Histeria colectiva!
Não sou economista, não sou
gestora, menos ainda política; sou apenas uma profissional que tenta
multiplicar os seus rendimentos do trabalho, o que cada vez se torna mais
difícil...
Como ser pensante dei por mim há
pouco tempo em Lisboa, em plena Estação do Oriente, observando a fila de
formiguinhas (leia-se pessoas) que corriam para tentar apanhar os diversos
comboios de regresso a casa numa sexta-feira igual ao que julgo serem todas as
sextas-feiras na capital deste pequeno pais. Concluí que as segundas-feiras
também serão iguais e as terças e quartas e … por aí fora.
Mas o que me surpreendeu não foi
este bulício; em qualquer cidade deste país acontece um pouco disto. O que me
surpreendeu e deixou chocada, foi verificar que se concentram na capital todos
os dias, gentes oriundas do resto do país e que vão a Lisboa para reuniões
pontuais, ou por toda uma semana, regressando a casa no fim-de-semana.
Ou seja: sempre se disse que os
políticos e os artistas para fazerem carreira teriam que mudar-se para Lisboa!
Nesta altura qualquer “artista”
de uma qualquer profissão, por força da actual conjuntura deve estar preparado para marchar para Lisboa tão rapidamente quanto lhe ordene a
entidade patronal.
Significa isto que, para além das
empresas de viagem: aviões, autocarros, comboios, também os restaurantes,
hotéis, toda a restauração em geral, ficam a ganhar relativamente ao comércio e
serviços no resto do país.
Neste momento qualquer carruagem
de comboio, qualquer autocarro, qualquer avião é uma espécie de filial de
empresas sediadas em Lisboa.
Mas afinal ninguém faz contas? -
é mais barato pagar todas estas deslocações ou manter fisicamente as empresas nos
seus locais, usando as tecnologias tão vulgarizadas para estas reuniões
“urgentes” e presenciais?
Para além de todo o stress gerado,
cansaço físico que é contraproducente para os resultados a atingir.
Em qualquer workshop sobre estes
assuntos fica bem na fotografia apelar ao bom senso, defendendo a qualidade de
vida das pessoas que trabalham.
Depois, é injusto para o resto do
país porque uma boa parte dos salários de todos estes profissionais fica em
Lisboa.
Culpo as empresas que, dizendo
uma coisa e fazendo outra, centralizem desnecessariamente e com custos a todos
os níveis elevados, mas culpo ainda o poder politico pela inércia em corrigir
estes centralismos, eventualmente convenientes…
Assim até me parece inteligente
que se encerrem escolas, centros de saúde e tribunais no resto do país; afinal
tudo o que é importante passa-se em Lisboa. O zé de Lamego se quiser visitar a
prima em Lisboa, dificilmente arranjará um hotel na capital; até um lugarzinho
no comboio se não for com alguma antecedência e pela internet, mas como o Zé
percebe pouco disso, começa a tornar-se difícil.
Vivemos de virtualismos. O pé no
chão; o contacto com a realidade; a coragem de corrigir os erros; a vontade de
dignificar todo o país com as suas mais valias, sejam profissionais, empresas,
lazer, não existe!
Quando eu era muito pequena
dizia-se” Portugal é Lisboa, o resto é paisagem”, afinal o que mudou?
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