O que me enoja na violência não é a gradação da violência, é a
cobardia dessa atitude. A imagem de uma estalada captada em vídeo de
entretenimento de adolescentes, pode ser para mim tão degradante com uma
decapitação ao vivo. É uma decepção, um nó no estômago, uma vergonha, não de
mim, mas do outro que pensava ser humano como eu, e que afinal não passa de um
animal.
Para complicar o meu mal-estar, não encontro na natureza animais
que pratiquem a violência como exercício de prazer. Fico então com problemas para
dar um nome a estes seres, que se parecem humanos e não são, que se parecem
bichos, mas estes não os querem no seu convívio.
Melhor mesmo é nem lhes dar nome, acreditar que existem
aberrações, que estas não vingam na selecção natural das espécies, e que a
evolução – conceito em que acredito – vai no sentido da sublimação da matéria,
purificando-se até à subtileza do espírito, o grande processo alquímico da
energia.
Como para além destas minhas ingenuidades de sonhador também sou
realista, quero acreditar que estes fenómenos associais são devidamente
tratados e resolvidos por entidades e técnicos competentes, em tempo útil – já.
Falsos moralismos – conceitos perigosíssimos – podem aproveitar
a inacção das instituições competentes, para lançar mais desassossegos e medos
nas pessoas, oferecendo-lhes projectos de protecção a preços impraticáveis e
com juros altíssimos. Há por aí muita gente, ansiosa de um bom argumento para
nos limitar ainda mais a liberdade, sob o pretexto da segurança.
A violência é inata nos homens, mas o que nos faz realmente
humanos é a luta interna de cada um para limar essas arestas de imperfeição.
Tristes de tristes pais, os que alimentam em si e nos outros
essa deficiência: a primazia da força de um qualquer poder, através da coação,
da força bruta, da imposição da verdade absoluta de um punho fechado que bate e
magoa.
E o que doí mais, não é a dor do impacto de uma estalada, é a
repercussão infinda desse impacto que ecoa na cabeça do violentado.
Mas, aonde encontrar técnicos e onde existirão entidades suficientes para limarem tanta imperfeição humana?
ResponderEliminarComo de costume, uma forma apropriada de avaliar os problemas sociais. Isto é difícil de digerir, porque há uma confusão entre a liberdade e a libertinagem. As pessoas, algumas delas, nascem com maus instintos e a sociedade deve civilizá-las. Como não consegue corrigir a tempo os erros humanos, estas miseráveis situações sucedem. Repudio a malvadez que o vídeo testemunha, mas, infelizmente, algumas vezes, o ser humano tem este comportamento deplorável.
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