quinta-feira, 28 de maio de 2015

A DIFICÍLIMA PROVA DA CORRUPÇÃO!


Andamos aqui muito preocupados no nosso quintal lusitano, com a prisão preventiva de alguns (poucos) políticos indiciados por alegados actos de corrupção, mas devíamos antes conhecer o recente caso da corrupção de altos dirigentes da FIFA, para perceber melhor as dificuldades de provar tais actos. Vou apenas salientar uns factos já conhecidos e publicados nos mídia dos EUA. A corrupção começa em 1990, com a organização dos campeonatos mundiais de futebol. E só em finais de 2011, as autoridades dos EUA, ao acusar Chuck Blazer (S.G. da Confederação de Futebol da América do Norte) por fuga aos impostos, conseguiram que falasse sobre o problema de fundo, e por troca de uma pena mais leve, obter denúncias e provas do envolvimento de dezenas de dirigentes a nível mundial. Acrescente-se que o denunciante tem hoje 70 anos, e sofre de um cancro grave no cólon... Ora em Portugal, as nossas autoridades Judiciais não têm por hábito entrar neste tipo de acordos. Não que estejam proibidas por lei de o fazer, simplesmente não gostam. É caso para os cidadãos preocupados com o actual estado da corrupção em Portugal, questionarem o CSM se não tenciona inverter este comportamento dos Juízes. Nos EUA chama-se "plea bargain", e é tão popular que basta ver uma qualquer série americana na TV, para os conhecermos, de tão normais que são. Se com isto não conseguirmos ter um bocado de compreensão pelos Juízes do DCIAP, que contra toda a opinião pública e publicada persistem em tentar provar ilícitos, então é porque estamos mais a favor dos corruptos, dos que os que tentam julgá-los. Aliás, na minha modesta e talvez ignara opinião, nestes 41 anos de democracia, tem-se legislado mais a favor dos direitos, liberdades e garantias dos arguidos, do que a favor das suas vítimas.
OBS. Publicado no jornal "Público" na sua edição de 31/5/15.

8 comentários:

  1. A corrupção é a estrada onde se desenrolam as negociatas ao mais alto nível. Como se perderam os valores e estes deixaram de fazer parte da herança social, não admira que a vigarice seja o alimento de tudo onde o lucro seja o objecto final. É um problema de civilização e esta, em que estamos mergulhados, está na fase terminal. Virá depois uma nova organização social que procure ser mais fiável. É dos livros. Tudo o que nasce tem de morrer. É tudo uma questão de tempo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Em parte estou de acordo, " tudo o que nasce tem de morrer " mas em relação ao fim desta organização politica e social corrupta, não basta a acção do tempo, tem que ser acompanhada pela activa luta do nosso povo. Será que estarei errado ? Cumprimentos cá do rapaz.

      Eliminar
    2. Naturalmente que esta civilização, que começa a estar caduca, não morre de morte natural, estando o pessoal sentado nuns banquinhos à espera que tal suceda. Tem de haver luta para modificá-la. Não há que defendê-la. O caminho é criar uma nova para a substituir. E isso tem de ser feito com muita luta.

      Eliminar
    3. Oxalá, caro Joaquim, Deus o ouça. Entretanto se pudermos melhorar o actual sistema d Justiça, introduzindo a prática dos "plea-bargains", já seria muito positivo. A Justiça é o mais importante pilar do funcionamento de toda uma sociedade, das pessoas e das empresas. Hoje aqui em Portugal, está muito descredibilizada, e não digo totalmente, porque desde que esta PGR entrou, parece que se abriu uma janela, com ar mais fresco...

      Eliminar
    4. Caro Arlindo, a luta do povo é e sempre foi importante. Mas sem a total adesão e empenho das elites e da classe média, nada se pode fazer. É dos livros...

      Eliminar
  2. Publicado no Público, hoje, dia 31.05.2015. Ainda bem que foi seleccionado, porque, como se costume, vem a propósito. Parabéns a todos. A quem o escreveu, e aos que têm a sorte de o ler.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Amigo Joaquim, muito grato pelas suas amáveis palavras, que servem de incentivo para continuar. Um abraço do Manuel

      Eliminar
  3. Publicado, hoje, no Expresso, no espaço de opinião, dedicado às cartas dos leitores, assinado por Manuel Martins, de Alandroal. Ainda bem que este semanário também está atento.

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.