domingo, 20 de julho de 2014

Relações Familiares

Relações Familiares
(DN 20.07.2014)
 
Quando tanto se fala em aumentar a natalidade, sem se falar em empregos que terão que existir, também se descura algo demasiado importante, que é o relacionamento directo e efectivo entre Mães, Pais e Filhos. E que caiu em desuso, claro para quem tem Filhos.

Custe a verdade, como usualmente custa, um verdadeiro e efectivo relacionamento entre Pais, Mães e Filhos, por norma, não existe.

Já não se conversa sem ter uma televisão, um ipad, um “i” qualquer coisa de permeio – de preferência se ocasionalmente se estiver à mesa, tudo em cima da mesma, um por cabeça - seja às refeições, seja no tempo em que se está em conjunto no mesmo espaço. Cada um trata de si, do seu egoísmo, do seu relacionamento, e evita, até, falar, unicamente falar.

Filhos não sabem falar com as mães e com os pais, estes mal conhecem a voz dos filhos.

Já não é “fixe” falar, “já não dá”, “é uma maçada”, conviver, estar em harmonia. Cada um vive solitariamente no mesmo espaço, e acha que é assim que “tem que ser”.

Perdeu-se toda a harmonia que deveria existir entre Famílias. E se antes do 25 de Abril a concordância era quase sempre “falsa”, dado que imposta, pelo medo, ou à força se necessário, agora caiu-se no outro extremo, de gloriosamente a anular.

Não tem que haver harmonia, não têm que haver conversas em família. Os papás e mamãs não falam com os filhinhos, estes não falam com aqueles. Não é necessário. Para quê? Desde que haja maquinaria, que faça esquecer que se está no mesmo espaço, e que esse tempo é tempo de convivo directo, e sem interferências.

E quanto mais se andar na árvore da família, menos se fala, dado que já não vale perder tempo a aprender alguma coisita com os mais velhos, para quê? Aprende-se tudo nas televisões e em aparelhos que falam e pensam por nós, e com quem convivemos como se fossem melhores que as Pessoas. De facto não têm os sentimentos que as Pessoas têm, de facto nem choram, só nos divertem. Mas se calhar desvirtuam o mundo real.

E se calhar quando se está a ver televisão e se olha para as Guerras na Síria, no Iraque, em Israel e Palestina, pensa-se que é algum jogo, ou algum filme. Mas não é, “aquilo”, são Pessoas verdadeiras a matarem-se.

Mas como já não há tempo para falar entre Pessoas, nem entre mães, pais e filhos, pode-se pensar que é tudo feito por máquinas!

E vão fazer-se mais filhos? Força!

Augusto Küttner de Magalhães

2 comentários:

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