terça-feira, 12 de maio de 2015

Greve: Direito ou Prejuízo?

Temos assistido nas últimas semanas, ao aprofundar das divergências sociais  entre empresas e colaboradores, emitindo a sociedade muitas das vezes opiniões sem conhecer o núcleo das verdadeiras diferenças que por lá grassam .
A greve é um direito constitucional a que os trabalhadores acedem quando as condições de trabalho não reúnem os mínimos necessários ou a remuneração que auferem não vai de encontro ás expectativas consideradas inicialmente aquando da celebração do contrato de trabalho . No entanto e fruto do regime capitalista que tem regido este Portugal moderno e inovador, para algumas pessoas a greve é um prejuízo e devia ser abolida porque muitas empresas sofrem as consequências  da mesma ao afetarem o lucro que elas obteriam se a dita cuja não existisse.
Em primeiro lugar , a greve é utilizada pelos trabalhadores quando estes se vêem atingidos na sua dignidade profissional e social ; depois a greve só traz prejuízo para as empresas se as mesmas se puserem a jeito uma vez que é através do diálogo com os trabalhadores que os assuntos passam de problemáticos a solucionáveis .
O que se tem passado em torno da TAP ou até mesmo dos STCP,  é de um amadorismo atroz no que respeita ao direito á greve que até a mim me arrepia. Se é certo que os pilotos auferem altos rendimentos - e ainda bem que assim é porque a responsabilidade que acarretam é enorme- também não é menos verdade que outras coisas não serão cumpridas em termos das condições laborais para o desempenho da respetiva função . Os opinion makers do século XXI, que têm a mania de influenciarem tudo e todos, por certo não conhecem a fundo a situação de determinada organização e até acham que a privatização resolve sempre algum mal contido na gestão pública . Os STCP por exemplo, têm sofrido ao longo dos tempos cortes absolutamente dantescos que colocam em causa o interesse público dos utentes que todos os meses pagam os seus passes em torno de questões meramente economicistas da atual administração que obedece cegamente a um governo totalmente centralizador das competências de gestão e que vê na privatização a salvação de todos os males que afetaram Portugal nestes últimos quatro anos .
Quem consegue garantir algo da qual não se conhece resultados ou os que são conhecidos não auguram nada de risonho para o futuro de todos nós? Este governo , tem desgovernado o País a um ritmo assinalável querendo privatizar o que ainda nos resta, sem olhar ás condições de trabalho que ficam depois disso.
A greve, sendo algo que nos afeta a todos no nosso quotidiano , é acima de tudo uma conquista de abril que não deve ser descurada nem tão pouco menosprezada pois muitas das vezes, é graças a ela que muitos dos nossos direitos vêem a luz do dia e obriga algumas empresas a cumprir o que foi prometido .
Se traz prejuízos ? Traz mas não devemos pensar só nos números : pensemos também na nossa dignidade e honra pois isso também nos ajuda a desempenhar melhor as nossas funções .

1 comentário:

  1. O interesse público também deve ser viável, contudo não deve ser boicotado, em se saber quais serão futuramente as condições laborais e empresariais.
    E se a greve foi uma grande e libertadora conquista de Abril - tomei parte nela antes -, conquistada a pulso e à custa de muitas vidas, devemos usá-la de modo que a opinião pública não fique atónita com o acontecido.

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