Esta revolta do povo grego contra
as imposições da União Europeia, manifestada nas eleições legislativas do
passado dia 25 de Janeiro, dando uma estrondosa vitória ao partido Syriza que
ficou a 2 lugares da maioria absoluta, é um aviso de que as pessoas começam a
estar fartas das forças políticas tradicionais e, desesperadas, voltam-se para
quem traga um discurso novo, seja de direita ou de esquerda. A Grécia, com
Alexis Tsipras e o Syriza e a França com Marine Le Pen e a Frente Popular, são
as oposições do momento, vincadamente mais fortes.
A senhora Ângela Merkel, Primeira-ministra
da Alemanha, é o rosto da austeridade imposta pela UE aos seus parceiros, que
atravessam graves dificuldades económicas. Logo, a cena apresenta-se como um
combate público entre uma nova versão de David (Grécia) e Golias (Alemanha e
seus acólitos). Apesar da diferença de forças, sabemos qual foi o resultado da
luta bíblica.
A comemoração dos 70 anos da libertação
dos prisioneiros de Auschwitz, que hoje está a ter uma repercussão mundial
através da comunicação, é um espinho cravado na nação alemã, e isso não é
benéfico para a sua imagem. Dizer que há gente que passa fome e mendiga nas
ruas de Atenas, que há 27 % de desempregados, que, na saúde, há falta de
assistência e que a Europa, capitaneada pela Alemanha, impõe programas de
austeridade quase desumanos, traz ao de cima um clima de desumanidade que
julgávamos estar enterrado.
Ainda que possa ser acreditada como
uma boa intenção, a criação da União Europeia cuja finalidade última seria o
evitar uma 3.ª Grande Guerra, começou assente numa falta de democracia, pois a
sua adesão não foi plebiscitada por todos os países que a compõem, salvo erro,
apenas a Suécia o fez. Como é possível uma instituição de raiz não democrática
dar directivas às democracias?
Os países têm a sua história e é
dela que os seus naturais se alimentam, pois das suas raízes vêm os costumes,
as tradições, as regras cívicas e uma soma de valores, que não podem ser
apagados por um contrato selado entre cúpulas governamentais que,
momentaneamente, estão no poder. Não é por acaso que, sub-repticiamente, a
disciplina de História vai sendo retirada dos programas de ensino. Eu verifico
isto logo no 1.º ciclo do ensino primário, onde a História e a Geografia, foram
substituídas pelo Estudo do Meio. Não me refiro a outros países da UE, porque
não tenho informação suficiente, mas, pelo caminho que as directivas da UE nos
conduzem não deve ser muito diferente. Para o grande êxito da EU será
necessário que se esqueçam as pátrias, e que os cidadãos se reconheçam, primeiro
que tudo, europeus. Isto é, em última instância, uma lavagem ao cérebro das
pessoas.
Qualquer cidadão ibérico tem mais
afecto com os povos da América do Sul, Brasil, México. Argentina, etc., que com
os povos europeus, por exemplo, da Finlândia, da Eslovénia, da Lituânia, da
Letónia, etc.. Um dos grandes entraves para uma franca adesão dos países à UE,
para além da história, impossível de apagar, e da economia, é a língua. Daí,
esta “fusão” europeia não ter futuro, por estar assente numa confusão.
27.01.2014 Joaquim
Carreira Tapadinhas
De facto, a BABEL é grande e diversificada. O ESPERANTO podia acabar com a hegemonia de algumas línguas europeias, como também os afectos para com os países latinos são-me mais fortes de que com os países nórdicos indicados.
ResponderEliminarSe os países do SUL da Europa não se unirem, um dia somos retirados do nosso e belo clima, pois os nortistas invejam-nos muito por isso, que eles jamais terão. E, como só temos uma vida terrena, eles JAMAIS, JAMAIS, JAMAIS!
Excelente texto! Vivemos momentos históricos muito dinâmicos, logo quando nos tocou viver! que bom, estamos vivos agora e dizemos...
ResponderEliminarObrigado aos meus Amigos José e Luís por se terem interessado pelo meu texto. Apenas e porque veio a propósito, informo que quando era novo praticava a língua esperanto, chegando a ter correspondentes no estrangeiro. Embora, hoje, esteja muito esquecido, continuo a ser sócio (n.º 17) da Associação Portuguesa de Esperanto, que tem sede em Lisboa. Em Montijo, no Ateneu Popular, que anteriormente se denominava ARO MONTIJANO ESPERANTO AMIKOJ, durante alguns anos leccionou-se o esperanto.
ResponderEliminarFoi publicado no dia 1 de Março, com cortes, e sob o título "A revolta do povo grego", na secção de Cartas dos Leitores, no Diário de Notícias.
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