A comunicação social que domina o espaço das notícias
e comentários, em relação ao XIV Congresso da CGTP-IN, que decorreu a 14 e 15
de Fevereiro, no Seixal, não foi rigorosa nem isenta a informar das preocupações
e reivindicações dos trabalhadores portugueses, mas desviou a atenção para
factos laterais, do género de para onde vai e donde vem, respectivamente, o
anterior (Arménio Carlos) e a actual secretária-geral da central sindical
(Isabel Camarinha).
Foi, por exemplo, ignorada e escondida a denúncia, o
debate e as medidas aprovadas no Congresso, para combater os baixos salários,
como forma de combater a pobreza e de permitir mais justiça na distribuição da
riqueza nacional.
O salário mínimo devia ter, em 2020, o valor de 1137 euros, se
tivesse sido sempre actualizado desde a sua criação, em Maio de 1974 (3300
escudo), de acordo com a inflação e evolução da produtividade.
Em 1975, os rendimentos do trabalho eram 60,9% do Produto Interno
Bruto (PIB) e os rendimentos do capital 25,5%. Em 2018, apesar dum maior número
de trabalhadores, os rendimentos do trabalho representavam 44,6% do PIB e os do
capital 41,3%.
De acordo com informação do Banco de Portugal, em 2017, 10% das
famílias portuguesas, as mais ricas, detinham 53,9% da riqueza de todas as
famílias; enquanto 50%, detinham apenas 8,1% do total da riqueza. Esta desigualdade
tem evoluído em favor dos mais ricos.
Constata-se assim, e matematicamente, um grande agravamento da exploração
dos trabalhadores, através da política de direita praticada pelo poder político,
da responsabilidade do PS, PSD e CDS, em conluio e aliado ao patronato nacional
e multinacional.
O facto de Portugal entrar e fazer parte da
CEE/EU, há mais de 30 anos, apesar das promessas demagógicas de aproximação aos
salários dos trabalhadores de outros países europeus, tal não se verificou, a
começar pela vizinha Espanha, onde o salário mínimo em 2020 é de 1108 euros.
Mais de 25% dos trabalhadores
portugueses estavam em 2018 abrangidos pelo salário mínimo nacional (580
euros), sendo esta percentagem largamente ultrapassada em alguns sectores, como
por exemplo na hotelaria e turismo, onde é da ordem dos 40%, apesar do grande
crescimento deste sector e dos seus lucros. Na administração pública os trabalhadores
viram o seu poder de compra reduzido em 11,8% na última década
Os baixos salários provocam que cerca
de 10% dos trabalhadores portugueses estejam impossibilitados de ter uma vida
digna e se encontrem numa situação considerada de pobreza e exclusão social,
fazendo parte dos mais de 21% de portugueses nessa situação.
Governo do PS e patronato não
pretendem melhorar o rendimento dos trabalhadores portugueses e diminuir a
gritante injustiça na distribuição da riqueza. O governo do PS, para além de
decidir um insuficiente aumento do salário mínimo nacional em 2020 (635 euros),
prevê uma actualização salarial vergonhosa e inconcebível para os trabalhadores
da administração pública. Exemplo seguido pelo patronato na contratação
colectiva e nas empresas.
Perante esta realidade, a Carta
Reivindicativa do XIV Congresso da CGTP-IN afirma, nomeadamente: «Para a
CGTP-IN, os eixos centrais de uma política alternativa, para um Portugal com
Futuro, têm de assentar no emprego com direitos, no aumento geral dos salários
e na valorização do trabalho e dos trabalhadores, o que exige a ruptura com o
modelo de baixos salários, emprego precário e injustiça na distribuição da
riqueza».
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