
fora dos centros fique ao abandono por ter sido indevidamente construída.
Ainda mal
se esta febre construtiva nos centros for só uma moda especulativa.
Augusto
Küttner de Magalhães,
Os centros das cidades, espaços mais antigos, foram prejudicados com a proibição de trânsito e condicionamentos. Ruas onde não se pode circular tornam-se difíceis de habitar. Depois vem o abandono e a ruína dos prédios.
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