sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

EU QUERO ESTRUTURAR A DÍVIDA



Não estarei do lado de nenhuma conferência para estruturar a dívida”, Pedro Passos Coelho.

Como se pode dizer uma coisa destas? Pode-se, pode-se dizer tudo - a tal história da liberdade de expressão que vai do espectro do maior dos anormais ao maior dos génios – como também aceitamos tudo, e insisto nesta ideia que me enerva,  da fatalidade de que efectivamente esta gente aceita tudo sem piar.

No campo das hipóteses, se se realizasse uma conferência  sobre este tema, e se no final da sessão esta ideia ganhasse corpo, isso era mau? Era mau para nós? Porque é que era mau para nós? E porque não podemos e devemos estar disponíveis para discutir em fórum todos os cenários, a ver no que pode dar? Se no final a nossa vida melhorar, qual é o problema? Foi bom ter discutido, e decidido, e avançado.

Sinceramente não entendo.  E menos entendo que pensem e decidam por mim, sem me consultar , saber a minha opinião, que já que pago parece-me justo ter opinião.

Pois eu estou do lado de uma conferência - ou como quiserem chamar - para estruturar a dívida.

Mais, se um dia utopicamente puséssemos os contadores das dívidas todas nos zeros, nada aconteceria de novo no mundo, porque a dívida é um conceito virtual que alimenta modelos virtuais de dinheiro que não existe senão nos computadores. A única coisa que não é virtual – conheço-a pela designação de roubo – são os juros da dívida, esse sim dinheiro a sério que  vai directamente do bolso dos contribuintes para umas gavetas que não se sabe bem de quem nem onde.


Assim que eu, entidade empregadora  em “code share”, com os meus concidadãos contribuintes, envio o Senhor Primeiro Ministro à dita da conferência, e vai em económica e sem os cento e cinquenta guarda costas – que só isso é um avião inteiro de indíviduos com fácies marcial , caríssimo – e fica lá a ouvir tudo o que os senhores disserem e se eles no final negociarem uma negociação da dívida para os países do sul, assina  e ainda sorri para a fotografia.


1 comentário:

  1. Qualquer cidadão português e inteligente tem de ter em mente a reestruturação da dívida, porque, infelizmente para nós, sem crescimento de riqueza, mesmo que parte da população morra de fome e doença, não é possível pagá-la nas condições em vigor. Este artigo é uma boa abordagem do problema.

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