sexta-feira, 15 de maio de 2015

Mulheres que correm com os lobos




*Cristiane Lisita

                Clarissa Pinkola Estes em sua obra Mulheres que correm com os lobos (Rocco: 1999) escreve que: “(...) se precisarem, as mulheres pintarão céus azuis nas paredes da prisão. Se a meada se queimou, elas fiarão mais. Se a colheita estiver destruída, elas farão outra semeadura imediatamente. As mulheres desenharão portas onde não houver nenhuma. E elas as abrirão e passarão por essas portas para novos caminhos e novas vidas. Como a natureza selvagem persiste e triunfa, as mulheres persistem e triunfam”.

   
            Mulheres que arregaçam as mangas e não se permitem abater face às agruras, às desigualdades sociais. Em conformidade com as estatísticas do INE, as portuguesas, desde há muito, sofrem maiores privações que os homens, alcançando, em 2010, por exemplo, uma casa de 22,2% significando, todavia, um ameno decréscimo com relação ao ano anterior. A constatação é de que essas revelam taxas de atividade e de emprego mais baixas e de desemprego mais elevadas. Tão somente um quinto das mulheres empregadas está na condição de dirigente, segundo dados de 2015, levando em apreço cargos e funções de caráter intelectual e científico. Cresce o número de pessoas do sexo feminino com ensino superior e, igualmente, majora a quantidade sem escolaridade.


            O ganho médio mensal das mulheres era 79,6 % do valor médio dos homens. Em abril de 2011 esse valor encurtou para 77,6 %. A taxa de desemprego daquelas consistiu em 48,0%, do referido ano, computando uma população total das mesmas em 53,5%. Das 2,3 milhões de mulheres, diga-se que a maioria lavorava por conta de outrem (83,0%) e, nesse item, 89,1% a tempo integral. Outras 103,3 mil estavam em subempregos. E as mais jovens situando-se no quadro de desemprego de 13,1%.


            Registre-se que os homens tiveram seus salários, em 2011, entre 1 253,2 e 1 254 euros sendo que, em 2012, verificaram-se valores reduzidos: 1 229,3. No que tange às mulheres esses desníveis permaneceram acentuados com relação ao sexo masculino. Elas receberam, em 2011, importâncias compreendidas entre 973,0 e 989,0 euros. As remunerações correspondentes a 2012 foram de 966,5 até a cota máxima, em tal contexto, de 981,6 euros. Em 2013, incidiu entre 984,6 e 982,4 euros e em 2014, alcançou os reduzidos 978,2 euros.


            Mulheres portuguesas que correm com os lobos nas suas batalhas diárias, sejam quais forem. Elucidaria Clarissa Estes: “ela é a que gira como uma roda enorme. É a criadora dos ciclos. (...) Ela é tudo que nos mantém vivas quando achamos que chegamos ao fim. Ela é a geradora de acordos e ideias pequenas e incipientes. (...) Onde se pode encontrá-la? (...) desertos, bosques, oceanos, cidades, nos subúrbios e nos castelos. Ela vive entre rainhas, entre camponesas, na sala de reuniões, na fábrica, no presídio, na montanha da solidão. Ela vive no gueto, na universidade e nas ruas. Ela deixa pegadas para que possamos medir nosso tamanho. Ela deixa pegadas onde quer que haja uma única mulher que seja solo fértil.”.


*Cristiane Lisita (jornalista, advogada e escritora)




Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.