sexta-feira, 27 de março de 2020

Já cá faltava


Ainda sem a memória de Jeroen Dijsselbloem se ter dissipado, eis que nos aparece mais um holandês poderoso, o primeiro-ministro Mark Rutte, a reboque do seu ministro das Finanças, Wopke Hoekstra, provavelmente portador da mesma “doença” do seu antecessor.
Mais uma vez, a Europa dos ricos e poderosos nos deixou pendurados. Depois de acalentarmos a esperança de que, mergulhados todos os países numa tragédia comum, que se prolongará por tempos indefinidos, a resposta fosse unânime e solidária, era “fatal” aparecer alguém que, do alto de pipas de dinheiro, decretasse a sua própria pureza imaculada versus o espírito de dissipação das gentes do Sul. Na sua obstinada recusa da mutualização da dívida, o Conselho Europeu desiludiu-nos mais uma vez. Para socializar, só interessam aos países renitentes os proveitos que, tão certo quanto o vírus que por aí anda, vão arrecadar à custa dos outros financeiramente mais débeis. Que boa seria a União Europeia se conseguisse alijar alguns anti-corpos que fingem não dar conta do grande negócio que é, para eles, serem parte desta “União”. Público - 28.03.2020 (expurgado do último período).

3 comentários:

  1. Eram 12:15 horas quando aqui vim para escrever sobre a Europa, mas... o José já se tinha antecipado em pré-visualização e esperei para vir agora, comentar. Aliás como era meu dever e, tenho a certeza, o José esperaria. E pouco ou nada mais tenho a acrescentar ao que ele já disse. Excepto,talvez, que ouvi do primeiro ministro português aquilo que nunca ouvi aquando da diatribe do outro ministro holandês, há uns anos atrás: que era nojento ( ou equivalente) o seu dito sobre Espanha! E talvez ainda que, depois de ler o texto de Rui Tavares , no PÚBLICO - "Com Alemanha ou sem, avancem para os eurobonds" - em que o artigo 20 do Tratado da União Europeia o permite, tal como o fez com o espaço Schengen, me encheu de ânimo. Pretendo "desculpar" o "holandês"? Nem pensar. O que eu sei é foram nove as assinaturas a pedir os "coronabonds" ( ácido mas feliz, o termo), entre as quais algumas de muito "peso". E, além disso, sou europeu por convicção e não vai ser um país ou um ministro que vai destruir o que penso ser uma excelente projecto no plano político, social e até ético ( cruzes, canhoto!...) que é o melhor espaço de civilização que no mundo existe... ainda.

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    1. Não é para o corrigir, mas o termo aplicado por António Costa foi "repugnante". Vai dar ao mesmo, aceito os dois. Tive a mesma sensação com a leitura do Rui Tavares. Aliás, se os holandeses (ou mesmo os alemães...) saíssem, a bem ou a mal, da UE, rapidamente sentiriam que eles próprios seriam os mais prejudicados, tanto mais que, ao contrário do Reino Unido, ainda tinham o efeito Euro para "descontar". Esperemos, pois, que não seja por causa de um (ou dois, ou três) "mísero e reles" ministro que a UE se desmorone. Mas o perigo está aí. Tem, com certeza, lido a europeísta Teresa de Sousa...

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  2. Indignado estava também o prof. de economia Javier Gimenez, habitual comentador da TV espanhola "La Sexta": Que se vayam del euro los que no quierem ayudar!

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