quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Discutir o "sexo dos anjos"

 

“O direito a viver não pode transfigurar-se num dever de viver em qualquer circunstância” -  concorda  o Tribunal Constitucional, como já anteriormente tinha lavrado, o que torna ainda mais incompreensível a insistência “picuínha” em devolver o texto aos seus mentores, fazendo lembrar aqueles senhores que, também envoltos em batinas pretas discutiam, no século XV, em Constantinopla, o sexo dos anjos; claro que a Direita aplaude a rejeição do TC porque, para “eles”, só o que tiver nascido no seu seio tem valor superior, e não digerem a frustração de constatar que não lhes pertence mais, “por direito divino”, o governo permanente dos povos.

 

Exigem um referendo, pois claro, porque aí vão ter uma campanha para manipular, até à náusea, o medo e a ignorância das pessoas em tão relevante questão, com as mentiras mais escabrosas, com a mesma linguagem usada contra a lei da interrupção da gravidez, nada preocupados com o número de abortos clandestinos, que matavam e estropiavam muitas das mulheres que não podiam recorrer a uma clínica de luxo no estrangeiro.

 

Querem um referendo onde poderão pôr em prática o mesmo estratagema já usado com sucesso naquele da regionalização, que adiou “ad infinitum” uma reforma importantíssima, que conferia aos que estão mais próximos dos problemas poder e meios para os resolver com mais presteza e eficácia; lembro-me que o argumento era o de não permitir que se "retalhasse" o país, que se criassem mais tachos e mais corrupção, mas o que daí resultou foi ficarmos como o “cu”, para trás, se compararmos com importantes países à nossa volta...

 

Amândio G. Martins

 

 

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