Agora que os estudiosos do Banco de
Portugal e da OCDE concluíram que os países onde não existem reprovações no
ensino obrigatório são os países onde os alunos atingem o mais alto rendimento,
vou transcrever um texto que ando a (re)publicar desde 1990 em jornais
regionais e que os jornais nacionais se têm recusado a publicar:
"E se acabassem as reprovações na
escolaridade obrigatória, a situação só por si melhorava? É óbvio que melhorava
e em benefício de todos: alunos, pais, empresários e contribuintes.
Em primeiro lugar, os professores podiam ser
exigentes, cabendo aos alunos, se quisessem ter boas classificações, trabalhar
e esforçar-se para isso. Neste momento, os alunos passam, praticamente, todos
com nível 3. Com o fim das reprovações, uns passariam com 2, outros com 6 e
outros com 16 valores. Era, aliás, fundamental que, com o fim das reprovações,
as classificações passassem a ser de 0 a 20, para serem mais informativas,
diferenciar os alunos e premiar o mérito, e fossem introduzidos os exames nacionais
no fim de cada ciclo para aferir as classificações e avaliar os professores.
Em segundo lugar, as classificações e os
certificados de habilitações passavam a ter, consequentemente, credibilidade e
valor informativo porque reflectiam o que os alunos efectivamente sabiam.
Em terceiro lugar, os alunos que, no actual
sistema, reprovam (ou passam por favor) poderiam, por um lado, iniciar o novo
ano lectivo logo integrados em turmas de recuperação às disciplinas a que não
tinham obtido aproveitamento e, por outro, não ficariam impedidos de prosseguir
os estudos nas disciplinas a que obtiveram aproveitamento. Ou seja, não só
tinham mais possibilidades de melhorar às disciplinas em que tinham
dificuldades como também não ficavam a marcar passo nas disciplinas a que
obtiveram aproveitamento.
Em quarto lugar, evitava-se que alunos
matulões e cheios de vícios liderassem turmas de alunos mais novos e com
vontade de aprender. Se os alunos acompanhassem sempre os da sua idade, grande
parte dos problemas de disciplina dentro da sala de aula seriam evitados.
Finalmente, reduzir-se-iam em muitos milhões
de euros os custos na Educação (cerca de 20%) com a vantagem de se aumentar a
qualidade, premiar o mérito, diminuir a indisciplina e apoiar, efectivamente,
os mais necessitados."
Fui professor cerca de 30 anos e estou plenamente de acordo com o conteúdo deste artigo. Aliás, embora à boca pequena, troquei impressões sobre este assunto, repudiado, em geral, pela classe, porque iriam para o desemprego 25% dos docentes. São situações tão evidentes que estão na linha de outras que igualmente contribuem para a desorganização a que chegámos. Este país já não tgem cura, porque criou uma estrutura tal que se alimenta das enfermidades. Parabéns por ter levantado, mais uma vez o problema.
ResponderEliminarOs jornais nacionais têm de dar lucro; portanto o Capital só deixa publicar o que lhe interessa. O resto é pura demagogia.
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