terça-feira, 27 de janeiro de 2015

AINDA A GRÉCIA E O SYRIZA

Depois da intoxicação noticiosa, preconceituosa e nalguns casos basicamente reaccionária a que temos assistido desde a vitória do Syriza na Grécia, é tempo de começarmos a tentar ser lúcidos para perceber o que de facto significa para a Grécia e para a Europa esta vitória.

Estou convicta que hoje, nenhuma pessoa de bom senso poderá continuar como um disco riscado a fomentar o medo e os perigos do papão da extrema-esquerda.

A vitória do Syriza foi o grito do Ipiranga dos Gregos contra uma Europa que mata os seus filhos com o maior despudor e com o maior dos cinismos ao reiterar a toda a hora a bonomia dos seus planos de ajuda financeiros, que mais não são do que planos para sub-liminarmente reforçarem as suas economias, enfraquecendo os seus pares.

O projecto europeu , se é que alguma vez existiu , tornou-se uma fraude , mas como disse um dia Abraham Lincoln “Uma pessoa pode enganar muita gente durante um certo tempo; pode até mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não será possível enganar para sempre” . O que aconteceu na Grécia foi o Basta de quem já percebeu que a “União” nunca existiu e se cansou de ser tratado como bastardo.

Hoje, quando passam 70 anos sobre a libertação de Auschwitz, em vez de apenas se comemorar o fim daquele horror, seria bom que a Europa tivesse coragem para se repensar e se reinventar. O que existe hoje apenas interessa a meia dúzia de eleitos, mas não tem futuro, não tem razão de ser e sobretudo não é leal.

Confesso que nunca fui uma europeísta convicta, talvez porque sempre tive dúvidas de que uma Europa a duas ou três velocidades algumas vez pudesse chegar a bom porto. Já nem quero falar das variáveis externas à União, que condicionam o seu funcionamento.

Sempre defendi e defendo um projecto europeu diferente, em que respeitando a individualidade e a identidade de cada estado membro, se conseguisse um elo de ligação suficientemente forte entre os pares para que Auschwitz, nunca mais tivesse hipóteses de ocorrer. Mas a Europa vendeu a “alma” à alta finança e os europeus, sobretudo os do sul, passaram apenas a ser peões de brega no enorme xadrez viciado em que a o projecto europeu se tornou. 

Assim sendo e com a devida vénia, agradeço ao berço da Democracia ter sido capaz, mais uma vez de mostrar à Europa e ao mundo que alternativas são possíveis. Afinal as famílias socialistas, social-democratas e democratas cristãs já deram mais do que provas de são incapazes de pensar e implementar um projecto europeu em que o respeito pelo Homem se sobreponha ao dinheiro.

Basta de uma Europa que mata os seus filhos… e de filhos que pedem a bênção a quem os destrói.


Que este fim de semana tenha sido o início de uma nova esperança para nós , mas sobretudo para os nossos filhos.

Graça Costa

3 comentários:

  1. Tem muita razão em tudo que escreveu. 'E como tudo é feito de mudança', a MUDANÇA é bem-vinda. Veio até na hora certa.

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  2. Assertiva, quiçá dura para os que (des)leem as palavras em diagonal,no entanto muito bom!
    Afectiva também.

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  3. Muito grata pelas vossas palavras.
    Temos que deixar de ter medo de dizer o que pensamos - caramba, em que raio de democracia vivemos quando passamos a vida de cócoras perante os nossos pares europeus e ainda temos que estar gratos por isso ? Por favor... tenho a certeza que os pais da Europa nunca tiveram em mente um "monstro destes".

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