quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

VIVER LIVREMENTE A VIDA

Cada um de nós veio para o mundo para viver a sua vida que é única. Contudo, segundo Agostinho da Silva, o nosso sistema educacional e o sistema capitalista global impedem-no, empurrando-nos para um trabalhinho que garante o salário mensal mas que não nos proporciona a missão de criadores, de tomarmos a iniciativa, de vivermos livremente a vida. A própria universidade serve para tirar cursos, para alcançar canudos, não para formar homens e mulheres. Forma, sim, essencialmente técnicos, especialistas, homens cuja linguagem deixa de ser inteligível para outros homens. Na escola as humanidades, a filosofia, são relegadas para segundo plano, desprezando-se o questionamento e o verdadeiro debate de ideias. Reinam o caos e a confusão, apenas refreados pela moral judaico-cristã. A ignorância, a manha e o chico-espertismo são premiados. A coesão é meramente artificial. Vivemos na civilização da concorrência, do combate, da mera luta pela vida, da batalha pela sobrevivência, como na selva. Poucos mantêm a dignidade. Poucos estão conscientes. Poucos mantêm em si a criança que faz o milagre de conseguir que o tempo desapareça.

A 31 DE DEZEMBRO DE 1917, NASCE O HISTORIADOR ANTÓNIO JOSÉ SARAIVA



Resultado de imagem para antónio josé saraiva


A 31 de Dezembro de 1917, nasceu em Leiria, António José Saraiva que foi um professor universitário, historiador de literatura portuguesa e ensaísta português. É vasta enorme a sua obra, destacando-se as seguintes: História da Literatura Portuguesa (obra conjunta com Óscar Lopes); Cultura; Maio e a Crise da Civilização Burguesa; O que é a cultura; História da Cultura em Portugal – (Vol. II) – Gil Vicente, Reflexo da Crise; As Ideias de Eça de Queirós; História da Cultura em Portugal – (Vol. 1); Luís de Camões; Dicionário Cínico; O discurso Engenhoso; Para a História da Cultura em Portugal (Vol. II); Para a História da Cultura Em Portugal - (Vol. I); Iniciação na Literatura Portuguesa; Ser ou Não Se Arte; As crónicas de Fernão Lopes; Gil Vicente e o Fim do Teatro Medieval; Estudos sobre a Arte D’os Lusíadas; A cultura em Portugal (Vol. II); A cultura em Portugal (Vol. I); A Tertúlia Ocidental; Poesia e Drama; O Crepúsculo da Idade Média em Portugal; A Inquisição Portuguesa (1955) e Inquisição e Cristãos- Novos (1969).
Recebeu os seguintes Prémios P.E.N. Clube Português Ensaio em (1991) e Prémio Jacinto do Prado Coelho em 1992.

Tendo vindo a falecer em Lisboa  no dia 17 de Março de 1993.

Mein Kampf

Muito boa, muito necessária e cada vez mais importante, a alusão muito bem explanada que é feita no PÚBLICO de ontem, à reedição — agora caídos os direitos “do” autor — de Mein Kampf (A Minha Luta) de Adolf Hitler.

Esta obra com “o” pequeno, que será reeditada na Baviera — Alemanha — mas com uns comentários por fascículos, é indispensável para hoje ser lida e relida por todos que o saibam e queiram fazer.

E para dar a melhor conhecer o que o doido nascido na Áustria, de seu nome Adolf Hitler, conseguiu fazer, quando democraticamente chegou ao poder na Alemanha, e depois pela força destruiu a Europa tendo “feito” a II Guerra Mundial.

E convirá nunca esquecer que Hitler teve imensos seguidores, e não fez tudo isolado. Teve as ideias deformantes da política e usou-as para tentar dominar a Europa. Assassinou, queimou, torturou milhões de pessoas, mas fê-lo por ter seguidores.

Hoje, quando estamos uma vez mais em tempos sem “orientação”, em que não se sabe viver em democracia, seria bom relembrar o que um fanático pode fazer, quando demasiados andam em procura de um salvador.

Assim, outro Hitler, nunca.

Mas seria bom todos não o esquecermos. Existem potenciais salvadores que podem surgir quando menos se espera, nesta Europa desunida, que tem medo de refugiados que fogem a uma réplica menor de um Hitler na Síria, aos dias de hoje, que, depois de lhes tirar tudo, quer tirar-lhes a vida!

E de um Daesh com loucos que se acham donos de vidas, que não são suas, mas matam como se o islão isso lhes exigisse — não exige —, sem saberem sequer aproveitar as próprias vidas!

Felicitações ao PÚBLICO, por trazer com o necessário relevo, e um bem fundamentado comentário, esta reedição do Mein Kampf. Nunca se deve “tapar “ a História, antes pelo contrário contá-la para termos memória — não só da semana passada — e se possível for, não repetir erros horrendos que ocorreram, aqui na Europa há 70 anos. E podem ser “reeditados” em qualquer altura. Já amanhã!

Esperemos que não.

Augusto Küttner de Magalhães,
(filho de uma refugiada austríaca, de Hitler, em 1938)
(Público, 22.1.22015)

Direita e esquerda, conceitos esvaziados

Com a globalização, que tem sido mais económica e financeira do que política e ideológica, os conceitos de direita e de esquerda que tão bem se defenderam entre os anos 50 e 70 do século XX, hoje, estão definhados.

E usa-se o termo mais para denegrir o outro, quando se sabe que ele/ela pensa de forma diferente de nós, mas não se vai ao cerne da questão, dado que isso dá muito trabalho e muitos nem sabem do que se trata. Colam umas fi guras ou uns figurões à direita e à esquerda e está feito.

Talvez, modernamente, tenhamos de nos deixar de slogans e ir ao passado não tão longínquo repescar o conteúdo de termos, reformulá-los aos dias de hoje e debatê-los com lealdade, transparência e menos agressividade.

A direita sempre defendeu mais o indivíduo, a nação, a soberania, menos Estado, menos impostos, menos distribuição de rendimentos, mais ricos, mais privado e menos público, menor regulação. Por contraponto a esquerda não comunista, dado que essa é estranhamente diferente, defendeu, e bem, o social, o colectivo, o global e solidário, mais Estado, mais impostos e mais distribuição de rendimentos, mais público no fundamental, mais liberdades e mais regulação.

Tanto direita como esquerda, sempre foram e são a favor da propriedade privada, quer de imóveis, quer de meios de produção, de lucro e rendimento. Claro que a direita sai excessivamente do Estado, entregando tudo aos privados, e a esquerda tenta, e bem, conservar e gerir não para o lucro tudo o que seja de utilidade pública, e tudo o que possa gerar monopólios privados, mas proclama em simultâneo a propriedade privada.

A direita é por norma contra o aborto, o testamento vital, a morte assistida, ao contrário da esquerda, que é a favor.

Hoje, estamos todos um pouco disfuncionais também nestas áreas, nestas definições, e na aplicação do que elas ao tempo de hoje podem ser e conter.

E deveríamos gastar todos muito mais do nosso tempo com isto do que com banalidades, o

disse-que-disse-mas-afinal-não-disse, com a maledicência, com reality shows, com coisas muito superficiais, muito passageiras, e que não nos ajudam a ter futuro.

Será possível? (...)

Augusto Küttner de Magalhães
(Público, 21.12.2015)
Porto

As presidenciais vão ser só bater em Marcelo?


PÚBLICO 14.12.2015



Será que a campanha para as presidenciais, que graças ao ainda actual ocupante de Belém — felizmente já por muito mais pouco tempo — só agora de facto têm tempo para ir começando a dar os primeiros “efectivos” passos, vai ser toda, unicamente, a bater em Marcelo?

Se for, de facto é capaz de ser muito, mas muito pouco. É mais um tempo de crispação que estamos a viver neste nosso país, principalmente desde os resultados de 4 de Outubro e com a demora exagerada do ainda residente em Belém, de dar lugar legal e legitimamente ao Governo que hoje temos.

Mesmo que, evidentemente, tivesse de ter começado pelo que, de seguida, caiu no Parlamento.

Mas esperar tanto, e ainda a agravar “o tempo”, quando as eleições para o Parlamento já deveriam ter sido no primeiro trimestre deste ano, foi muito mau. (...)

Quanto às presidenciais, esperemos que este cenário de crispação e rancor não continue.

Se Sampaio da Nóvoa tiver espaço para representar algumas ideias, todos os outros que querem ocupar o mesmo lado estarão a mais. Mas compreende-se que o BE, nesta maré ganhadora das suas jovens/mulheres, queira apresentar uma candidata, tal como o PC, que sempre o fez, para depois os retirarem na fase final.

Quanto à outra senhora, que até teve um bom percurso de vida, querer ser Presidente depois de ter defendido arduamente uma fracção que caiu no seu partido, e ainda para mais apresentando-se na parte mais importante das legislativas, o que pode ter prejudicado o próprio partido, é estranho, no mínimo. Mas que tenha a sua sorte, e deixe de malhar em Marcelo!

Quanto a todos os outros, e independentemente das sondagens, talvez fosse a vez de não estarem todos com a mesma cassete — como quem mais fazia isso, e ainda vai fazendo, e muitos nos lembraremos —, sempre a fustigar Marcelo. Talvez todos e cada um saibam “querer dar ideias” sobre o que deverá ser a Presidência da República a partir de 2016, até para se recuperar para o país, e para nós, população, uma instituição tão necessária num regime semipresidencialista, e tão menos bem conduzida nestes últimos dez anos, com especial incidência nos últimos cinco.

Não se pode nem deve — como tantos estamos, em tantas outras áreas, a fazer — esquecer o passado, antes pelo contrário, mas temos de ir em frente, fazendo ligações com esse mesmo passado.

Com ideias novas que sejam concretizáveis e que apontem novos caminhos, que não serão, por certo, unicamente “bater em Marcelo, bater em Marcelo” (...).

Augusto Küttner de Magalhães,

Porto

Fiscalização do trânsito

É difícil entender quais os critérios que presidem à actuação das nossas diversas polícias quando aplicam multas de trânsito.

Temos no Porto, mas também em Matosinhos, Vila do Conde e, se calhar, na capital, em avenidas e ruas de grande circulação, a qualquer hora do dia, veículos “estacionados” em segunda fila, em cima de curvas, nas passadeiras. Em locais não só proibidos — não é “feio”, se em prol de todos se tiver de proibir alguns comportamentos inadequados, até é democrático e civilizado — como incomodando tudo e todos, e até fazendo “também” transgredir quem normalmente quer circular.

Não poucas vezes, passam viaturas da polícia e nada acontece. E tudo impunemente se repete! E quando deixam os quatro piscas ligados e vão ao banco, ao café, às compras...? (...)

Mas aí vem multa, e lá aparece a polícia, um reboque amarelo e uma parafernália de sinais.

Pronto. Lindo, todos a actuar bem! Parece um país civilizado!

(...) E mais grave, até por já estar a originar acidentes excessivos, é a não paragem no semáforo vermelho. Mais acidentes não tem provocado porque a condutora que está no sinal que ficou verde não arrancou, por estar ao telemóvel ou no smartphone a actualizar-se, ao segundo, distraída na condução. Andamos todos tão distraídos na condução

(...). Não se quer uma filosofia de todos multar! Não. Mas com certeza que multar onde menos incomoda e não o contrário parece — mas deve ser erro de análise — mais ser a “caça” à multa do que a vontade de a autoridade se mostrar e querer fazer-se respeitar. Em tantos casos, a fiscalização, o controlo e a multa poderiam ser feitos a pé (...), com um terminal de computador ou até papel e lápis, na mão, tanta é a transgressão visível à distância sempre nos mesmíssimos locais, e a incomodar!

Augusto Küttner de Magalhães,
(PÚBLICO 06.12.2015)

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

BOAS ENTRADAS


Desejar feliz ano novo é uma tradição que vale o que vale .
Afinal de contas o ano só é novo porque recomeça a contagem dos dias e dos meses.
Tudo o que trazemos de 2015, transita para 2016, quer o bom, quer o menos bom e não desaparece por magia, nem porque à meia noite, alguns comem passas, batem tampas de panelas, dançam , gritam, beijam etc.
No entanto e apesar de todas estas contingências, quem tem a sorte a iniciar o novo ano é porque está vivo e se está vivo pode e na minha modesta opinião, deve começar cada dia imbuído de um conjunto de "ingredientes" que se não resolverem os problemas...mal não fazem de certeza.
Assim, em jeito de desejo de Feliz ano de 2016, e sabendo vós o quanto eu sou gulosa , aqui vos deixo uma receita que faço com frequência ...muita mesmo.
Quando me falta algum ingrediente é que é pior, mas faz-se o possível...
Não faço listas porque pode escapar alguém realmente importante - os / as destinatários sabem quem são e se não souberem, é porque não me conhecem como eu achava que conheciam...por isso...paciência!
*Semifrio de 2016*
Ingredientes:
* 500 ml de sonhos
* 100 g de saúde
* 250 g de esperança laminada
* 3 gemas de paz
* 50 ml de bom humor bem forte
* 1 colher de chá de amor
Preparação:
* Colocar a saúde num tacho, molhar um pouco com umas gotas de água e levar ao lume até fazer um ponto fraco.
* Misturar o bom humor com a paz e deitar, em fio, sobre a calda de saúde mexendo sempre.
* Levar ao lume novamente, sem parar de mexer, até ficar um creme.
* Deixar arrefecer...
* Bater 200g de sonhos com uma colher de bom humor frio e misturar, delicadamente, ao creme da saúde.
* Colocar no frio até ficar consistente.
* Ferver os restantes sonhos com o amor e duas colheres de saúde até formar um creme homogéneo.
* Juntar a esperança e servir morno com o semifrio.
Em 2016 temos 366 dias para pôr esta receita em prática! A todos vocês um excelente ano novo.
Ah...e nunca se esqueçam de dizer amo-te a quem gostam , todos os dias, nem que seja em pensamento - nunca sabemos se será o último.

Abraço amigo
da Graça 


Vão ficar impunes?

Mais uma vez os contribuintes vão pagar as asneiras dos governantes. Pedro Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque e Carlos Costa são os grandes responsáveis pelo que aconteceu ao Banif já que embriagados pela vontade de vender urgentemente o Novo Banco não quiseram em Março passado vender o Banif, assim como nunca quiseram dizer a verdade sobre o sistema financeiro português. Mais uma vez se comprovou que a mentira foi sempre uma especialidade de alguns membros do anterior governo e do governador do Banco de Portugal. Porque havemos de ser mais uma vez nós, contribuintes, a pagar? Não seria justo exigir criminalmente responsabilidades pelo sucedido às pessoas acima referidas, uma vez que, para não comprometerem a legislatura fruto do uso da verdade, "esqueceram" os problemas do Banif, enganando tudo e todos? Não será possível a instauração de um processo crime contra aquelas pessoas por negligência com dolo?


Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

Os riscos da «governação ideológica» e de «cuspir para o ar»

"Em matéria de governação, a realidade acaba sempre por derrotar a ideologia". "A governação ideológica pode durar algum tempo, faz os seus estragos na economia, deixa facturas por pagar, mas acaba sempre por ser derrotada pela realidade."
Esta opinião é do Presidente da República (PR), expressa no dia 22/12/2015, no Conselho da Diáspora.
Há lá algo mais ideológico do que isto?
Sim, porque a (suposta) negação da ideologia política (no sentido de, pela Política, a economia ser, como deve ser, um instrumento do desenvolvimento humano e social, da concretização dos direitos sociais, das condições de vida de trabalho das pessoas e das famílias e, portanto, da evolução da sociedade), acaba por ser a afirmação da ideologia dos "mercados", do tal “pragmatismo” assente na omnisciência, omnipresença e omnipotência da sua “mão invisível” (no sentido de, concretamente, também pela "política", as pessoas, a sociedade, serem o que não devem ser – como, por exemplo, com o apoio deste PR, o foram nestes últimos quatro anos -, instrumento dos interesses dos “mercados”).
Sim, há lá algo mais ideológico que o “pragmatismo” de alguém para quem, durante 20 anos, teve como (quase) única “palavra-chave” a “competitividade”, esquecendo-se “pragmaticamente”, de “ideologias” concretas e concretizadoras do desenvolvimento humano e social (saúde, educação, justiça, solidariedade e igualdade social, direitos sociais)?
Sim, há lá algo mais ideológico que uma governação (e, mais grave, uma presidência da República) assumida, “pragmaticamente”, com uma descarada parcialidade partidária, logo, … ideológica?
Mas, felizmente, a realidade é que este ideólogo da “desideologização” se vai embora dentro de três meses, “pragmaticamente” derrotado pela Constituição da República Portuguesa.
Daí que o sr. Cavaco Silva, fazendo jus ao que consta sobre os seus predicados (“nunca se engana e raramente tem dúvidas”), sim senhor(a), tem a sua razão: "a governação (e a presidência) ideológica acaba sempre por ser derrotada pela realidade".
Para além dos riscos da “governação ideológica”, talvez devesse ter mais em conta os riscos para os quais alerta um conhecido provérbio beirão: “Nunca cuspas para o ar, porque o cuspo te pode cair na cara”.


João Fraga de Oliveira, Santa Cruz da Trapa

Apesar de tudo, o PÚBLICO aguenta-se

Apesar de cada vez termos menos pessoas a ler, o PÚBLICO aguenta-se.
Apesar do imediatismo fazer parte do dia-a-dia dos nossos media e o PÚBLICO não seguir essa via, o PÚBLICO aguenta-se.
Apesar de o i, que nasceu já fora do tempo, mas a apostar na qualidade, não ter conseguido seguir o trajecto inicial, o PÚBLICO com qualidade aguenta-se.
Apesar de ter de acabar com o suplemento de domingo, que fazia parte da leitura de todos os que, mesmo com outros suplementos antes da Revista 2, lemos o PÚBLICO desde o primeiro número, o PÚBLICO aguenta-se.
Apesar de ter de deixar de ter alguns colunistas de qualidade, sempre, o PÚBLICO aguenta-se.
Apesar de cada vez haver menos publicidade para distribuir equitativamente pelos meios de comunicação escrita, o PÚBLICO aguenta-se.
Apesar de a leitura, mormente em papel, estar em desuso, o PÚBLICO ainda aguenta o papel em paralelo com o online.
Apesar de a qualidade não ser o mote do nosso quotidiano, seja em comunicação social, seja em muito mais situações do nosso dia-a-dia, o PÚBLICO com qualidade aguenta-se.
Apesar de o PÚBLICO ter tido, neste fim de ano de 2015, de fazer mais uns cortes de custos, o PÚBLICO aguenta-se.
Mau será o dia em que o PÚBLICO se não aguentar, ou tiver de seguir a via da não qualidade e não conteúdo para se aguentar.
E sem dúvida que temos de felicitar o engenheiro Belmiro de Azevedo, por ter criado o PÚBLICO e por estar a querer aguentá-lo contra ventos e marés, nestes tempos nada fáceis, para muita coisa: como a democracia, os valores e, claro, a imprensa com qualidade.
E o PÚBLICO aguenta-se e é muito bom.
Pena será o dia, que se espera não aconteça, em que se tiver de dizer, por já não ter onde o escrever, o PÚBLICO como PÚBLICO não se aguentou e acabou.
Esperemos que tal nunca aconteça! E todos dentro e fora temos de ajudar a manter o PÚBLICO!

Augusto Küttner de Magalhães, Porto
(Pùblico, 29.12.2015)

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Paulo pulou

E agora? Será que temos que confiar na decisão do centrista rolante Paulo Portas, que pulou fora do CDS/PP, que sabendo-se da firmeza sua e da voz grossa com que entoa qualquer comunicado, embrulhado de agressividade, na mistura aonde se mete sempre, ganha desta vez seriedade? Jamais será uma decisão irrevogável, e que não mais imitará o movimento do caranguejo, neste acto de abandono e de fuga, provocado pelo apagamento em que a derrota de 4 de outubro de 2015, o fez cair? Será que o líder da direita com representatividade indecifrável em eleições nacionais, constitui mais uma vitória de António Costa, ou que ele sentiu o seu esvaziamento e até apagamento dentro do parlamento, uma vez regressado à condição de terceiro plano enquanto deputado de uma bancada parlamentar, sem visibilidade, já que o seu antigo parceiro político, Passos Coelho, disso tratou ou viria a tratar, e Portas, conhecendo-o nós, não interiorizaria tal representação ou papel de figurante na Assembleia que lhe haveria sempre de parecer uma casa de comédia e de exílio, e ele feito boneco na prateleira até ao fim da legislatura do actual Executivo? A desculpa de 16 anos de reinado é suficiente para explicar ao mundo cristão-democrata que são suficientes, fatigantes, e que justificam a fuga anunciada, quando julgamos nós que o seu real fracasso/frustração, de acordo com a sua ambição, é nunca ter atingido o patamar maior como 1º ministro e ter a certeza que nunca tal acontecerá? E que trunfos tem na manga, para no day after que ele sempre esconde, vai pôr a andar por aí? Ou saberá ele que vai ter à perna uma Justiça que quererá por certo ver esclarecidas algumas suas intervenções na governança das pastas que arrastou consigo, enquanto ministro das fotocópias sobre negócios? Nós povo, teremos ou não razões para levantar tais interrogações, sobre este homem pouco fiável, mas um artista na contorção do verbo, quer enquanto jornalista maldizente, quer como político na chico-espertice e do oportunismo na hora certa, e com o parceiro vencedor mais à mão? Questões que só o tempo virá a responder, e nos dará razão, ou fará de nós um comentador pior do que ele foi, quando vendia banha-da-cobra por tudo quanto é sítio, jornal, ou feira de bonés.

                                                                       

A pena sem rosto

Uma expressão muito usada, que de certo modo propõem por água na fervura, e dar uma certa acalmia, numa qualquer questão maior ou menor, é- “ a mim já nada me surpreende”. No entanto no JN, há por lá uma mão escondida, que não sendo a de Deus, mete golo maradonesco quando puxa da pena e ajeita no Espaço do Leitor, as “cartas/opinião” que lhe são enviadas com a intenção de terem aprovação e publicação no jornal de âmbito abrangente de norte a sul do país. Sem as desfazer nem roubar-lhes a alma toda, que o autor bem intencionado lhe quis dar, fazê-la correr e a saber ao próximo, a tal pena sem rosto intromete-se, e obedecendo ao critério da síntese e da estética(!), provavelmente, elimina ou encurta aquilo que extravasa a originalidade primeira, e formata-as e molda-as ao seu gosto, aligeirando-as. Não se poderá falar de tesoura, ou de lápis azul, o que essa pena sem rosto anda a fazer por dentro da redacção e naquele Espaço de Opinião popular. Mais cedo, ou mais tarde para “desespero nosso”, elas lá vão sendo estampadas no jornal, e nós embevecidos como crianças que acabam de receber uma prenda em dia especial, sentimos, e reflectimos se a operação a que o “texto” enviado foi sujeito, perdeu ou ganhou nesse jogo que terá que obedecer ao regulamento que desobriga a qualquer explicação por parte de quem manda no jornal. E se umas vezes tal intervenção é por nós aplaudida, outra há em que sentimos invasão de propriedade e violação. Porém, e para grande alegria minha, sempre concluímos que afinal ainda há coisas que nos surpreendem, pois de forma geral nunca a nossa opinião foi severamente desvirtuada, e quantas vezes ela até ganhou melhor cara e mereceu longínquos e anónimos elogios, que devem ser partilhados entre nós e a estranha “pena sem rosto”, que se oferece sem aviso prévio, para lhes dar um corpinho mais encaixável no Espaço que lhe está reservado. E isto não é um piropo ao JN, já que a partir da legislação que entrou em vigor, estou proibido de o fazer!


A NOVA LINGUAGEM

Não falarei mais a linguagem dos partidos. Não falarei mais a linguagem da economia. Falarei como Jesus, Sócrates ou Nietzsche. Chegou a minha vez de me dirigir aos homens e às mulheres. Venho combater os mercadores e os vendilhões do templo. Mas também o homem pequeno que trepa e inveja. Amo as mulheres belas, mesmo que elas amem o ouro. Amo a liberdade e a justiça. Procuro o ser e não o ter. Todavia, vejo as pessoas separadas, fechadas em grupos, muitas isoladas. As próprias conversas normalmente não são elevadas, são triviais, corriqueiras. Está tudo cheio de medo do papão. De perder o emprego, de perder o cargo, de perder o dinheiro. As pessoas não se movimentam à vontade. Andam controladas. Só alguns escapam. E mesmo esses, algumas vezes, têm problemas de solidão ou de dinheiro. Ainda assim são homens e mulheres livres. Não obedecem a ordens nem têm patrões. Nem sequer têm nada a perder. É aqui que cheguei. Posso dizer e escrever tudo o que me apetece. Posso insultar o governo, o Presidente, os banqueiros, os empresários, os especuladores, a Merkel, o Obama. Posso gozar com esta merda toda. Posso dizer que o caos está próximo, como disse na RTP. É claro que preciso de um pouco mais de atenção, é claro que preciso de mais companheiros. No entanto, sei que digo o que poucos dizem. No entanto, sei que há forças suficientes para formar, quiçá, um novo partido ou um novo movimento. Porque sei que há gente descontente, gente que também põe em causa a linguagem dos partidos. Gente que pensa mais ou menos como eu.

€ 750 000,00? UMA AFRONTA!

Se precisássemos de uma demonstração clara que os dirigentes políticos do PCP estão ultrapassados no tempo, que passou há muito a sua validade, o previsto gasto de € 750 000,00 com a candidatura presidencial que apoiam, é um facto que chega a ser obsceno. Então o partido dos trabalhadores, dos fracos, dos pobres, vai "queimar" uma verdadeira fortuna em vão? Sim, porque o candidato comunista não tem a mínima hipótese de vencer, como não tiveram nenhum dos anteriores candidatos apoiados por este mesmo partido. Para que irão servir os € 750 000,00? Apenas para o PCP marcar uma posição eleitoral. Para afirmar que vale um pouco mais dos que os 8,25% de eleitores que escolheram a CDU em Outubro passado? Mas que dinheiro tão mal empregue, quando há tanta fome, tantas carências de todo o tipo neste País. Depois queixam-se muito do candidato Marcelo Rebelo de Sousa (MRS). Que esteve na TV durante anos como comentador, por isso é muito conhecido, não precisa agora de aparecer tanto. Mas alguém com dois dedos de testa imagina que um candidato que não tenha passado político, não tenha exercido funções ou cargos que o tenham tornado conhecido ou popular em todo o País, pode, ou sequer merece ser eleito? Claro que à luz da Constituição todo e qualquer cidadão tem direito a candidatar-se, mas para poder ser eleito tem de ser conhecido de toda a população. Por isso, em qualquer país desenvolvido, ou mesmo em vias de desenvolvimento, são candidatos os ex-primeiros ministros, ex-ministros, presidentes de partidos e outras personalidades relevantes das vidas nacionais desses países. Se MRS é já conhecido e não precisará de gastar mais do que uns modestos € 150 000,00 na campanha, mérito dele e só dele. O que os outros candidatos têm é inveja, uma característica (infelizmente) muito portuguesa.

SUBGENTE

                                         QUE ESPÉCIE DE HOMEM SERÁ ESTE…

Um sujeito da Póvoa de Lanhoso, que anda há uma dúzia de anos a brincar aos “produtores pecuários”, vem deixando morrer à fome os animais que possui na exploração, argumentando que não tem o que lhes dar a comer…
E é arrepiante o que o JN de hoje nos mostra: um indivíduo completamente desprovido de escrúpulos, apontando para uma vaca em agonia, dizendo que “já não come há uma semana e que já não dura dois dias, que já morreram mais de trinta e vão acabar por morrer todas”!
Não cumprindo as regras mínimas a que está obrigada tal actividade, segundo a Organização dos Produtores Pecuários do Concelho, este indivíduo ainda tem o desplante de culpar o Ministério da Agricultura de não o querer ajudar. E, para mim, o Ministério é culpado sim, mas de não ter já tomado medidas para colocar este indivíduo bem longe de onde possa fazer mal a qualquer bicho.
De facto, o que mais choca nesta notícia é saber-se que tal barbárie é possível num país dito civilizado, que até possui leis que criminalizam os maus tratos aos animais; que esta subespécie de homem pode deixar morrer à fome, sem que nada lhe aconteça, uma centena de animais; que ainda exibe sem pudor as “fuças” desavergonhadas como se fosse ele a vítima e não os animais.


                                            Amândio G. Martins

Portugal e os Descobrimentos (VIII - continuação)

Compatriotas,
Em Janeiro de 1988, por iniciativa de O Comércio do Porto, levou este jornal diário a efeito um certame intitulado ‘Portugal e os Descobrimentos’, em que os leitores poderiam dar o seu contributo, através da rúbrica ‘Rota dos Leitores’.
Contribuindo com muitos trabalhos, quero convosco compartilhar uma pequena parte dos mesmos e que foram publicados pelo citado jornal nortenho.
Assim, transcrevo-vos parte do que de meu nele foi publicado em 9/5/1988:
A NOSSA EPOPEIA MARÍTIMA
E “O COMÉRCIO DO PORTO”
Com oportunidade assaz feliz
O matutino portuense começou
Memoriando a história deste País;
É demanda “sui generis”, qu’originou
Rotas novas nos seus leitores
Cimentadas p’los sóis do tempo,
Indo às origens “beber”
O hercúleo esforço de tanto fazer.
Dilatando conhecimentos esfumados
Obrigou-nos a rever os olvidados.
Portugal escutando esta mensagem,
Ouvindo narrar o passado de glória,
Retirou da arca a homenagem,
Teceu o porvir desde o presente,
Olhou seus heróis – nenhum ausente.
José Amaral, com uma foto também da sua autoria.

Para quê eleições presidenciais ?

Prestes a começar a campanha eleitoral para as presidenciais é pertinente perguntar , para quê as eleições quando perante as sondagens verifica-se  uma grande distancia na votação em relação aos restantes candidatos. Professor Marcelo na corrida para Belém tem condições mais favoráveis , beneficiou de uma “campanha eleitoral” como comentador há anos embora , muito inteligente nunca revelasse a sua intenção, só á ultima hora num golpe que até se pode considerar oportunista , decidiu candidatar-se , um xeque mate aos restantes candidatos… Na “grelha de partida” partiu com um avanço , que lhe permitirá alcançar “ a meta” destacado dos restantes… A notoriedade que lhe deu a televisão vai permitir a um povo iletrado, humilde, indignado e fatalista, votar no Senhor Professor, que será mais do mesmo… Irá ser um novo cavaco, embora mais culto, inteligente , que conhece com profundidade a Constituição, boa formação jurídica . Seja como fôr faz parte da mesma área partidária, PSD, embora se esforce por dizer que vai ser isento, que vai fazer com que o actual governo governe, que não quer crises, etc , etc…  isto é tudo muito bonito mas não vai renegar o partido a que pertence, e tendo  uma personalidade muito original, imprevisível , por vezes desconcertante , é de duvidar da sua isenção e independencia.  O pais arrisca-se a ter uma evolução na continuidade, com a eleição do Professor… pese embora a sua campanha seja para provar o contrario , visita  á festa do Avante,  corre os lares de idosos, joga a bola com crianças, “dá beijos” a tudo que mexe, folclore do costume…  “Assegurada “ a sua eleição com votação esmagadora  , a melhor solução era a desistência dos restantes , até como protesto das condições desfavoráveis em que estão a competir, e ainda forma de evitar custos das campanhas,desproporcionados ,com a importancia da eleição que se está a tornar também atípica , pelo que demonstram as sondagens. 

Francisco Pina  

OS 151 COMEMORATIVOS DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Resultado de imagem para diário do notícias
Hoje dia 29 de Dezembro, o Diário de Notícias comemora a bonita idade de 151 anos de existência, idade, esta que não é muito acessível a qualquer jornal sobreviver com tão grande longevidade. Conseguir sobreviver e sabido resistir, fase às diversas transformações que o País tem vindo a sofrer ao longo deste século e meio de vida. Por “culpa” única e exclusiva de dois homens muito ligados às letras, que nesse dia 29 de Dezembro do já longínquo ano de 1864, fundaram este jornal, tendo sido eles, José Eduardo Coelho que nasceu em Coimbra em 23 de Abril de 1835, tendo vindo a falecer na mesma cidade dos estudantes, em 14 de Maio de 1889, tendo sido então o primeiro director deste jornal até à sua morte. O outro foi Tomás Quintino Antunes, cujo objectivo da direcção era explicado (e passo a citar, o seguinte, retirado há alguns anos de uma publicação a que tive acesso) …”que o jornal visava um único fim. Interessar a todas as classes e ser acessível a todas as bolsas e compreensível a todas as inteligências…”, objectivo este que este o jornal tem vindo a seguir e a cumprir na íntegra ao longo dos anos em que sou leitor, há perto de uns 49 anos, onde tenho vindo já nestes últimos anos, (confesso porém, que já não sou tão assíduo comprador do jornal, e como tal seu leitor), mas nos dias em que compro, o Diário de Notícias, tendo vindo a aprender e acrescento mais e mais cultura e sabedoria, e, desde de menino e moço, logo após ter aprendido a juntar as primeiras letras e a saber ler, até aos dias de hoje, somente com um interregno aquando da minha presença em Angola, no cumprimento do serviço militar obrigatório.
Confesso, que em tempos foi o meu jornal da minha preferência e referência, pela sua total independência e total isenção e de fácil leitura e grafismo, onde nos dias que compro, procuro as boas e más notícias, que correm o País e o mundo. Assim espero continuar a deliciar-me com as opiniões de jornalistas sérios e autênticos profissionais.
Mas como leitor-escritor de cartas, só lamentando infelizmente o facto, de neste último ano a oportunidade dos leitores em darem as suas opiniões terem sido demasiadamente reduzidas, chegando mesmo ao ponto de terem mesmo cortado por completo o “bico” a alguns leitores, direi mesmo aqueles que se têm mostrado mais “assanhados” e descontentes com os cortes que os responsáveis do jornal resolveram fazer com a secção “Cartas dos Leitores”. Contudo mesmo assim quero desejar as maiores felicidades para todos aqueles que trabalham nessa casa. Desejo e espero como leitor, continuar a ter um jornal independente, isento, livre mas que infelizmente não tem sido ultimamente, o defensor dos direitos e de transmitir a verdade a todos os cidadãos, com honestidade de homens da cultura, como são e que fazem parte do quadro desse jornal, e que tornam possível a saída deste jornal.
Que continuem a dar “Voz aos Cidadãos” , no vosso espaço das “Cartas dos Leitores” que tanta falta faz ao povo, que aí têm assim a possibilidade única de dizerem de sua justiça e a serem ouvidos devido ao caminho que este País está infelizmente a ser traçado e a ser (des) governado, e dirigido, neste últimos anos por um bando de incompetentes, que têm vindo a levar muitos portugueses à total miséria social.
Mas no fundo perante esta minha revolta, que já manifestei directamente ao jornal ,fui como tal fui severamente banido, no entanto desejo contudo os meus sinceros parabéns pelos 151 anos de uma enorme persistência e força de informar os leitores com a independência, isenção que os seus profissionais sempre demonstraram, mas que em especial todos os leitores-escritores de cartas mereciam da parte deste jornal um maior respeito, pois são estes que quando compram diariamente este jornal são o suporte para a sobrevivência do Diário de Notícias...não se esqueçam.


MÁRIO DA SILVA JESUS

A 29 DE DEZEMBRO de 1911, NASCE O ESCRITOR ANTÓNIO ALVES REDOL

Resultado de imagem para ALVES REDOL


A 29 de Dezembro de 1911, nasce em Vila Franca de Xira, o escritor português António Alves Redol. Foi um escritor português considerado como um dos expoentes máximos do Neo-Realismo português. Sendo autor de uma vasta obra ficcional, que inclui o teatro e o conto. De entre as suas obra destacam-se Marés (1941); Gaibéus (1939); Avieiros (1942); Fanga (1943); Anúncio (1945); Porto Manso (1945); a trilogia do Ciclo Port-Winw (1949-1953)Horizonte Cerrado (1949); Os Homens e as Sombras (1951); Vindima de Sangue (1953); Olhos de Água (1954); A Barca dos Sete Lemes (1958); Uma Fenda na Muralha (1959); Cavalo Espantado (1960);Barranco de Cegos (1962). No teatro escreveu ,Maria Emília (1945); Forja (1948); O Destino Morreu de Repente (1967); Fronteira Fechada (1972). Contos escreveu, Nasci com Passaporte de Turista (1940); Espólio (1943); Comboio das Seis (1946); Noite Esquecida (1959); Constantino, Guardador de Vacas e Sonhos (1962); Histórias Afluentes (1963) e Três Contos de Dentes Para o Ofício 4001 (1968). Na literatura infantil para quem gosta de imaginar que está dentro destas histórias -  Vida Mágica da Sementinha (1956); A Flor Vai Ver o Mar (1968); A Flor Vai Pescar Num Bote (1968); Uma Flor Chamada Maria (1969) e Maria Flor Abre o Livro das Surpresas (1970). Estudos - Glória: Uma Aldeia do Ribatejo (1938); A França: Da Resistência à Renascença (1949); Cancioneiro do Ribatejo (1950) e Ribatejo (Em Portugal Maravilhoso) (1952). Recebeu em 1950 o Prémio Ricardo Malheiros. Tendo vindo a falecer em Lisboa a 29 de Novembro de 1969.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Por qué no te callas?

Cada vez mais me sinto desiludido com Cavaco Silva. A última descoberta do sr. presidente cessante é que a “governação ideológica acaba sempre por ser derrotada pela realidade”. Quer ele dizer na sua que só se pode/deve governar sem ideologia? Mas então, isso não é, em si mesmo, uma ideologia? Quem quer enganar este professor? Ora, o que ele provavelmente queria dizer e não lhe chegou a língua, é que não se deve governar com ideologia “de esquerda” porque, na sua fraseologia atabalhoada, a direita, a tal que se subordina aos superiores ditames dos mercados, não precisa de ideologias e assim é que se conquista a felicidade dos povos. Melhor não diria Salazar, para quem o português comum deveria confinar-se à irrelevância política, deixando-se de “ideologias” e adoptando como sua a conhecida frase “a minha política é o trabalho”. Não satisfeito com tantos pensamentos profundos, Cavaco não prescindiu de alertar os portugueses para os perigos da falta de confiança dos empresários investidores no nosso País, sobretudo se os seus cidadãos insistirem em andar por aí a pensar alto e a difundir “ideologias”. Não sei se o sr. presidente cessante se referia aos empresários do sector financeiro que, amparados por governantes “pragmáticos e sem ideologia”, como os do anterior governo, não param de dar as “barracas” que lhes apetece e apresentar, no final, as respectivas facturas aos de sempre, os tais que se devem afastar de “ideologias”.  Só me apetece plagiar o antigo rei Juan Carlos: por qué no te callas?

Público - 26.12.2015 

Portugal e os Descobrimentos (VII - continuação)

Compatriotas,
Em Janeiro de 1988, por iniciativa de O Comércio do Porto, levou este jornal diário a efeito um certame intitulado ‘Portugal e os Descobrimentos’, em que os leitores poderiam dar o seu contributo, através da rúbrica ‘Rota dos Leitores’.
Contribuindo com muitos trabalhos, quero convosco compartilhar uma pequena parte dos mesmos e que foram publicados pelo citado jornal nortenho.
Assim, transcrevo-vos parte do que de meu nele foi publicado em 21/4/1988:
ACRÓSTICO HENRIQUINO
Inda muito há p´ra contar
Nesta ímpar Odisseia,
Fazendo a retrospectiva que foi
Aquilo que na História ficou.
Nossa herança por vezes dói,
Transcorridos estes séculos nos restou
Erguer nossa homenagem agora.
Dom Henrique tudo merece de nós,
Orgulho sacro desta terra lusitana,
Marinheiro-gigante de “cascas de noz”.
Honrarias sinceras merece
Este nosso ínclito “almocreve”,
Nascido neste bom Porto,
Rincão prenhe de tradições,
Isso muito a todos toca.
Queira Deus qu´este ideal
Urze sempre neste jardim
E glorifique este Portugal.
José Amaral, com foto da minha autoria mostrando O INFANTE com os seus marinheiros saindo para novas conquistas e GLÓRIA de PORTUGAL.

A INVENÇÃO DA ESPERANÇA

Trazia laivos de esperança espetados na dor,
memorias longínquas de gargalhadas e sorrisos
que os lábios tentavam esboçar 
na ténue tentativa do recomeço.
Trazia também o peso dos dias de noites eternas
em que implorava o sono
e na sua ausência pintava a escuridão de paisagens de luz e cor
onde sonhava acordada uma vida por inventar.
Sabia que as papoilas que trazia nos lábios
a pele de marfim e os olhos de mar
eram os seus únicos tesouros.
Sabia também que a dor a tornara guerreira.
Por isso resistia.
Por isso insistia.
E quando todos lhe negavam o olhar, sorria.
E sorria ainda mais, porque nos confins do sentir
só ela sabia que o seu refúgio de luz e cor
tinha gente dentro.
Tu habitavas por lá…

©Graça Costa
imagem da web




MORTE EM "PRIME TIME"





Um homem morreu. Os seus celebram-no, envoltos no luto, choram o que têm a chorar – muito – vivem momentos de uma tristeza que não se descreve com palavras. Extravasam raiva, sentem-se injustiçados, impotentes. Amanhã vão continuar a viver, com uma parte a menos, um vazio que deixa uma mancha negra que não desaparece, impressa como se fosse uma tatuagem, até que as suas mortes os apaguem, quando for o momento de ser.

Tomamos conhecimento dessa morte notificados pelos jornais, estamos constantemente a sermos notificados de mortes chocantes, tão banais como a vida. Reagimos em modo tépido, partilhando comentários frouxos entre conhecidos, e esquecendo-nos rapidamente do episódio em maneirismos egoístas, enojados por um tema mais que batido.

Esse acontecimento real, para nós não o é, porque não foi connosco, foi ao lado, na distância física de um ecrã de televisão, ou de uma folha de jornal. Enquanto não é connosco, é uma coisa distante, pouco verdadeira. Mórbida é certo mas um espectáculo.

Quando as mortes são muitas e as imagens arrepiantes, é hábito solidarizarmo-nos, invocando os Direitos Humanos, querendo exorcizar a maldade do mundo, sofrendo reacções alérgicas exuberantes, e a seguir de novo esquecemos, porque ninguém aguenta estar sempre a olhar para o negro.

A verdade inconveniente é que vivemos num país que desrespeita os direitos da condição humana, que maltrata pela negligência, a omissão, o desprezo, a soberba da palavra política aldrabona, prostituta, desleixada para os outros, só preocupada com o seu bem-estar.

Quanto um alto dignitário tem uma urgência, telefona para os amigos, se não houver resposta local imediata, enchemos (desconhecendo isso) o depósito de um avião de Estado, para que se cuide lá fora.

Não há castigo para os influentes com correligionários influentes, eles pairam acima do pecado. Não há crimes de colarinho engomado, é tudo um “suponhamos”, maledicência nossa, muita inveja pelo seu sucesso.

Esses crimes – que não o são porque os políticos não cometem crimes - resolvem-se nas comissões de inquérito, que se hão de constituir, sem desfechos, arrastadas em infinidades, que trazem o esquecimento que se pretende. Ou então fazem-se novas leis, que anulam as anteriores, e assim tudo se soluciona, no mais brilhante formalismo do Estado de Direito.

Nós julgamos que estamos a pagar para ter uma equipa de neurocirurgia na principal urgência da maior cidade do País mas o dinheiro vai para os honorários generosos duma elitezinha sarnosa que se pegou à nossa pele, não havendo para já unguento que a despegue.

Os que como nós – sensíveis, logo fracos – enjoam e repelem não passam de pobres loucos, aos olhos desconfiados dos transeuntes que circulam de manhã pelas ruas, ombros descaídos, pálidos, as órbitas encovadas por uma noite de insónia, derrotados porque o árbitro roubou um penalti, ou porque ficaram acordados até tarde, esperançados de assistirem a uma cena de sexo explícito numa série televisiva que mete  vacas e bois, bácoros, e muitas galinhas.

Uma vida, no meu país, vale pouco, pouco mais que o tempo de glória em que a sua morte é anunciada em prime time.