terça-feira, 1 de dezembro de 2015

NÃO TEMOS EMENDA

Com a participação de 140 chefes de Estado ou de Governo, decorre em Paris a 21ª Cimeira do Clima. Mesmo na melhor das hipóteses em relação a um possível bom acordo, evitar as alterações climáticas já não é possível. Elas estão aí com as suas nefastas consequências. Possível, seria, talvez contê-las. Na pior das hipóteses é que fique tudo mais ou menos na mesma. Ou seja, tal como após as outras 20. E sendo assim, as alterações vão acentuar-se e, muito mais grave que isso, outra das consequências da continuada alteração química da atmosfera iniciada com a Revolução Industrial e muito agravada nos últimos anos, é o degelo dos glaciares que fará subir o nível dos oceanos até 7 metros, com consequências inimagináveis, mas, decerto, absolutamente apocalípticas. Pois bem! Quem é que acredita na primeira hipótese? Quem é que acha que os maiores poluidores; EUA, China, Índia, Rússia, Brasil, etc, vão deixar de o ser? Quem é que acha que as poderosas multinacionais, que o sistema capitalista, cujos deus é o lucro, vão deixar de o adorar? E mais! Evidentemente que os grandes responsáveis pela emissão para a atmosfera de gases com efeito de estufa, da poluição de rios lagos e mares e pela destruição de florestas, são os poderosos. Mas não só! Tomemos como exemplo o nosso caso, que está longe de ser único, quem é que não reparou já nas toneladas de lixo que é atirado para todo o lado, nomeadamente para as bermas de estradas, nos milhões de beatas e outra lixarada que é depositada nas praias? Num raio de 500 metros da minha casa há 4 ecopontos e contentores para lixo doméstico. Pois bem, nestes, cai lá tudo: garrafas de vidro e de plástico, papéis, latas de tinta, tudo! E a minha zona não é exceção!A irresponsabilidade e a falta de civismo não devem ser muito diferentes no Seixal, em Bragança ou em Alguidares de Baixo. Diz Viriato Soromenho Marques no DN de hoje: “Os principais interessados no sucesso da Cimeira não estão na sala. São os nossos filhos e os nossos netos. (…) Em Paris não faltarão nem capital nem tecnologia para impedir o pior. O grande e invencível obstáculo é o déficit ético. Costuma ter, lamentavelmente, a última palavra”.
Quer dizer, a grande maioria ,quer lá saber da poluição, do futuro dos filhos, da Natureza, da ética! Portanto, meus amigos, o bicho homem não tem emenda. A concretizar-se a pior hipótese,depois, restarão poucos. E esses, invejarão os outros. E então, das duas uma: Ou finalmente ganham juízo e respeitarão a mãe Natureza e, se ainda for possível, tentarão reanimar este lindíssimo planeta, ou morrerão também. De tédio, de remorsos, de vergonha.
Francisco Ramalho

Corroios, 30 de Novembro de 2015

4 comentários:

  1. E o que se passa com a reciclagem doméstica? Pessoas muito bem apessoadas ou não deitam tudo no contentor do lixo, tendo ao lado os repartidores de lixo: para o PAPEL, para PLÁSTICOS E METAL, para VIDRO.
    É a estupidez colectiva no seu máximo esplendor.

    ResponderEliminar
  2. Também me referi a isso! Diz bem, amigo Amaral, " pessoas muito bem apessoadas". Se eu lhe contasse alguns casos... E são tantos!

    ResponderEliminar
  3. A natureza, a seu tempo, como sempre sucedeu, irá dar a resposta a estes problemas. Não esquecer que alguns dos desertos foram florestas e que onde hoje há zonas secas existiram rios. É bom que o pessoal se interesse por estes fenómenos que são incontroláveis, pois não consta que foram as indústrias poluidoras que contribuíram para as modificações que têm milhões de anos.

    ResponderEliminar
  4. Abunda a informação de como devemos proceder, mas a generalizada falta de civismo é que é o principal problema. Quando circulo na ecovia do lima, tropeço em todo o tipo de embalagens. E a pergunta que faço é que se enquanto as garrafas têm água, ou sumos, e os pacotes de leite, e chocolates, e bolachas podem ser transportados, quando estão vazios não será mais fácil fazê-lo até um recipiente próprio? Nalgumas aldeias, como a minha, chegou-se ao ponto de um presidente de Câmara, no caso Daniel Campelo, ameaçar despejar todo o lixo de um dia na Praça principal da vila para que todos vissem a salgalhada que as pessoas atiram para os contentores... No caso tratava-se de juntarem ao lixo doméstico restos de poda de árvores, videiras, etç.Este autarca, que é engenheiro agrónomo, foi ao preciosismo de enviar para cada casa informação de como poderiam ser aproveitados muitos restos para fertilizar as terras, que todos mais ou menos possuem, mas não creio que tenham sortido grande efeito os seus conselhos, tanto mais de atender quanto aqui, até agora, nunca se pagou taxa de recolha de lixo...

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.