terça-feira, 31 de março de 2020


Rir com vontade de chorar...


Na “sabedoria” dos seus oitenta anos, que é nenhuma, o meu primo Dionísio, que  só tem atenções para a passarada engaiolada, um dia destes deixou-me sem resposta, quando caí na tentação de lhe dizer que fico encantado a ouvir as suas rolas, dado a minha casa distar apenas uns duzentos metros da dele, em linha recta; é que ele não perdeu a oportunidade para me questionar se ouço mais alguma, além das dele, que estou sempre a criticá-lo mas, se não as tivesse ali, já teriam sido mortas pelos caçadores, dado serem consideradas espécie cinegética, razão por que há muito não se ouvem por aqui rolas daquelas, ou muito raramente.

E sente-se tão “realizado” com os pássaros, que tem a quinta herdada da família a monte, com tudo a secar por falta de cultivo, e nem o pobre cachorro tem direito aos seus carinhos; o bicho anda tão stressado que, rosnando,  agarra com os dentes os calhaus multifacetados que o “dono” faz questão de lhe pôr à disposição e, em pouco tempo, transforma aquilo numa esfera perfeita, atirando repetidamente com eles para o pavimento empedrado.

Diz o coitado do velho que o cão faz aquilo porque é muito inteligente, que nunca tinha visto cão algum fazer igual; mas um dia destes consolei-me de o deixar embaraçado, coisa rara de acontecer, dado o seu “poder de encaixe”, quando o vi gabar os “feitos” do seu cão pastor, a um amigo que tem um da mesma raça e não se ficava atrás: concordei com eles, que os cães são animais inteligentes, dizendo os mais entendidos no assunto que alguns até são mais inteligentes que o próprio dono, ao que o meu primo respondeu, automaticamente: e o meu é um desses, pá! Claro, foi a hilaridade geral...


Amândio G. Martins

2 comentários:

  1. Dentro desse "rir com vontade de chorar", aqui vai uma brejeirice do "quarenteno". Contou-ma um amigo, há muito anos, como sendo verdadeira. Numa pequena localidade havia um daqueles clássicos "chatos" que, no café local, só incomodava os amigos nos seus pacíficos jogos de sueca e um dia lá veio com com uma pergunta: vocês connhecem o jogo da carriça? Perante o indiferença entediada dos outros, ele próprio deu a "resposta": eu dou o cu e vocês a piça. Eles nem o ouviram mas, volvidos uns segundos, o próprio exclamou: Oh, enganei-me!... E foi a gargalhada geral!

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  2. Um brasileiro diria: "puxa,cara, tá botando pa quebrá"...

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