Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
terça-feira, 8 de dezembro de 2015
Já não há Natal
O Natal está aí à porta, mas não à porta de todos os portugueses. O Velho, trajado de cor circense, que se mete ao caminho idílico num trenó escorregadio, parecido com o Karl Marx, dono do “Capital” mal investido, não sabe da “existência” do TGV que “liga Lisboa a Madrid”, aproveitá-lo, e com isso ajudar a promovê-lo. Idealizado a alta velocidade, e posto a rolar no tempo das promessas que os carris políticos põem a acelerar na época eleitoral, para levar à boleia o povo eleito, primeiro, e a pagar, bem, logo na 2ª estação os passageiros iludidos com tanto progresso retido no papel e na cera dos gabinetes, não trará com ele coisa que valha a pena a deslocação e a despesa com o desgaste no transporte e nas renas, e o cansaço a que se submeterá. Arrisca até, chegado cá, gripado, a recorrer ao Serviço Nacional de Saúde e a ter consulta só lá para o próximo advento, como acontece comigo que estou há um ano à espera de consulta para determinação de cirurgia a uma hérnia inguinal, e até hoje, toma lá nada. E nada, é o que esperam do Pai Natal todos os necessitados que em Portugal dormem debaixo do tecto com um frio de rachar, igual ao que sentiriam se na rua gemessem embrulhados no papelão, como os marginalizados, abandonados, desprezados, silenciados e sempre presos à côdea na noite estrelada, embora umas senhoras e meninas à mistura com disponível caridade, os acorde de vez em quando com uma sopa fumegante de “desamor”, e é se a recolha à porta do capital do supermercado tiver sido um sucesso – o que tem sido, haja Deus e sacos para encher. Dentro de dias se saberá, se nós portugueses desafortunados ou abonados, tristes e alegres, bem ou mal acomodados, que faz de cada dedo da mão enrugada um cano apontado à cabeça, se o Natal está à porta de cada um, ou se ficamos à porta do Natal, como é tradição, com as mãos trementes e vazias, o coração encharcado nas lágrimas, a estremecer de raiva ou conformismo, ainda com vontade de rebentar com as luzes que nos cegam, e que fazem de alguns de nós adereços pendurados numa árvore a que chamam, pinheirinho, muito lúdico e ornamental, e outros vão ser dispostos com ternura infantil num presépio de entretenimento para o pagode que discursa e que arrota de felicidade por tanta fartura melada. É que o Natal, já não vai de porta em porta como quando eu era do tamanho do Menino Jesus. Eu hoje exijo ser mais que simples adorno!
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