Há
quem diga que uma forma de fazer passar uma dor de cabeça é, sobre esta,
apanhar uma canelada. A dor de cabeça passa despercebida com a “sobredor” da
canelada.
Na
sua estratégia “política”, não tem sido raro este Governo associar esta “teoria”
à incompetência e mistificação, bem como à fragmentação e coacção social.
Um
exemplo é o de quando, em 2012, depois da dor de cabeça induzida aos
portugueses pela tentativa de corte dos subsídios de férias e de Natal, o
Governo, barrados esses intuitos pelo Tribunal Constitucional, lhes arriou com
a canelada das alterações discriminatórias à TSU. As marcas desta canelada,
apesar de atenuadas com a “caminhada” de 15 de Setembro, “diminuíram” a dor de
cabeça do “enorme” aumento de impostos que se seguiu.
Outro
exemplo foi em 2013, com o anúncio do sobrecorte de 10% no subsídio de
desemprego, canelada que, apesar de abafada pelo clamor surgido, serviu para “diminuir”
a subsequente (real) dor de cabeça dos efectivos cortes nesse subsídio e em
quase todas as outras prestações sociais.
Outros
exemplos poderiam dar-se. O mais recente foi com a TAP. Nos trabalhadores não
representados por sindicatos que deixaram de se opor à privatização, desistiram
da greve e “se sentaram” com o Governo, nesses trabalhadores menos
“colaboradores” (para além de no Código do Trabalho e, já habitual, na
Constituição), vá de ministro e secretário de Estado (declarações de15 Janeiro)
arriarem a canelada de dizerem que não lhes seriam “estendidas” as cláusulas do
caderno de encargos com protecção (temporária) de direitos laborais.
É
certo que, de seguida (16/1 na AR), o primeiro-ministro
“interpretou” melhor (que remédio, dura
lex sed lex) o “espírito” do ministro e veio “massajar” a canelada. E assim
- lá terão pensado os ideólogos (?) desta “estratégia” - até é capaz de
“abrandar” a dor de cabeça da privatização e consequente risco para todos de,
em breve, haver mesmo perda de direitos e despedimentos (e, em geral, prejuízos
para os portugueses e para o país) para aumentar os lucros dos compradores.
Mas
tem riscos esta estratégia “política”. Um deles é o de os portugueses se
tornarem menos “pacientes” e “resilientes” e, como cidadãos, retribuirem as
“caneladas”. O que pode levar a que o Governo seja expulso por … “jogo
perigoso”.
João Fraga de Oliveira,
Sta Cruz da Trapa
Saúdo com grande contentamento a entrada no nosso blogue, mesmo que através da Céu Mota, de um dos '12 cavaleiros de Os Leitores também escrevem' - o JOÃO FRAGA DE OLIVEIRA -, pois todos fazem falta para o nosso comum enriquecimento intelectual, bem como sabermos uns dos outros.
ResponderEliminarSeja, pois, BEM-VINDO!
Muito obrigado, amigo José. Não estar aqui mais regularmente convosco deve-se a meras dificuldades cibernéticas, verdadeiras (auto)restrições à liberdade de expressão ... por "nabice" minha.
EliminarVou tentar "ajustar-me" (ainda) mais ... à Girafa. É uma hipótese de ressuscitar os textos que vão para o "cadafalso", como há alguns dias escreveu o Joaquim Moura, no Público. Um abraço.
Uma análise rigorosa e sério na «inspecção» às caneladas do actual desgoverno do PSD/CDS e à canelada mais recente de tentar abrir caminho para a destruição da TAP. Um abraço amigo Fraga.
ResponderEliminarObrigado, amigo Ernesto. O que era bom era que os portugueses começassem a "inspecionar" as muitas caneladas que têm levado e respondessem em conformidade. Não se limitassem a ficar a "massajá-las", ... com "paciência".
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