Depois
da conclusão com meridiano sucesso do Programa de Assistência Económica e Financeira,
tendo Portugal conseguido regressar a financiamento de mercado com taxas que
nos permitem sonhar com um ligeiro alívio do fardo ainda pesado da dívida e do
défice, o país entra agora numa nova etapa.
Etapa
que se perspetiva de maior crescimento e competitividade e investimento, a
menos que levemos com mais baldes de água gelada como aconteceu recentemente
com os lamentáveis e inaceitáveis episódios do colapso do Grupo Espírito Santo
e pelo arrastão que este produziu na PT. A abertura de uma Comissão de
Inquérito no Parlamento é muito pouco para consequências tão nefastas na vida
de muitos portugueses, de tantas famílias e empresas…
São
casos como estes que nos demonstram, de modo doloroso e impiedoso, como, a par
da competência e prestígio profissionais, devem aliar-se sempre a ética e o
respeito pela dignidade de cada ser humano, desde o pequeno depositante num
qualquer banco até ao trabalhador mais humilde de uma empresa como a PT, que
olham com apreensão para o seu futuro, em face da irresponsabilidade de uns
quantos que não souberam e/ou não quiseram ser honestos e íntegros.
Para
quem pensa que pior é impossível, que se acautelem, porque à sucessão de
irresponsabilidades têm-se seguido em Portugal sucessivas doses de austeridade,
ainda que adornadas e maquilhadas…
Para
quando uma estratégia de médio e longo prazo que permita a Portugal ambicionar
um equilíbrio e sustentabilidade das contas públicas e um crescimento económico
sustentado, traduzido em mais emprego, competitividade, produtividade, exportações,
captação de investimento, que consiga gerar simultaneamente uma maior coesão e
solidariedade na sociedade, principalmente entre aqueles que foram mais
afetados e penalizados com as consequências da grave crise que ainda vivemos e,
pelo andar da carruagem, continuaremos a viver nos anos vindouros?!
No entanto, o espírito reformista
que necessitamos para Portugal deve extravasar as reformas ao nível da
flexibilidade e estabilidade da nossa economia e do equilíbrio orçamental, na
medida em que se torna indispensável e inadiável renovar e fortalecer todo o
nosso sistema democrático, a democracia representativa, a participação cívica, a
justiça, a saúde e a educação, efetuando igualmente uma reforma do Estado, do
sistema fiscal e da segurança social, de forma justa e equitativa.
Para
isso, os partidos políticos, componentes nucleares do sistema democrático, têm
de ser mobilizados e mobilizadores, precisam de ser verdadeiros canais concretizadores
dessas reformas e não os seus diques de contenção, mais abertos à sociedade e
ao serviço dos cidadãos, e não apenas daqueles que neles militam ativamente.
Pedro
e Paulo continuam a apedrejar-se na praça pública a propósito e a despropósito
da tão propalada Reforma do Estado, ainda que à distância, pois o Paulo anda em
missão diplomática económica pelo México que o Machete não sabe ou não quer
fazer, enquanto o Pedro, farto das inegáveis qualidades de Paulo para o negócio
e para o marketing, o questiona sobre o tal guiãozito “paulino”.
Uma
reforma do Estado bem sucedida é aquela que origina verdadeiros ganhos de
economia, eficácia e eficiência na utilização dos recursos públicos e na gestão
pública, e, simultaneamente, aquela que garanta e prossiga o interesse público,
sem prejudicar e onerar excessiva e injustamente as empresas, as famílias, os
cidadãos.
Reforma
do Estado que equacione e decida por uma efetiva e eficiente restruturação e
racionalização das estruturas e rejuvenescimento dos cargos dirigentes, mas que
consiga mobilizar simultaneamente os gestores e dirigentes do setor público e
todos os trabalhadores em funções públicas, de modo a prestigiar todos os
servidores do Estado e transformá-los em verdadeiros agentes e criadores de
valor acrescentado para a Administração Pública, e que esta, por sua vez,
funcione como facilitadora do desenvolvimento económico e de desburocratização
da máquina estadual, e como prestadora de um serviço público de qualidade.
A
par da restruturação e racionalização, é imperioso efetivar uma verdadeira e
salutar descentralização administrativa, que promova uma maior harmonia e um
desenvolvimento mais equilibrado em todo o território nacional, combatendo
energicamente as assimetrias que se verificam entre Lisboa e o Porto, o
interior do país e o litoral, entre os grandes centros urbanos e os de reduzida
dimensão.
Para
alcançar este desiderato, afigura-se premente aproveitar os próximos fundos
comunitários, no valor de aproximadamente 25 mil milhões de euros, que devem
ser canalizados de forma eficiente e rentável, responsável e equitativa, para o
crescimento económico e apoio às PME, criação de emprego jovem e combate ao
desemprego de longa duração, reinvestimento numa agricultura mais moderna e competitiva,
reindustrialização dos setores estratégicos nacionais e exploração dos recursos
naturais e energéticos do país, reforço dos setores ferroviário e portuário,
que privilegiem o transporte de mercadorias e as exportações, e aposta no setor
do turismo, entre outros.
Os
enormes desafios do presente e para os próximos 10 anos com os quais Portugal
se depara reclamam de todos os portugueses uma união e solidariedade que
contribuam para mais e melhor Portugal. Sempre que Portugal se uniu foi mais
longe e mais alto, na Europa e no Mundo.
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