O homem deve viver o presente.
Conquanto viver o presente não implica a uma existência estática e sem
horizontes ou desenraizada do princípio ou meio donde proveio.
Viver o presente implica numa
problemática de passado e futuro, de tal forma, que viver é construir o amanhã
com novas experiências, sem esquecer aproveitar os ensinamentos benéficos que
nos legou o passado.
Está provado que só em sociedade
o homem pode subsistir e que quanto mais equitativa ela for, mais progressista
e humana será. Assim a actuação individual deve ter sempre em vista o bem comum
e não um capricho particular ou a satisfação narcísica do indivíduo.
Este ideal de sobrepor o
interesse do grupo aos interesses particulares, não procura despersonalizar o indivíduo,
mas interessá-lo nos problemas sociais que o cercam e delimitam, tornando-o
mais forte e responsável, para que não se sinta isolado num mundo cheio de
solicitações pecaminosas e destrutivas.
O homem encontra no grupo o apoio
que precisa para se realizar como elemento social útil e ao dar o seu
contributo está a realizar realizando-se. Toda a iniciativa presente deve ser
projectada num tempo futuro, pois se assim não for, podemos compará-la a um ovo
não fecundado que, comparado ao fecundado, tem o mesmo aspecto mas valor e duração
diferentes.
Os homens que lutam por amor ao
próximo têm uma mística diferente e muito própria. Não procuram honrarias
estéreis nem adulação das massas. Eles são conscientes da sua missão e não se
desvanecem. Sabem o preço da vida e querem pagá-lo. Não estão no mundo para se
servir mas para servir. São apenas homens, nada mais.
São lanternas indicando um novo
caminho, quantas vezes incompreendido, quantas vezes ridicularizado, mas sempre
o caminho por onde o Homem terá de passar.
A sociedade é vida e vida é
projecção no futuro, mas num futuro são, onde cada um se sinta seguro da sua
qualidade de elemento responsável, num trabalho conjunto que dignifique e seja
eficiente, dentro das naturais limitações de cada um.
O amor ao próximo, a
fraternidade, deve ser o esteio onde assentarão as relações entre os homens,
pois sem ele nada poderá ser justo, nada poderá ser humano. Confiemos numa nova
sociedade edificada sobre tão nobre alicerce, mas não fiquemos de braços
caídos, porque ela tem de feita por todos nós.
(Maio 72)
Joaquim Carreira Tapadinhas
- Montijo
Excelente reflexão Sr. Tapadinhas. Apenas discordo quando diz: "São apenas homens, nada mais". Diria antes que quanto mais o homem existir servindo, mais o é e se realiza como tal. E ser é tudo.
ResponderEliminarObrigado por ter lido e interpretado a minha reflexão sobre a existência do homem. Eu elevo o homem à criação mais perfeita da natureza e quando digo que somos apenas homens, quero dizer que não nos devemos considerar "deuses". Um abraço fraternal.
EliminarEm absoluto acordo.
EliminarEstou consigo, amigo Tapadinhas, bem como com todos os construtores do futuro.
ResponderEliminarUma reflexão actual, muito bem dita, e utilizando com uma ligeira modificação o comentário do José Amaral ( espero que me perdoe), "bem como todos os Arquitectos do Universo"
ResponderEliminarFelizmente que, neste espaço, os que escrevem superam em número aqueles que não fazem mais que expelir arrotos...
ResponderEliminarAmigo Tapadinhas, só agora li a sua extraordinária reflexão. Extraordinária, e humanística. O meu duplo aplauso. Por um lado, pela nobreza, por outro, pela importância, pelo destaque, que dá ao colectivo. E isto, em 72, era perigoso! Excelente! Parabéns!
ResponderEliminarApoiado
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