Está
em curso uma tentativa de despedimento de 160 pessoas na Controlinveste (Jornal
de Notícias, Diário de Notícias, TSF, O Jogo, Notícias Magazine e Global
Imagens). O despedimento é colectivo para 140 trabalhadores e de alegado mútuo
acordo para mais 20. São abrangidos 64 jornalistas e os outros são
trabalhadores de outros sectores.
Em
2009 a Controlinveste efectuou um despedimento de 120 pessoas. Em 2010 encerrou
os jornais 24 Horas e o gratuito Global.
A
vocação da Controlinveste tem sido despedir, descaracterizar e encerrar
publicações e pôr em causa a liberdade de informação e uma comunicação social
pluralista.
A
liberdade de informação e expressão conquistada em 25 de Abril de 1974, teve
depois como grande suporte as empresas públicas de comunicação social, que no
caso da imprensa passaram a pertencer ao sector público em 1975, na sequência
da nacionalização da banca e empresas estratégicas que detinham o seu capital
social.
Em
1986, o 1.º governo Cavaco Silva efectua uma tentativa de privatizar o Jornal
de Notícias, no seu objectivo mais geral de acabar com as empresas públicas de
comunicação social e assim dar uma machadada na liberdade de informação, na
isenção, no pluralismo e na objectividade informativa conquistada em Abril de
1974. A luta e oposição de trabalhadores e população fez gorar este objectivo
cavaquista.
Em
Maio de 1988, é publicada lei para privatização das empresas de comunicação
social. Em 1989 foram privatizados os jornais a Capital, Comércio do Porto e
Diário Popular, todos eles desaparecidos do panorama jornalístico.
Em
1990, o 2.º governo de Cavaco Silva acaba por concretizar a privatização do
Jornal de Notícias a que junta a do Diário de Notícias.
O
Jornal de Notícias em 1990 tinha 716 trabalhadores. A par do seu prestígio e
qualidade, era o único que apresentava resultado positivo (lucro) na sua
actividade.
Os
trabalhadores e suas organizações representativas sempre se opuseram aos
objectivos privatizadores dos governos cavaquistas, afirmando que tal
significava um ataque à liberdade de informação e aos direitos e garantias dos
trabalhadores.
Da
luta desenvolvida fez parte um cartaz/autocolante da autoria do conceituado cartunista
Miranda, que durante muitos anos ilustrou as páginas do Jornal de Notícias com
o seu humor e oportuna crítica social e política.
Os
trabalhadores da Controlinveste opõem-se a mais este ataque aos seus direitos,
á liberdade de informação e à descaracterização e desqualificação dos órgãos de
comunicação social onde exercem a sua actividade profissional. A sua luta não
pode deixar de merecer apoio e solidariedade.
Os trabalhadores da Controlinveste, apesar da sua especialização, estão sujeitos às regras do mercado. Os jornais têm cada vez menos compradores e a rádio vai perdendo cada vez mais espaço para a televisão. A publicidade vai decaindo, porque o consumo vai sendo reduzido. Logo as receitas começam a ser inferiores às despesas e o prejuízo não pode eternizar-se, porque os bancos cortam o crédito. É um ciclo vicioso que varre o país, e a sua economia, de ponta a ponta. Quando estoirar, o que não deve demorar muito, todos vão sair danificados. É lamentável, que uma situação tão evidente, não esteja a ser vista pelos responsáveis pela hecatombe.
ResponderEliminarNa comunicação social o que prevalece não são as chamadas regras de mercado. Se assim fosse, nenhuns ou muito poucos meios de comunicação social existiriam. Em termos de negócio ou rentabilidade capitalista não é uma boa ou tentadora opção. A comunicação social é para ajudar os outros negócios, defender uma sociedade (capitalista) onde os mesmos possam prosperar muito e para as «guerrinhas» de clans ou grupos. Essa comunicação social é também para tentar convencer as pessoas da inevitabilidade e exclusividade do sistema capitalista, e que tem que haver pobres neste mundo, porque quando passarem para o outro atingirão a felicidade que lhes foi negada enquanto cá andaram. Um exemplo elucidativo é o Público, que pertencendo ao super gestor Belmiro, nunca teve um cêntimo de resultados positivos e acumula milhões de euros de prejuízos.
ResponderEliminarSe os órgãos de comunicação social, hoje, são uma espécie de casa de acolhimento de jornalistas e outros funcionários, sem levar em conta o retorno económico do seu produto, alguém tem de suportar os prejuízos inerentes. Só que que essa situação não é eterna e se for assim, a sua tendência, nestas circunstâncias, seria acabarem. O Eng. Belmiro suporta o Público, com enorme prejuízo, enquanto as outras empresas que dirige forem rentáveis. O jornal é como um serviço de segurança que, directa ou indirectamente, vai defendendo na opinião pública os empresários que os suportam.
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