quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

BANALIDADES NÃO DÁ!



BANALIDADES NÃO DÁ!
Nã!
Um poeta tem de cantar o belo;
o transcendental ,
 a beleza do imaterial!

Nã!
Escrever sobre  banalidades não dá;
sobre desemprego,
a falta de subsídios,
a falta da habitação,
a falta de natalidade,
a falta de saúde,
a abundância da corrupção!

Corrupção; a palavra do ano!

Mas,
falar da corrupção não é poético,
é banal ou talvez tétrico!
Nã!

Corrupção também não dá!

Belo, belíssimo,
é no meio do pó da minha rua,
ver  o novo Porsche do vizinho
a estrear,
com ele na rua pó a arrancar!

Ui!  Que poema,
que nem dá tempo para ler!
Os pobres da minha rua,
sem  trabalho, sem subsídio,
sem habitação, sem saúde,
de boca aberta, a ver
e pó comer!

O Porsche,
num ápice desaparecido!

Pum, catrapum!
Grande estrondo ao longe se ouviu!

O dono do Porsche morreu!

Fui ao funeral,
o condutor,
no caixão bem parecido!

E o Porsche?

Posch;
Poema que ninguém leu!

2 comentários:

  1. Palavras para quê ? É um poeta português a falar das banais misérias do nosso povo. . Gostei do poema que está cheio de verdades e de saudável ironia . Parabéns caro Silvino.

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