O mercado de trabalho em Portugal é considerado um case study único no mundo, porque uma vez lá inseridos fazemos tudo aquilo que não queríamos e para o que não estudamos. A experiência profissional adquirida em contexto de trabalhos de verão , são pouco relevantes para a exigência do mercado em si.
Há muitos anos atrás, a polivalencia e a sazonalidade laboral, eram vistos como pontos chave para os jovens que se iniciavam nesta "selva" empresarial onde atualmente estamos inseridos ; curiosamente, com o passar dos tempos e com a mudança de século, parece que a mentalidade regrediu, o que não deixa de ser curioso pois, essa mesma maneira de pensar devia ter tido um upgrade, acompanhando assim o pulo tecnológico que entretanto se verificou.
A maior parte do mercado de trabalho hoje em dia, está repleto, pejado, de estágios profissionais: ao que parece, o mercado laboral também é como a moda e dita as tendências numa determinada altura, num certo momento.
A taxa de desemprego real, é mascarada com a inserção destes jovens em programas de estágios, que muitas vezes ainda conseguem-se revestir de uma precariedade absoluta perante a incerteza relativa de contatos a termo.
Os recibos verdes, este autêntico "cancro" da sociedade do trabalho, vieram qual praga, para ficar e tão cedo parece que ninguém quer acabar com eles.
Aos jovens, que saem das universidades, são lhes "oferecidos" empregos como forma de ganharem experiência muitas vezes em regime de estágio, onde eles fazem tudo menos trabalhar : e não é culpa deles. A culpa é de um sistema que favorece a mediocridade em detrimento do esforço e de um regime prestador de serviços,que visa favorecer os mais fortes grupos empresariais, que se vêem na iminência de, perante um trabalhador altamente qualificado, lhe proporcionar um estágio rico em conteúdo mas pobre em conceitos empresariais e em valores, éticos e morais.
Esta dicotomia, entre o estágio e o trabalho tem razão de ser, porque como cogumelos saltitantes, esta forma de subemprego, está a florescer por todo lado; e não é que seja mau mas o abuso relativamente a este facto já começa a ser enjoativo.
Há que redefinir o sistema laboral em Portugal para que os nossos jovens universitários e não só , vejam no estágio uma oportunidade para trabalhar e desenvolver as suas competências, e com isso ganhar uma bagagem laboral, que lhes permita dar seguimento ao longo da sua carreira profissional.
Este dilema do estagias ou trabalhas, tem de ser redefinida de molde a que o estágio seja considerado uma oportunidade de trabalho para os jovens e não uma oportunidade de exploração para certas empresas, que vêem neste tipo de fundamento empresarial , a solução para muitos dos seus problemas a nível temporário.
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