Tempos de
confusão
Isto não está a ser fácil. Mesmo nas
pequenas coisas há uma certa sensação que o mundo está de pernas para o ar.
Muitas empresas e bancos têm
campanhas de sensibilização para termos facturas e extractos electrónicos e para
evitar talões pois é uma maneira de pouparmos papel e portanto árvores. Mas,
entretanto, o nosso governo quer facturas por tudo e por nada e para nos motivar
até sorteia carros de altíssima gama. E também temos a caixa do correio cheia de
folhetos a anunciar os produtos em venda, produtos que todas as semanas mudam de
preços. Por um lado são montes de papel (e árvores) que os outros dizem para
pouparmos e alguns distribuem aos montes. Aqui uma pausa: claro que estes
folhetos dão trabalho a alguma gente.
Depois temos as campanhas para nos
sensibilizar a não lavar a loiça ou roupa peça a peça com água corrente e até os
dentes devem ser lavados com a ajuda de um copo para não se desperdiçar um bem
escasso. Mas depois até os bombeiros andam a tomar banhos em nome duma
angariação de fundos que podia ter outra maneira de sensibilizar os
exibicionistas.
Agora está na moda decretar que as
autarquias e outros serviços públicos devem despedir funcionários para diminuir
as despesas do Estado. E lá vem uma data de gente para a rua, alguns com
subsidio de desemprego outros que mais tarde ou mais cedo terão de ser ajudados
por outros subsídios ou pelos cabazes de solidariedade. E nas repartições os que
lá ficam acabam o dia exaustos e as pessoas levam imenso tempo para serem
atendidas. E a aparente poupança nos orçamentos públicos acabam afundados nas
parcelas do apoio social.
Há tanto tempo que não se via tantas
ervas nos passeios que a tempo e hora não foram pulverizadas e com as novas
chuvadas estão muito viçosas. E os lixos, e as ruas por varrer?
E esta peste de aumentar os
horários? AH! É funcionário público é para trabalhar mais horas. Este aumento de
horários é também uma maneira de responderem ao um “conceito” de menos
trabalhadores e mais tarefas feitas. E para darem exemplo estão uma quantidade
de horas a fazerem um orçamento que depois se verifica que para sair assim não
precisava de tanto tempo pois é a mesma coisa de sempre.
Eles não sabem que no tempo que
estamos cá neste mundo também precisamos de rir? Precisamos de olhar as flores e
o azul do céu e ter tempo para os filhos e até para ver os programas infindáveis
dos comentadores de futebol? Eles precisam de saber que o homem precisa de tempo
para sonhar. Quem poderá explicar isso aos governantes?
Jornal Costa do Sol - "Palavras e Sonhos" - 22/10/2014
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