Passos não sabia, o gestor do século e arredores tem amnésia
precoce, Costa é cinzento e dúbio. Não faz mal. Aceitamos, desculpamos e
continuamos a pagar os impostos – os devidos, os que são inventados e
executados à mão armada - que nos chegam
em notificações de penhora via correio.
O Sporting perdeu, o Benfica e o Porto ganharam, o híbrido
Castelo Branco faz furor na casa: “ o mundo gira e avança, como bola colorida,
nas mãos de uma criança”.
No próximo fim de semana faz sol, Salgado nunca mais é
preso, Portas safou-se desta, a Justiça continua no seu melhor, a Saúde melhor
não podia estar, o Conservatório de música de Lisboa continuará a meter água,
mas não faz mal porque está quase a deixar de chover.
Cavaco está quase a conseguir terminar o mandado de pior
Presidente da República da história da República, mas não faz mal porque o
Benfica tem grandes probabilidades de
este ano ser campeão. Se não for o Benfica é o Porto.
O Professor Marcelo sobe e segue na cátedra de todos os
conhecimentos e saberes, Marques Mendes cada vez está mais apurado na sua
missão de gnomo de “Delfos”, Morais Sarmento renasceu sabe-se lá de onde – e bronzeado
-, só nos falta Sócrates, envenenado pela cicuta vai para tempos esquecidos e
longínquos.
Tudo está como deve estar: composto e igual.
Continuamos sem alternativa. Continuamos? Não parece. Haverá
votitos para todos nas próximas
eleições, a abstenção será enorme mas não conta, e nós felizes, porque parece ser que no
próximo fim de semana as temperaturas vão subir, com muito sol e a bela da
oportunidade do primeiro barbecue do ano e dos couratos assados. Para alguns,
menos, um magnífico brunch de “bruxas”
e espumante fino português, numa esplanada à beira mar.
E “o mundo gira e avança, como bola colorida,
nas mãos de uma criança”.
Neste país, ou muita gente já perdeu a vergonha ou, então, nunca a teve. Como é que corre para lugares cimeiros na política tendo algumas manchas no passado, ou, pelo menos, entradas em situações comportamentais pouco claras. A Tecnoforma deixou algumas dúvidas e o cortejo prossegue com a fuga às contribuições para a Segurança Social. O pobre diabo que vem vender as alfaces ao mercado da aldeia, pode não perceber dessas coisas, mas um senhor, licenciado e administrador de empresas, não pode dizer que não sabia que estava abrangido por esse encargo, porque isso é auto-atribuir-se um atestado de incompetência. Nesta situação, e perante factos concretos, se houvesse um pouco de vergonha, havia motivo para o próprio pôr o lugar à disposição. Mas a insensibilidade aos valores fundamentais, que devem reger as relações entre os homens, é uma seara que se implantou e cresceu abundantemente neste país, especialmente no campo do poder e da política. Dezenas de casos, pouco edificantes, têm sucedido no meio político e financeiro no nosso país e a opinião pública não se manifesta com o repúdio que os casos merecem. Lembrar, entre muitos, os negócios das acções do BPN da família Cavaco e da troca de edifício na Urbanização das Coelhas,muito mal explicadas, mas que nada trouxe de prejudicial à reputação dos intervenientes. É um rol infindável de situações poucos claras que, no seu conjunto, envolvem milhões de milhões de milhões de euros, mas que a Lei, ajeitada para uma certa classe de beneficiários, não consegue pôr cobro a tais abusos.
ResponderEliminarGostei do seu saboroso texto, com todos os ingredientes necessários para termos um bom prato à portuguesa.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarHoje no Público!
ResponderEliminarParabéns ao autor deste magnifico texto, e à responsável, no "Público", pelas cartas enviadas, que o seleccionou. É que muitas vezes, artigos prenhes de conteúdo como este, que bulem com alguns interesses, não são publicados.
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