segunda-feira, 9 de março de 2020

Tenho medo


Também do coronavírus. Mas, sobretudo, do que a seguir a esta fase de “quase-pânico” se pode seguir. Alguém considerava, há poucas semanas, que fosse possível encerrar, em Itália (não na China), regiões inteiras, com efeitos directos na liberdade de um quarto dos cidadãos? Pois é uma realidade, e ninguém ousa levantar a menor contestação, apesar de nos considerarmos habitantes de um “mundo livre” em que, ao longo de séculos, a Humanidade tanto conseguiu progredir. A isto nos trouxe uma gripe que, como fiquei a saber pelo elucidativo artigo de Andrea Cunha Freitas, no PÚBLICO de domingo, não deixando de ser perigosa, sobretudo pela capacidade de propagação, tem antídoto possível, embora provisório. Pois claro que devemos fazer tudo para que a propagação seja coarctada, mas, entretanto, o que é preciso é que os serviços responsáveis se preparem para tratar dos doentes que aparecerem. Será mesmo preciso abafar a sociabilidade em geral e proibir a mobilidade? Tenhamos presente que a mortalidade da covid-19 não é catastrófica, que já existem antídotos (não pensados para o coronavírus actual, mas razoavelmente eficazes nesta fase), e que em breve se obterá cientificamente o remédio adequado. Após três meses de pandemia, o número de infectados em todo o Mundo não ultrapassa a assistência de dois estádios de futebol, e a mortalidade global não chega à lotação de um pavilhão de basquetebol. Aceites tão facilmente as medidas draconianas que impõem severas restrições às liberdades dos italianos, o caminho para um certo “totalitarismo” estará escancarado. Isso sim, mete-me muito medo.

2 comentários:

  1. Percebo o seu receio no plano teórico, mas (ainda?...) não estou no plano de "teoria de conspiração" e muito menos de pensar que, nessa "possibilidade", entrem a OMS e os diversos serviços de saúde nacionais...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não foi, nem é, minha intenção atribuir as culpas de toda a situação a uma qualquer “teoria da conspiração”. Tento analisar apenas os efeitos já no terreno, com uma possibilidade de propagação provavelmente maior ainda do que a do vírus, sem preocupações de saber se “alguém” os premeditou. Agora, veja que se as coisas já são assim sem um qualquer “mandante” na penumbra, como seriam se houvesse reais “agentes de conspiração”. Isto ainda me assusta mais...

      Eliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.