sábado, 18 de outubro de 2014

Os Dias da Memória


Ouvi e vi de relance falarem na televisão de ‘Os Dias da Memória’, acerca da participação de Portugal na 1ª Grande Guerra (1914-1918), em que se pediam contributos para avivar esses tenebrosos dias.
E todos sabemos que foi na célebre Batalha de La Lys, em Abril de 1918, na Região da Flandres, na Bélgica, que as tropas portuguesas compostas por 20 000 militares foram esmagadas por forças alemãs com um efectivo de 55 000 homens e com muito melhor equipamento. Portanto, completamente impotentes para suster tão desproporcionado embate, em que também as tropas britânicas contribuíram decisivamente para o massacre e aniquilamento do Exército Português, comandado pelo general Gomes da Costa, pois nada fizeram – traindo o acordado - para cobrirem os flancos do Corpo Expedicionário Português perante as oito bem equipadas divisões do 6º Exército Alemão, sendo este desaire a maior catástrofe militar portuguesa depois da Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578.
Em apenas quatro horas de batalha tão desigual e sem o apoio britânico, as atraiçoadas tropas portuguesas, entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros, perderam 7 500 homens, entre os quais 327 oficiais.
Conheci dois desses militares que regressaram. Tinha eu os meus 7 ou 8 anos. Um deles era o senhor Zé Maria, que morava na Praça da minha aldeia. Quase todos os dias, pela manhã, passava à minha porta a caminho do hospital concelhio que ficava perto de minha casa, sempre a pigarrear muito alto, pois ficou contaminado pelos gaseamentos das forças alemãs.
O outro militar era o senhor Correia, que vivia no Lugar das Quelhas, o qual tinha uma côncava cicatriz no meio do queixo, provocada por uma bala.
Portanto, aqui a todos deixo o meu pobre mas vero contributo para que a História nunca seja olvidada.

Texto também publicado, em 20/10, no blogue ovar novos rumos, em carta de V.N. de Gaia

José Amaral


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