Caros confrades,
No primeiro volume da obra colectiva de poesia A Essência do Amor - edições vieira da silva - da qual também sou coautor, a contracapa do referido volume contém um soneto de Pablo Neruda. E, eu, numa espécie de brincadeira recreativa dei-me à veleidade de refazer o mesmo poema reduzido à minha pobre maneira de ser e pensar.
Deixo-vos com a incógnita: qual será o soneto de Neruda, o a) ou o b)?
a) Podes saber
que não te amo ou te possa vir amar
pois duas
faces tem a vida,
num compasso
entre uma asa e o silêncio,
em que o
fogo tem antes muito frio
Amo-te para
poder amar-te,
para encetar
desde o começo
e não deixar
de amar-te sempre:
só por isso,
posso afirmar, que não te amo já.
Amo-te ou
não como se eu fosse
o guardião
da chave da felicidade
num incerto
destino ainda infeliz
O meu amor
tem duas existências para amar-te.
Portanto,
amo-te quando o não faço
b) Saberás que
não te amo e que te amo
pois que de
dois modos é a vida,
a palavra é
uma asa do silêncio,
o fogo tem a
sua metade de frio
Amo-te para
começar a amar-te,
para
recomeçar o infinito
e para não
deixar de amar-te nunca:
por isso não
te amo ainda.
Amo-te e não
te amo como se tivesse
nas minhas
mãos a chave da felicidade
e um incerto
destino infeliz
O meu amor
tem duas vidas para amar-te.
Por isso te
amo quando não te amo
e por isso
te amo quando te amo.
José Amaral
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