Surpreende-me sempre a coragem instantânea com que algumas pessoas, às vezes de bastante idade, enfrentam a bandidagem armada que lhes assalta o estabelecimento comercial, ou a residência, reagindo aos ladrões com os meios que tiverem à mão, quando todas as regras aconselham a não lhes opor resistência, porque são alimárias capazes de tudo e o mais importante é salvar a vida; todavia, talvez por esperarem que ia ser fácil deitar a “luva” ao que pretendiam, a surpresa com que se deparam acaba por desmobilizá-los e forçá-los a correr dali para fora, por entretanto se ter esgotado o tempo que teriam calculado para a operação de rapina.
Mas passado o momento de aflição, é frequente ouvir alguns desses heróis afirmar que, depois de se verem livres do assalto, também lhes custa a crer como foram capazes daquilo; e foi o que ouvi a uma comerciante espanhola, senhora muito jovem que, sozinha na sua loja, apenas com uma filha pequena por ali a brincar, viu entrar um sujeito directo à registadora, exigindo-lhe o dinheiro que tivesse.
A cena, que ficou gravada pelo sistema de segurança da loja, foi passada na televisão e, vista assim, até parece divertida,vendo-se a senhora, muito próxima do ladrão, responder-lhe na cara que não lhe dava nem um “duro”; e quando o bandido lhe apontou a pistola gritou-lhe, sem pestanejar, “dispara, se tienes huevos!”, e a verdade é que o patife não só não disparou como correu pela porta fora, deixando a logista sem pinta de sangue, segundo contou, porque só depois se lembrou da pequenita, que entretanto se tinha escondido...
Amândio G. Martins
Sem comentários:
Enviar um comentário
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.