Coitado de quem precisa desta justiça...
No “Miguel Strogoff”, de Júlio Verne, um jornalista francês,
que na Rússia czarista era correspondente de um jornal do seu país, contava a
um colega inglês do mesmo ofício - pessoa
quezilenta, que por qualquer aborrecimento ameaçava com um processo na Justiça
- a história de uma ama de leite que
tinha amamentado o filho de uma família rica, sem que esta cumprisse com o
respectivo pagamento, obrigando a ama a processar os caloteiros; quando
finalmente o seu caso foi tratado pelo tribunal, a “criança” já era capitão nos
“hussardos”.
E também foi assim o caso de uma empresa de Aveiro, que já
mantinha dívidas aos trabalhadores desde 1985, mas foi-se aguentando a “balões
de oxigénio” até 1995, altura em que faliu mesmo, deixando uma dívida aos empregados de 2,5 milhões de euros, entre salários e subsídios atrasados.
Diz a notícia do JN que só agora, e depois de duas condenações
no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, a Justiça portuguesa apresentou uma
solução, com o pagamento de uma indemnização a cada trabalhador lesado; todavia,
estes não receberão os montantes a que tinham direito, porque a verba
conseguida, depois da massa falida vendida, não é suficiente, sendo feito um
rateio proporcional ao valor dos respectivos créditos, segundo conta um
dirigente da União dos Sindicatos de Aveiro...
Amândio G. Martins
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