Se Pessoa construiu uma nova pátria em sonho, para não se
entristecer com a memória da pátria que perdera, eu próprio houvera sonhado que
a minha pátria, nas suas entranhas, não tinha tanta malandragem que a si
fizesse tanto mal como tem feito, e de tal tenho constatado nesta minha
vivência terrena, escondendo, com alguma vergonha, na memória esta minha
desilusão original.
Assim, se Pessoa compara a vida a uma estalagem onde todos
temos de demorar até que chegue a diligência do abismo, eu mesmo me sinto em tal
bafienta estalagem, num desassossego muito dorido, sem saber lá muito bem se
será melhor entrar já para a diligência ou resignadamente esperar mais algum
tempo, vivendo a desilusão do presente a caminho do fim da minha existência,
que tudo de mim levará sem qualquer tipo de compaixão.
Nota: este texto vai ser publicado no METRO de 3/11
Nota: este texto vai ser publicado no METRO de 3/11
José Amaral
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