quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

POESIA

QUEM ME DERA QUE EU FOSSE O PÓ DA ESTRADA

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando…

Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira…

Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo…

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse…

Antes isso do que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena…

Fernando Pessoa – O guardador de Rebanhos – (Alberto Caeiro), transcrito por

Amândio G. Martins

5 comentários:

  1. É um bom serviço prestado à causa da cultura o trazer à superfície a poesia do génio de Fernando Pessoa, esse homem, esse enigma. Parabéns!

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  2. Esse enigma, sim, senhor Tapadinhas, que tantas vezes me surge "masoquista"...

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  3. Não há necessidade de entrar no "campo" do masoquismo, apesar de nem sempre nos podermos controlar. As vicissitudes da vida que corre ao nosso redor chegam para nos castigar. É preciso viver na libertação permanente e não entrar no círculo do masoquismo. A vida é curta e por isso tem de ser aproveitada com muita dignidade.

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  4. Julgo não ter entendido... É que quem me surge masoquista é Fernando Pessoa, não o senhor Tapadinhas!

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