Era uma vez um rapaz, chamado Mundo, que
viveu sempre sem dificuldades, porque seu pai nadava em dinheiro e nada
lhe faltava, incluindo aqueles brinquedos da praxe; iate, avião,viajar,
fazer ski, jogar golfe, comer gourmet, dormir em hotéis cinco estrelas
acompanhado por raparigas de sete! Enfim, a máquina do dinheiro, de seu
pai, proporcionava-lhe, antes de ir para o Além o Paraíso neste Aquém.
Quando seu pai morreu, Mundo herdou a máquina de fazer dinheiro, mas
não sabia com ela trabalhar! Resultado, a máquina ficou parada,
enferrujou! Mundo começou a ficar desesperado. Era preciso,
urgentemente, pôr a máquina a funcionar. A montanha de dinheiro que
Mundo tinha começava a ganhar mofo, a perder valor, estava ali parado,
sem utilidade. Mundo, que convivia com outros da sua igualha, pedia
conselhos de como pôr a máquina a trabalhar, porém, outros mundos
endinheirados tinham o mesmo problema; suas máquinas também paradas! O
mais grave é que eram cada vez menos quem tinha máquinas de fazer
dinheiro, com a agravante de o dinheiro tender a ser a única pirâmide no
deserto da penúria envolvente! O Mundo, com sua máquina de fazer
dinheiro, estava interessado em quem precisasse dos seus serviços, mas
quando alguém lhe pedia emprestado exigia juros que ninguém aceitava.
Mundo andava perplexo!. Sua máquina estava parada, porque o dinheiro não
girava e ele já não lucrava! Infelizmente, Mundo nada sabia fazer, só
incitar a gastar, mas o problema era arranjar quem soubesse trabalhar,
alguma coisa fazer para o dinheiro girar. Mundo, lentamente, na
tentativa de pôr a máquina a trabalhar, foi reduzindo as taxas de juro,
cada vez mais baixas, para evitar ouvir:
- “Que fazes tu? Ai tens a máquina de fazer dinheiro? Então trabalha, senão paga-nos, que nós pomos dinheiro a girar!
-“Como?” perguntou o Mundo.
-“Dás-nos o salário mínimo, e nós poremos a economia a girar, comendo o
pequeno almoço, almoço e janta, assim como com o subsídio de Natal e o
subsídio das Férias, desenvolveremos o Comércio e o Turismo”
-“Mas isso não é justo. Querem receber sem nada fazer?!”
-Nada fazer?!! Nós trabalharemos a gastar o dinheiro que tens,
mantendo o comércio aberto e os hotéis em funcionamento, e se fores mais
generoso, se deres mais uns extras até faremos mais filhos, para não
teres problemas com a míngua de futuros consumidores!
-“Mas, os problemas sociais não são meus!”
-“Ai não?!” São nossos, que somos uns tesos?!
Tu, que tens a máquina de fazeres dinheiro não queres que ele gire?!
Isso tem custos, que são ganhares menos e aprenderes a ter sensibilidade
social.
Também nos custa ver tua máquina de fazer dinheiro parada,
pela utilidade social que tem. Podemos fazer um acordo: Vais a todos os
desempregados e dá-lhes 80% do salário mínimo de cada país com um bónus
de 50% por cento por cada filho nascido. Claro que tu, por estares
dentro do sistema, vais beneficiar por nos teres ocupados em pôr a
economia a rodar e o benefício dos impostos que os governos cobrarão. À
medida que os desempregados desapareçam deixas de os subsidiar, à
exceção do subsídio da natalidade, que deves manter. Já que não queres
fazer filhos tens que pagar a quem os faça. Lembra-te de que precisas de
humanos para rodar o teu dinheiro, não de robôs! É pegar ou largar!
O Mundo prometeu pensar na resposta.
Contudo, por coincidência, um dos seus amigos, um tal BCE, começou a
baixar, a baixar, os juros, e quase que já está a dar o dinheiro de
borla, a oferecer um período de carência aos tesos! É que o problema de
quem tem o dinheiro é esperar que alguém o peça para fazer alguma coisa,
porque a máquina de fazer dinheiro só o faz, mas até para isso é
preciso quem com ela saiba trabalhar!
Ó Mundo, lembra-te que tens de dar algum a fundo perdido ou terás teu mundo perdido!
Veremos a resposta que o Mundo dará, se pôr o dinheiro por muitos a
girar ou só em cada vez menos “mundinhos” se concentrar, como pirâmides
no meio do deserto da solidão social, erodidas por ventos revoltosos!
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Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
Gondomar
Gostei da fábula cósmica.
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