Qualquer cidadão, lúcido e não
arregimentado, interessado neste país e no que se passa no mundo, tem, com mais
frequência que o desejável, ataques de desilusão. Não há só desgraças e
infortúnios, mas os acontecimentos presenciados e relatados pelos media ocupam um espaço demasiado
alongado. Um pouco na esteira dos crentes, de que há um Deus que orienta as
suas vidas num caminho justo e correcto, também os governados esperam que os
homens e as instituições, que têm os poderes da governação, sejam inteligentes
e rectos nos seus percursos.
Eu, menos que um pigmeu, sou uma
parte, ainda que ínfima, do meu país. Logo, ao criticá-lo, pelos erros que nele
circulam, estou a autoflagelar-me. Como não sou egoísta, dói-me por mim e pelos
homens meus irmãos, toda esta tragédia que está em cena, e que se avoluma cada
dia que passa.
Isto é um enleio em que os nós
estão enredados e não se desatam. Nada funciona bem, e os erros nunca ficam
órfãos, porque não têm paternidade. Na auto proclamada Casa da Democracia, há
anos que, pomposamente, se sucedem comissões e mais comissões para encontrar
responsáveis por ilegalidades ou crimes contra o Estado, e delas nada mais
resulta que o espectáculo da inutilidade. A acção da Assembleia desacredita-a e
a todo o Estado de Direito. Esta última comissão, mais uma dos submarinos,
tendo a presidi-la, inexplicavelmente, um deputado que esteve enredado no caso
Portucale/Espirito Santo, havendo informações correntes sobre quem recebeu
comissões, e mais comissões, tudo aos milhões, não encontrou responsáveis nem
anormalidades no negócio.
Quanto às autarquias, a maioria
empenhadas e mal dirigidas, continuam a oprimir os munícipes com taxas e
impostos para suportar encargos, muitas vezes artificialmente criados, para
manter clientelas políticas num esquema de nepotismo.
O triste espectáculo que os
ministérios da Justiça e da Educação nos andam a proporcionar há demasiado
tempo, é uma vergonha lamentável, que seria impensável, no século XXI, num país
europeu.
A profissão de professor está
manchada pela actuação do Governo e vai ser difícil de recuperar. Se o
ministério não os respeita como cidadãos, como podem os professores serem
respeitados pela população em geral.
Se a Justiça é tratada com tratos
de polé, como pode merecer o respeito e o crédito dos cidadãos. A educação e a
justiça são os grandes pilares da democracia. Se estas estão em crise, é o
sistema que sofre e se desboroa. Se os alicerces estão fragilizados, mais dia,
menos dia, o edifício irá ruir. Constatar isto, dói, dói muito, por mim, e por
todos os outros cidadãos.
Joaquim Carreira Tapadinhas
Muito bem, professor!
ResponderEliminarAdoro ser professora... mais fico muito triste e indignada com o que vejo fazer com a classe.