Depois da intoxicação noticiosa,
preconceituosa e nalguns casos basicamente reaccionária a que temos assistido
desde a vitória do Syriza na Grécia, é tempo de começarmos a tentar ser lúcidos
para perceber o que de facto significa para a Grécia e para a Europa esta
vitória.
Estou convicta que hoje, nenhuma
pessoa de bom senso poderá continuar como um disco riscado a fomentar o medo e
os perigos do papão da extrema-esquerda.
A vitória do Syriza foi o grito
do Ipiranga dos Gregos contra uma Europa que mata os seus filhos com o maior
despudor e com o maior dos cinismos ao reiterar a toda a hora a bonomia dos
seus planos de ajuda financeiros, que mais não são do que planos para
sub-liminarmente reforçarem as suas economias, enfraquecendo os seus pares.
O projecto europeu , se é que
alguma vez existiu , tornou-se uma fraude , mas como disse um dia Abraham
Lincoln “Uma pessoa pode enganar muita gente durante um certo tempo; pode até
mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não será possível enganar para
sempre” . O que aconteceu na Grécia foi o Basta de quem já percebeu que a “União”
nunca existiu e se cansou de ser tratado como bastardo.
Hoje, quando passam 70 anos sobre
a libertação de Auschwitz, em vez de apenas se comemorar o fim daquele horror,
seria bom que a Europa tivesse coragem para se repensar e se reinventar. O que
existe hoje apenas interessa a meia dúzia de eleitos, mas não tem futuro, não
tem razão de ser e sobretudo não é leal.
Confesso que nunca fui uma europeísta
convicta, talvez porque sempre tive dúvidas de que uma Europa a duas ou três
velocidades algumas vez pudesse chegar a bom porto. Já nem quero falar das variáveis
externas à União, que condicionam o seu funcionamento.
Sempre defendi e defendo um projecto
europeu diferente, em que respeitando a individualidade e a identidade de cada
estado membro, se conseguisse um elo de ligação suficientemente forte entre os
pares para que Auschwitz, nunca mais tivesse hipóteses de ocorrer. Mas a Europa
vendeu a “alma” à alta finança e os europeus, sobretudo os do sul, passaram
apenas a ser peões de brega no enorme xadrez viciado em que a o projecto europeu
se tornou.
Assim sendo e com a devida vénia,
agradeço ao berço da Democracia ter sido capaz, mais uma vez de mostrar à
Europa e ao mundo que alternativas são possíveis. Afinal as famílias socialistas,
social-democratas e democratas cristãs já deram mais do que provas de são
incapazes de pensar e implementar um projecto europeu em que o respeito pelo
Homem se sobreponha ao dinheiro.
Basta de uma Europa que mata os
seus filhos… e de filhos que pedem a bênção a quem os destrói.
Que este fim de semana tenha sido
o início de uma nova esperança para nós , mas sobretudo para os nossos filhos.
Graça Costa
Tem muita razão em tudo que escreveu. 'E como tudo é feito de mudança', a MUDANÇA é bem-vinda. Veio até na hora certa.
ResponderEliminarAssertiva, quiçá dura para os que (des)leem as palavras em diagonal,no entanto muito bom!
ResponderEliminarAfectiva também.
Muito grata pelas vossas palavras.
ResponderEliminarTemos que deixar de ter medo de dizer o que pensamos - caramba, em que raio de democracia vivemos quando passamos a vida de cócoras perante os nossos pares europeus e ainda temos que estar gratos por isso ? Por favor... tenho a certeza que os pais da Europa nunca tiveram em mente um "monstro destes".