quinta-feira, 31 de julho de 2014

No meu prédio estamos quase na falência, mas não arredamos pé



O meu vizinho navega em ideias e é um homem expedito.

Tudo começou quando um dia ele veio bater, porta a porta, disponibilizando as suas economias, caso tivéssemos alguma aflição: “logo pagaríamos, vizinhos são para as ocasiões, afinal estamos todos no mesmo prédio, prontos a estender uma mão amiga”.

Alguns, aflitos para poderem continuar a usufruir das casas dos segredos e das passarelas vermelhas,  e dos quatrocentos e vinte e cinco canais - todos bons - alinharam logo.

O vizinho de cima, que andava com problemas para pagar a mensalidade de um sistema de saúde simpático a que tinha aderido - por não ter médico de família - bateu-lhe à porta a pedir conselho, e ele, prontamente, e por ser homem de muitos contactos, encaminhou-o para uns amigos que lhe iam tratar convenientemente da saúde.

O do rés do chão direito, há trinta e três anos que não ia de férias. Tinha um sonho por realizar. “Não há problema, tenho uma pequena sociedade barata, em parceria com rapazes das obras, e dispomos de uma meia dúzia de bons apartamentos – quase mesmo hotéis – para onde o estimado vizinho vai de férias, agora mesmo, e logo se verá”.

O da cave – de aspecto sempre miserável, mas são os que mais enganam – perguntou-lhe se ele conhecia alguém na áfrica, que tinha lá família, e se podia enviar algumas patacas.

 O vizinho empreendedor respondeu que não só as enviava, como ainda haviam de chegar em maior quantidade do que as que tinham sido enviadas: aquele truque da multiplicação do dinheiro!

Com todo este relambório, eu que sou de poucas confianças e não me lembro de um almoço grátis, animei-me e fui bater-lhe à porta.

-       Como está senhor Insonso? Disse quase a medo.
-       Olha o meu amigo Robalo, prezo em vê-lo! (esta do prazer não me soou !)
-       Vinha pedir conselho.
-       Amigo Robalo, estou no mundo para ajudar! Em que posso ser útil?
-       Gostava que o meu filho fosse para a Universidade, mas não tenho capital  para as propinas.
-       Não pense mais nisso homem! O miúdo quer estudar o quê?
-       Era computadores.
-       Está bem. Vai estudar sistemas de segurança informática, e se for bom,     logo se lhe arranja um canto numa pequena empresa de uns conhecidos.
-       Deus o abençoe, senhor Insonso!
-       Homessa! Venha daí um abraço.

....

Na verdade vivemos todos anos de grande felicidade neste prédio, até ao dia em que a vizinha zarolha do 2º esquerdo, que apesar de zarolha, tinha um posto permanente de observação e controlo à janela da sua sala de estar, veio avisar-nos de que o Sr. Insonso andava a carregar a carrinha Ford Transit com os seus pertences.

Ficámos à coca, mas expectantes.

Passou-se algum tempo e nunca mais vimos o vizinho empreendedor (dos familiares já sabíamos que estavam para os lados de Álcacer onde têm umas hortas).

Ontem porém, tudo nas suas casas a jantar, e eis que o secretário da junta – rapaz que apreciamos muito pela educação e bom trato (eu não me queixo , sempre que nos cruzámos no café ele cedeu-me a sua chávena) – informa-nos que estamos todos convidados, em nome da boa vizinhança  a pagar em prestações suaves, as dívidas contraídas pelo nosso mecenas, que teve que se ausentar temporiamente por uma indisposição incómoda, mas há de voltar.

Afinal os vizinhos são para as ocasiões! Venha o bem, venha o mal, se o vizinho nos deu a mão, porque havemos agora de recusar um dedo? Mindinho que  seja!

O que vale é que a malta do prédio está muito organizada. Já no caso do senhor Santos, fizemos senhas para vender na quermesse, e ajuda-lo a sair dos apuros ingénuos em que se pôs de emprestar dinheiro a toda a gente com dez por cento de juros garantidos. À cabeça!

Terminamos agora  uma reunião de condóminos, e concordámos em dar cinquenta por cento dos nossos salários para ajudar o Insonso e também para que o presidente da junta garanta mais um mandato, ou dois ou três: os que lhe  faltem!


Vamos deixar de ver programas de entretenimento televisivo; clínicas de luxo para tratar maleitas comezinhas como a cancarotcháu; férias de pernocas ao léu, façam-nas nas varandas; dinheiros para a família em áfrica, eles que plantem mandioca; e o meu filho na universidade, com trabalho garantido para o senhor Insonso, a defender os seus segredos informáticos, com contrato temporário a seiscentos euros por mês mais impostos,  que se dedique à pesca - o meu filho - coitado que é vegetariano! 

Por obra e graça celestial

Por obra e graça celestial da cidade hollywoodense de Portugal – Lisboa -, o pelouro da Cultura de uma conhecida casa de família que bem geria os dinheiros alheios, disponibilizou – soubemos ontem (30/7) – a módica quantia de 3 577,3 milhões de euros para a rodagem de dois épicos filmes – O Monte Branco e o Rioforte, os quais, em versão genuinamente à portuguesa, ultrapassam de longe, tanto em esplendor como em gastos, os também consagrados O Monte dos Vendavais e o Rio Bravo.
Portanto, logo que a caloraça do Verão termine, estes remakes do passado, agora numa versão tipo ‘ó mar salgado, quantas lágrimas conténs deste povo desgraçado e depenado’, os tansos de sempre e para todo o sempre poderão deliciarem-se em muitas sessões da ‘meia noite’, aonde o ruído do ranger de dentes ultrapassará o rilhar de pipocas e o sorver de limonada à americana.

Texto também publico no PÚBLICO de 1/8

José Amaral 

Ando muito aturdido

Cada vez fico mais aturdido com a desmedida desonestidade que grassa ao mais alto nível no mundo financeiro, com o conluio criminoso dos seus periféricos pajens e excelsos delfins – luciferes de estimação -, que desviaram e desviam tantos milhões como de estrelas existentes no firmamento.
E, depois, é o povo sem cheta que tem de voltar a encher os cofres que tais abutres roubaram à comunidade.
E o que mais me custa a engolir é a existência de súcias de ‘cândidos e probos cavalheiros’ que só de honorários prestados são obsequiados em mais de cinco milhões de euros, ou por terem auxiliado algum ‘desvalido’ de topo receberem uma ‘singela prendinha’ de catorze milhões de euros.
E, finalmente, é essa a gentalha que dirige os nossos destinos, que contristada diz ‘compreender e sentir’ que os ordenados de miséria da base da pirâmide salarial chegam para tudo, até para serem dizimados pelos chuladores governos de onde descendem todos esses ladrões topo de gama.


José Amaral 

quarta-feira, 30 de julho de 2014

A bandalhice total


Cada dia que passa, tenho mais dificuldade em perceber as regras de convivência e o respeito que deve existir, quer entre as pessoas, quer entre as diversas instâncias orgânicas que são suporte da nação, órgãos que naturalmente são representados por pessoas. A Assembleia da República não faz leis claras sobre a administração do país, quer sobre o relacionamento entre as partes que integram a produção de riqueza, quer nos direitos e deveres dos cidadãos, quer na administração da justiça, quer no funcionamento das instituições. Tudo são remendos sobre leis confusas, quase sempre encomendadas a consórcios de advogados e juristas, pagas a preço de ouro, que deixam sempre uma fuga para quem tem possibilidade de contestar as sentenças das primeiras instâncias. Quanto à realidade concreta da lei que regulamenta os rendimentos do trabalho, sejam eles de actores no activo ou na reforma, conseguiu que haja um salário mínimo legal, mas não tem um tecto para um salário máximo, havendo o escândalo de alguns portugueses, seja na área do governo ou em empresas tuteladas, ou ainda nas instituições privadas, beneficiarem de rendimentos mensais correspondentes a dezenas de salários. Se estes deputados representam, de facto, o povo, então o povo está muito mal representado.
Como pode um Governo elaborar uma lei, seja orçamental, seja outra, e pedir ao PR que, sobre ela, peça uma fiscalização sucessiva ao TC? Isto é uma falta de respeito que condiciona o PR e, o triste, é que nenhum comentador político tem a coragem de se insurgir contra o facto.
Como pode um governante dormir descansado, se quase um milhão de cidadãos estão desempregados e, se algumas centenas de milhar já perderam o subsídio de desemprego? Apesar do reclame governamental de que se vão criando alguns postos de trabalho, nós vamos constatando que diversas empresas vão fechando linhas de produção ou agências de serviços, como sucede com bancos e seguros. Se há milhares de reformados que auferem menos de 300 € mensais, e as rendas das habitações, alguns produtos alimentícios, o gaz, a água têm subido de custo ainda que paulatinamente, e que ainda têm de ajudar familiares sem rendimento, como é possível suportar a situação por mais tempo? E isto sem que se notem quaisquer medidas para atenuar a desgraça. Experimentassem essas pessoas viver, nem que fosse só um mês, nesse esquema de vegetação, decerto encontrariam outro caminho para melhorar o estado de sítio. Nós sabemos que não é fácil remediar tal tragédia, mas quanto mais tarde se enveredar pelo caminho do tratamento correcto, mais difícil é de curar o corpo ferido, que pode gangrenar.
As dificuldades nas instituições do sistema bancário, sendo a última do ultrapoderoso BES, tudo está a contribuir para o desastre económico e financeiro que se implantou neste país e agravará a situação da dívida pública, seja a soberana, seja a das empresas públicas, pois a promiscuidade entre governo e bancos, sobretudo pela necessidade de que estes adquirissem um grande parte da dívida oficial, criou uma interdependência. No final, no saldo, no acerto de contas, quem virá a sofrer as consequências, são os mais débeis economicamente, os pobres e a classe média, tal como nos edifícios são os pilares de baixo que suportam todo o edifício.            

Joaquim Carreira Tapadinhas, Montijo

Estou solidário com Hugo Ernaro



Fico completamente siderado com todas as injustiças que são praticadas e, no caso em apreço – do Hugo Ernaro, o militar da GNR condenado pela morte de um menor, – estou solidário com ele e com o movimento de solidariedade de concidadãos, para que tente defender-se da injusta condenação a que foi sujeito, quando desempenhava cabalmente a missão para que foi incumbido.
É lastimável que se acusem as forças de segurança de actuar ou de não actuar, mas quando actuam com toda a eficácia, são condenados por isso mesmo.

Texto também publicado no DESTAK de 31/7

José Amaral

terça-feira, 29 de julho de 2014

Escravos em Portugal

As novas escravaturas

Sobre o flagelo da escravatura e que terá sido abolida durante o século XIX (em muitos casos só no papel) ainda haverá muito a fazer até ser implantado em todo o planeta o respeito pelo ser humano.
Vem isto a propósito da utilização no nosso País de vagas de “migrantes” que apesar de serem milhares parece que ninguém sabe como chegam, e raramente se fala das condições em que vivem e se actua em defesa de trabalho de rosto humano. Esta maneira de proceder e a falta de fiscalização oficializa uma verdadeira escravatura
Choca muito, também, rematarem estas noticias com: os portugueses não querem trabalhar, só querem receber subsídios; lá procurarem emprego já não é com eles… Há trabalho na apanha da azeitona, nas vindimas… mas os nossos desempregados nem querem ouvir falar disso.
Pois é! Como é que alguém vai aceitar uma ocupação nos confins de quatro mil hectares sem ter ao menos uma casa de banho para no fim de um dia de trabalho ter um banho? Já não estamos nos tempos dos bárbaros nem das cruzadas. Porque é que localmente não se organizam acomodações dignas para alojar esta mão-de-obra sazonal?
Os portugueses querem trabalhar, querem viver de um ordenado digno para constituírem família, terem filhos. Os portugueses querem escolher e comprar. Os portugueses não querem viver de sopas. 

Publicado no Diário de Noticias de 23/12/2013 com alguns cortes. 

Retomo este assunto face a notícias que estão a ser difundidas sobre o trabalho dos Tailandeses em Odemira

Que selecção nacional de futebol?

Antes, a base de uma sólida e vencedora selecção nacional, era assente em um só clube e mais uns quantos outros bons jogadores que pontificavam em outros clubes nacionais.
E, foi assim, que em 1966 chegamos aonde chegamos, só não sendo campeões mundiais porque os ingleses, os nossos ‘velhos aliados’, nos traíram mais uma vez.
A Espanha fez o mesmo, assentando todo o seu poderio vencedor numa só quase equipa – o Barcelona.
A Alemanha, idem aspas, pelo que foi o Bayern que municiou a equipa que é a actual campeã mundial.
E, nós que fazemos? Em todo o plantel das equipas nacionais da I Liga, que jogador português existe para integrar uma selecção das Quinas ganhadora? Só estrangeiros, mais estrangeiros!
Assim, ‘jamais, jamais’, como disse o político.

Última hora: Os sub 19, garbosamente, qualificaram-se para a final do Campeonato Europeu, em que irão defrontar a Alemanha, após terem ultrapassado a coesa equipa da Sérvia nos penálties.

José Amaral

segunda-feira, 28 de julho de 2014

O Comentador de assuntos vãos

"O COMENTADOR DE ASSUNTOS VÃOS "

ficção abusada em www.luizrobalo.blogspot.pt

para partilhar com os meus companheiros da "boa língua".

Latidos poéticos



LATIDOS POÉTICOS
Na escrita do deve e haver
entre fortes e fracos
os fortes têm sempre a casa do Poder
os fracos são criados de quartos

entre senhorios e inquilinos
sempre  questões:
os senhores
uns“cretinos”
a imporem condições

quando os fracos vão à justiça
buscando da moral o norte
depois de muita liça
quem vence e ri é o forte

quem senhores anda a servir
e poder deles toma
quando casa de Poder construir
senhor logo se torna

Os fracos reivindicam direitos
os fortes impõem tortos
pós guerras e pleitos
milhões de fracos
mortos!

e a poesia?
que faz a poesia na vida?

a poesia nunca governou vida
nem em governos soube governar

a poesia
canção dos fracos
 ” latida”
à caravana do Poder
a passar

nunca se soube
de governos de poetas

embora governos tenham alguns
mas decretos
publicados em poemas
nunca se soube de nenhuns

como mera opinião
de tudo o que na vida vi
tenho como conclusão
que quem anda a servir outros
deve aprender
rapidamente
ou aos poucos a ser senhor de si

não adianta a deuses dos fracos rezar
para a sorte de se tornar mais forte

pois são fortes que fazem o altar
onde fracos vão adorar

o fraco esquece
que o poder não está em quem manda
mas sim em quem obedece
se não obedecer a quem manda
a roda ao contrário desanda

depois 
novamente
fracos reivindicarão direitos
fortes imporão tortos

assim foi
sempre será
enquanto houver gente
fracos a obedecer
fortes a mandar
a mandarem fazer altares
para fracos adorar

eu era para falar de esperança
mas a esperança está em coma
e poesia não é coisa 
que por pão se toma

quem governa
não tem medo de poetas
nem de seus versos
mas sim de balas
por perto
.....................xxxxxxxxxxxxx.........................
Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
( figas de saint pierre de lá-burque)
Gondomar

Quem é racista?



Acabo de ler uma notícia assim intitulada: Tiro da PSP salva jovem africano de linchamento em bairro.
E, vai daí, li ‘tim tim por tim tim’ todo o desenvolvimento da notícia do mencionado título.
E, pronto, logo verifiquei que – perante o ‘patriarca’ do exército de ‘mais de 100 ciganos’ e do aparecimento de ‘um rapaz negro que dizem ser um bocado ousado’, que vocifera ‘alto e bom som, que não tem medo dos ciganos’, – eu, certamente, é que sou racista e a PSP por pouco não se livrou de ser acusada de usar meios inadequados e desproporcionais para suster tal briga entre ‘amigos’ do mesmo bairro.

José Amaral

10 conselhos para alcançar a felicidade

Papa Francisco dá 10 conselhos para alcançar felicidade (DN):
Viver e deixar viver; ajudar os outros; desfrutar da arte, da leitura, jogar (com as crianças); cuidar da natureza; respeitar os outros; esquecer o que é negativo; buscar a paz; etc.

domingo, 27 de julho de 2014

Fui de férias e já estou de novo cansado

Tomar tempo para  descanso é fundamental.

As férias são isso: acalma-se a angustia, tranquiliza-se a impotência, amacia-se aquela vontade enorme que temos ainda e sempre de mudar o mundo – o último dos sonhos  da infância .

Sair do seu sítio para arejar as ideias.

A tradição errática dos nómadas e povos errantes, ilustra que as vidas dessas gentes são aparentemente mais felizes. Uma vida em constante movimento não deixa germinar a desconfiança e a inveja, porque se depara ao virar de cada duna, com desafios e deslumbramentos que não  deixam tempo para depressões.

Quem fica, alapado na terra – mais laborioso talvez que esses cata-ventos – aforra pelo trabalho e pelo apego,  enche o celeiro  para as  tempestades de amanhã. Mas reveste-se de camadas de avareza, zeloso e ciumento do seu quinhão, desconfiado da maldade dos outros, afinal, espelhos da sua imagem.

Vamos de férias para ganhar cor e trazer na volta  fabulosos planos de futuro: vamos ser mais humanos, tolerantes, recarregar baterias para enfrentar o mal com uma energia de amor mais purificado, livre dos ódios e maus fígados que fomos lavar nas ondas da praia ou em sestas retemperadoras nos encantamentos bucólicos do campo.

A CPLP e a Guiné Equatorial

Portugal fez-se representar em Timor ao seu mais alto nível por 2 Presidentes e é isso que é difícil de aceitar, quando nem Angola nem Brasil o fizeram. Foram contudo esses 2 países que mais pressionaram para a admissão do novo país de língua castelhana. Como é possível que o nosso modesto Portugal ainda não tivesse compreendido que não está para os países de língua portuguesa como estão a França e Reino Unido para as suas Comunidades respetivas? Temos que ser realistas, o Brasil com seus 200 milhões de habitantes, fazendo parte dos BRICS, países emergentes e com a criação recente do novo FMI, já tem e terá no futuro um desempenho sempre crescente no seio da CPLP. Angola e Moçambique, países como o Brasil igualmente exportadores energéticos não deixarão Portugal jogar de “prima dona” como julga, enviando 2 presidentes para uma reunião já decidida a priori. É isto que torna a situação ridícula e a surpresa de Cavaco Silva. Quanto a regimes ditatoriais também as comunidades de línguas francesa e inglesa não estão imunes a tais regimes. A Economia manda mais forte.

Raul Fernandes

O início.

Feche os olhos.
Deixe de pensar, esqueça tudo o que aprendeu até agora, entre no vazio absoluto, vê a cor branca, somente branco.
Passado algum tempo volte a pensar, recuou no tempo milhares de anos, encontra-se nos primórdios da humanidade.
Uma bela e luxuriante floresta, animais selvagens, aves exóticas, um rio de água límpida que espelha o azul cristalino do céu, este é o paraíso como só existe na nossa imaginação, pois á muito que deixou de ser realidade no planeta terra.
Você vagueia neste paraíso, para a olhar para uma imponente e frondosa árvore cheia de reluzentes frutos, não resiste, colhe um e começa a come-lo.
Que delicia, tão doce, macio e suculento, não satisfeito colhe outro e começa a digeri-lo, mas eis que surge um animal igual a si, tente imita-lo colhendo um fruto, nesse preciso instante num ataque de fúria desmedida afronta-o, depois de uma luta sem tréguas o seu rival foge ferido.
Sem ter consciência disso, ao tomar posse da árvore e do terreno circundante através da força física, criou a primeira propriedade privada, fomentando ainda que de uma forma incipiente a sociedade materialista, pois uma é indissociável da outra.
Esta é a forma mais simples de explicar o legado dos nossos antepassados que surgiram na terra há cerca de duzentos mil anos.
Animais racionais ou humanos (homo sapiens) possuem capacidade mental, corpo ereto, o uso dos membros superiores possibilitaram a criação de ferramentas e seu uso para alterar o ambiente que os rodeia.
Multiplicando-se de uma forma exponencial criaram complexos sistemas sociais de famílias e nações.
Desenvolveram os sistemas de comunicações, inicialmente a gestual, a verbal, a escrita, posteriormente a de cariz tecnológica.
Surgiram tradições, crenças, rituais, valores, normas e leis.
Mas tal como no início, o que levou á criação do primeiro domínio territorial foi a força física, também a vida destes seres se tem pautado pela lei do mais forte.
Vence o mais robusto, ágil, inteligente, belo, perspicaz, trabalhador, persistente.
                                                        
Com amizade.

Araujo.

Breve historial da culinária portuguesa.

"Tripas à moda do Porto" é uma das mais ancestrais confeções culinárias portuguesas, presume-se que tenha inicio na época dos descobrimentos marítimos.
"Cozido à portuguesa" é uma das mais constantes na cozinha nacional.
Receitas com massa alimentícias, tão do agrado principalmente dos povos do sul da europa, são das preferidas na cozinha portuguesa.
Os enlatados de peixes (conservas) tiveram o apogeu principalmente na primeira metade do século vinte, descaindo gradualmente a sua procura, embora continuem a ser um otimo recurso alimentar no caso de guerras, catástrofes naturais e nos países subdesenvolvidos, devido ao preço acessível, ampla validade, transporte e armazenamento.
As sopas estigmatizadas como alimento dos pobres foram menosprezadas, essencialmente devido ao aumento das condições sociais e consequentemente do poder de compra.
As saladas tem conquistado adeptos sobretudo os apologistas da alimentação vegetariana.
Os molhos são de origem ou influencia estrangeira mais evidente, talvez devido à emigração e ao turismo.
Doces vários vincadamente regionais, outros de âmbito nacional e outros que se projetaram além fronteiras, são imensos, refletem a evolução da cozinha portuguesa sendo a receita mais paradigmática disso a "aletria natalícia", outrora o doce apenas confecionado nas casas abastadas, foi preterido por doces mais elaborados, vistosos e dispendiosos, tentou resistir incorporando novos ingredientes mas em debalde.
Quando se alimenta, faça-o calmamente, não fale, tira maior proveito dos sabores e fica saciado com menor quantidade de alimentos.
Otimo apetite. 

                                                                                                                                                                  Com amizade. 
                                                                                                                                                                    Araujo.

Energia nuclear

A explosão demográfica que se vem a verificar, principalmente a partir do século vinte, devido em grande parte ao aumento da natalidade e da longevidade da vida, tem contribuído para que em grandes extensões de terras virgens,surgem grandes centros populacionais e industriais, sem as necessárias infraestruturas de águas residuais e de controlo da poluição atmosférica, ao cultivo intensivo de produtos alimentares sem o controlo devido na utilização de pesticidas, herbicidas e fertilizantes, o gasto descontrolado dos recursos hídricos, colocam o planeta numa situação de rotura eminente.
Alguns passos tem sido dados para inverter esta situação a disseminação dos métodos anticoncecionais, o controlo rigoroso da natalidade na republica chinesa, o empenho da industria automóvel no desenvolvimento e construção de veículos movidos a energia elétrica, a aposta na energia hídrica, eólica e solar, se bem que estas possuem o inconveniente de serem dispendiosas, limitadas e destruidoras de grandes extensões de terreno e flora.
A energia nuclear surge cada vez mais como a alternativa mais barata segura, potente e limpa.
Uma central nuclear tem capacidade de produzir energia para uma cidade de vários milhões de habitantes.
Portugal possui uma das maiores jazidas do mundo, um valor estratégico e económico incalculável.
O calcanhar de Aquiles da energia nuclear consiste no destino a dar aos resíduos finais, depositados no fundo do mar ou em minas desativadas a centenas de metros de profundidade não é a solução ideal, mas certamente num futuro relativamente próximo a famosa teoria do celebre químico francês Antoine Lavoisier "nada se perde, nada se cria, tudo se transforma" se tornara realidade e será encontrada uma solução para este problema.


Com amizade.

Araujo.

Prepotência

As entidades estatais ou apoiadas pelo estado devem ser as primeiras a dar o exemplo do respeito pelas leis, mas com frequência não acontece.
As entidades policiais e as de socorro entre outras, usufruem de exceções ás leis que regem os demais cidadãos.
Porem, acontece que estas exceções, são de tal forma dilatadas por estas entidades, que se pode considerar prepotência,impunidade.abuso, imoralidade além de humilhação evidente para com a população.
Dou-lhes um exemplo flagrante de todos os dias, estacionam as viaturas onde lhes apetecem, não obedecem ás mais elementares regras do código da estrada, circulam frequentemente a velocidade diabólica, utilizam as sirenes sem pudor, certamente que nem sempre em serviço.
Como resultado deste comportamento temos um agravamento das condições de vida das pessoas, com a poluição sonora provocada pelas sirenes constantemente ligadas, sendo esta situação mais flagrante nas grandes cidades, mas pior de tudo são as vitimas resultantes dos acidentes provocados por estas entidades, de assinalar que as vitimas mortais e feridos são inúmeros.
Dado curioso, uma parte substancial destes acidentes, foram provocados pelo instituto de emergência medica, ironia das ironias a entidade que tem como missão o socorro e a salvaguarda das vidas humanas.
A criação deste organismo de socorro aos sinistrados nas estradas remonta ao ano de 1965, embora com outro nome e organização de funcionamento, depois de varias alterações ao longo dos anos, temos o que atualmente designamos de i.n.e.m.
As vitimas destas entidades raramente veem a justiça pender a seu favor, pois a lei protege estes organismos e seus servidores.
Impõe-se à semelhança de outros países com longa tradição na defesa e equidade  dos cidadãos, que a lei seja igualitária sem exceções, clausulas ou salvaguardas e que os funcionários públicos ou que exerçam serviços de interesse publico, sejam  responsabilizados criminalmente em pé de igualdade com os outros cidadãos, sem esquecer que as eventuais indemnizações monetárias, sejam pagas pelos próprios e não pelo erário publico, isto deve ser extensível a todos os setores, nomeadamente à justiça e à saúde, estou convencido que os erros judiciais e as negligencias medicas diminuíram drasticamente.
Todos os candidatos a serviços públicos de especial relevância como agentes da autoridade, de saúde, judiciais, entre outros, devem ser sujeitos a avaliação psiquiátrica profunda e rigorosa, tendo em especial atenção aos seus possíveis antecedentes ao nível de vícios e dependências.
Numa sociedade tendencialmente avessa a mudanças é natural que fique renitente quando elas surgem, mas quando se muda existe sempre a esperança por mais ínfima que seja de se alcançar uma melhoria no padrão de vida, as leis discutem-se, obedecem-se ou não, segundo o critério de cada um tendo em conta que quem as elabora são homens e mulheres imperfeitos como nós, mas o que nunca se deve questionar, são os princípios básicos da civilização pela qual todos nos devemos reger e ao qual temos direito.


Com amizade.

Araujo.

Os nossos emigrantes



Todos sabemos que, com a chegada das andorinhas, chega a Primavera, com dias mais amenos, após a partida do Inverno, em que os dias foram muito frios e chuvosos.
E também sabemos que, com a chegada dos nossos emigrantes, chega o Verão, pleno de calor, tanto a nível ambiental, como dos corações dos seus familiares e dos amigos, que se encontram, após uma longa ausência em busca do sustento que na sua pátria lhes fora negado.
E com este fraternal abraço de uma diáspora lusitana espalhada pelos quatro cantos do mundo, em que as caravelas dos nossos antepassados sulcaram mares nunca dantes navegados, o MUNDO RURAL, mais do qualquer outro, recebe de braços abertos e coração limpo os seus filhos que partiram, tal como o filho pródigo foi recebido em festa em casa do senhor seu pai.
Então, as festas religiosas, entremeadas com muitos festejos pagãos, são ‘porta sim, porta sim’ por essas aldeias além, vilas e lugarejos recônditos, mas que são as verdadeiras raízes da pátria lusíada.
E todo o território desertificado, que durante onze meses no ano é também esquecido e abandonado pelo poder central que só tem olhos para as tágides, renasce das cinzas e alegra-se em uníssono à volta daqueles que, todos os anos, vêm recordar a terra de onde partiram e abraçar aqueles que cá deixaram.

Texto também publicado no blogue Ovar Novos Rumos

José Amaral


Bom o BES contar com o Deutsch Bank a ajudar


“i” 26 /27. Julho.2014
Ainda não conseguimos entender quais serão os verdadeiros impactos de tudo que vai a “varrer” o BES, e a Rio forte, quer para o sistema financeiro português, quer para a nossa economia, bem como para a nossa ainda pouca sustentada credibilidade, interna e externa.

Claro que se vislumbram vários esforços que parecem positivos, mas ficará sempre a dúvida que nos assalta, hora a hora, até por os média mediatizarem tudo  excessivamente, por que motivo o supervisor – que é sempre mais actuante que o anterior - não actuou, há mais tempo.

E houve situações que se arrastaram no tempo, e que para quem está “por dentro” deveriam ter sido melhor escrutinadas. No passado, hoje, claro, é impossível mexer, esperemos o amanhã, com alguma “esperança”, mas também muito cuidado, uma vez que se tudo “isto” correr mal, não é a família que tem o nome do banco ou vice-versa que estará em causa, como temos visto em outras situações idênticas, mas seremos todos nós, a pagar. Vamos ter que pagar a conta como no BPN, e a Economia que ainda não arrancou – por muito que nos impinjam o contrário - nunca mais o fará e a dívida que ainda não parou de aumentar, assim continuará.

E talvez uma boa notícia a entrada, de ao que parece, para controlo -ou apoio -financeiro do Deutsch Bank, no âmbito do BES.

E por muito que a alguns possa “custar”, ter alemães a ajudar directamente e cá dentro, talvez tudo corra melhor. E não esqueçamos que a célebre compra de 2 submarinos alemães à nossa custa, que todos – quase!!-  achamos ser outra história mal contada, implicou a prisão do lado do país vendedor – Alemanha - de duas pessoas, ou seja dois alemães, e cá, zero.

Talvez este ar do Norte nos ajude a sermos mais controlados e mais disciplinados, e a ter um futuro mais consolidado, consistentes e até sorridente! E transparente!


Augusto Küttner

Pela decência e perseverança!

Bem no centro da edição do PÚBLICO de sábado 26, a entrevista feita por Natália Faria e, centrada no seu texto, a fotografia do Nobel da Literatura de 2010, o peruano Vargas Llosa!
Que bom comprar um jornal e poder usufruir de um «encontro» com uma personalidade como ele. 
Queria felicitar a direcção do Público pela foto e citação de Llosa seleccionada para a primeira página: "Os heróis discretos são a grande reserva moral de um país" [mais que os heróis militares, os heróis épicos].
Podia ter sido outra a frase escolhida para a primeira página. Mas não! Esta frase foi também para mim, a melhor mensagem ou ensinamento a retirar da entrevista: "Eu acho que em todas as sociedades há esses heróis discretos que são os verdadeiros heróis. Os da vida quotidiana, não os de uma acção espectacular e passageira, mas donos de uma perseverança e de constância na decência." 
Curioso o facto de Llosa se ter inspirado numa pessoa real para construir uma personagem: um pequeno empresário que não chegou a conhecer, mas que foi notícia de um jornal de Lima. Este homem tinha publicado um aviso (num jornal da sua terra) dizendo que não pagaria à máfia...
Vargas Llosa defende, pois, uma sociedade civil viva, uma sociedade (incluindo todos, mas sobretudo os jovens) que se incomoda com a indiferença e o comodismo e que, actuando como aquele empresário, obrigará os governos a actuar em consequência. 
Fico à espera de ler a sua peça Os Contos da Peste.

Público (4 -8-2014)

O mundo legal às avessas

Israel justifica o extermínio do povo palestiniano, com o direito de defender as suas fronteiras e o seu povo. Admitamos que haja alguma justificação legal para acções de defesa; a questão é de que o pressuposto parte de premissas viciadas. O Estado Israel, bem como a Palestina,  formados artificialidade após a Grande Guerra, ocupavam, na altura, um espaço que era, desde tempos imemoriais, as pátrias de judeus e palestinianos. Eis se não quando, mercê da brutalidade dos dinheiros que os judeus possuem em todo o mundo, e com um auxílio, que custa a entender, por parte das administrações governamentais dos americanos, Israel, mercê da sua supremacia de equipamento militar, tomou conta do médio oriente, incluindo a península do Sinai, até ao Egipto. Os acordos de paz, fizeram recuar Israel, sem que, contudo, devolvessem todos os territórios  anexados pela guerra, colonizando e criando Kibutz para os seus cidadãos, em zonas ocupadas. Estes colonatos judeus, empurraram os palestinianos,  para uma curta faixa entre o mar e o poderoso território militar judeu. Será legitimo que os judeus, invocando uma legalidade unilateral de defesa, possam livremente exterminar um povo praticamente indefeso, e que procura readquirir territórios de sobrevivência que lhe pertence por direito? Ou os poderoso, enquanto poderosos, têm justificação legal para todas as patifarias, tal como, agora, a Rússia com a Ucrânia?
duarte dias da silva

sábado, 26 de julho de 2014

«Não» à corrupção e à ilegalidade

Na homilia da missa deste sábado, em Caserta, o Papa Francisco "fez uma referência à situação concreta vivida naquela zona italiana, em que o tratamento inadequado de resíduos tóxicos contamina as terras agrícolas e o próprio ar, causando nos habitantes sérios problemas de saúde. Francisco pediu «coragem de dizer não a todas as formas de corrupção e de ilegalidade»."

PARA QUE SERVE UM POEMA?

E, a propósito de "para que servem as cartas?",
como ando a coligir alguns poemas,
entre os mais de três mil que tenho,
aqui coloco este.
Para que servirá este poema? Talvez, para ser plagiado pelo Vítor Colaço Santos!
Quem sabe?
Sim,  Vitor Colaço Santos fica melhor
do que o simples
Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque




 

PARA QUE SERVE UM POEMA?

Se este poema fosse uma melodia

queria que te inebriasse de alegria

e que me abrisses tuas entradas

sem pagamento de portagens

                                                                                    para que serve um poema?

 

ao menos

se nele pousasses teu olhar

talvez fosse pauta de melodia de amor

que eu pudesses tocar

doutro modo fica aqui

inútil

fútil

 

para que serve um poema?