terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Um poema de Pablo Neruda, in 'Cem Sonetos de Amor'

Caros confrades,

No primeiro volume da obra colectiva de poesia A Essência do Amor - edições vieira da silva - da qual também sou coautor, a contracapa do referido volume contém um soneto de Pablo Neruda. E, eu, numa espécie de brincadeira recreativa dei-me à veleidade de refazer o mesmo poema reduzido à minha pobre maneira de ser e pensar.
Deixo-vos com a incógnita: qual será o  soneto de Neruda, o a) ou o b)?


a) Podes saber que não te amo ou te possa vir amar
pois duas faces tem a vida,
num compasso entre uma asa e o silêncio,
em que o fogo tem antes muito frio

Amo-te para poder amar-te,
para encetar desde o começo
e não deixar de amar-te sempre:
só por isso, posso afirmar, que não te amo já.

Amo-te ou não como se eu fosse
o guardião da chave da felicidade
num incerto destino ainda infeliz

O meu amor tem duas existências para amar-te.
Portanto, amo-te quando o não faço
e, por isso, amo-te sempre que te amo.


b) Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem a sua metade de frio

Amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da felicidade
e um incerto destino infeliz

O meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.



José  Amaral 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.